Procurava o tema para a crônica semanal, e a primeira percepção direcionava para uma breve reflexão sobre o que será da humanidade na fase pós COVID-19. Coincidentemente, chega um e-mail de um amigo no qual usava como assunto: ”Em Tempos de Pandemia”. E com muita felicidade reproduzia a bela composição musical de Lulu Santos e Nelson Motta, sob o título “Como Uma Onda”, tão oportuno quanto quase profético diante da realidade atual: “Nada do que foi será; de novo do jeito que já foi um dia”.
Pode parecer um devaneio fantasioso, que em meio a uma calamidade na plenitude de sua ação devastadora e morticida, cuja trajetória ainda tem um final desconhecido pela ciência, e a mente das pessoas está não somente angustiada com tantas mortes e sofrimento do presente, como já perplexa com o futuro a médio e longo prazo.
Essa é uma preocupação real pelo que se assiste de acentuada desestruturação em todos os sentidos, tanto no campo econômico com a liquidação de muitas empresas, como pelas incertezas que afetam um segmento elevadíssimo de desempregados. E olha que esse trágico número não atinge apenas o Brasil e países do Terceiro Mundo, mas potências econômicas como Estados Unidos e Rússia, onde milhões de operários estão à deriva. Em paralelo a essas perdas, existe a gravidade do desmonte psicológico inevitável sobre muitas vidas, conforme o grau de intensidade do sofrimento de cada um. Como bem a vida nos ensina: cada um sabe onde o sapato aperta.
As dúvidas quanto ao futuro são de tamanha dimensão, que até os videntes de plantão, acostumados a aparecerem na Televisão para as tradicionais previsões de tragédias mundiais e mortes de governantes, estão, como se diz popularmente, num silencio fúnebre.
O que agrava a situação em nosso país, é que assistimos inertes e impotentes à ocorrência de um mundo de controvérsias. Por exemplo: compramos respiradores da China, que não funcionam; com a dispensa de Licitação face o estado de calamidade, o superfaturamento e a corrupção voltaram à ativa em alguns Estados; ao invés de atuar como articulador entre os 27 Governadores, o Presidente age como desagregador; como demorou em baixar medidas protetoras, governadores e prefeitos baixaram Decretos e que foram ratificados pelo STF como válidos; troca um Ministro da Saúde atuante e competente, por um outro nomeado para lhe dizer “amém”; numa crise dessa magnitude, a verdade é que não temos um Presidente LÍDER, que esteja na coordenação das ações.
Num complemento negativo de tudo isso, o Presidente baixou um Decreto de liberação de academias, salões de beleza e barbearias, e o Ministro da Saúde, ao tomar conhecimento da novidade pelos repórteres, exibiu ao Brasil uma cara de marido traído! A sua fisionomia de decepção indicava que o cargo ficaria vago dias depois, após uma permanência de, apenas, 29 dias.
Triste, isso! Nunca vi, em toda a minha vida, um ato oficial tão irrelevante e sem sentido. A prova disso é que, por inócuo, um Decreto Federal está fadado a não ser cumprido… Deplorável!
Imaginar que o Presidente da República, como um Capitão do Exército está mais preocupado em receitar um medicamento (Hidroxicloroquina), em contraponto a todas as recomendações médicas e do seu próprio Ministro da Saúde, é de se concluir que estão certos Lulu Santos e Nelson Motta, ao completar que: “Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo”!
Presidente, acredito nas boas intenções do seu governo, mas, com imoderação e agressividade verbal não se coordena ações conjuntas em defesa da saúde e da economia do país. Recomendar o isolamento vertical seria a solução única, recolhendo ao desterro o público alvo (os idosos) e expondo a força ativa a todos os riscos de infecção e morte?
Por que não coordenar um trabalho conjunto com técnicos e Governadores a fim de encontrar uma solução coerente e equilibrada, para que a economia e saúde andem juntas? Basta lembrar do que disse o filósofo chinês Chuang-Tsé (Sec. IV a.C): “O plano de só uma pessoa pode ser incompleto; o de duas será melhor”.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/05/2019
15 Comentários
Com certeza como afirmou o biologo Átila Lamarino, a Pandemia da Covid-19 é um exemplo dos eventos apocalípticos que pode nos levar a extinção, se tinha uma apreensão em relação a armas de destruição em massa. No entanto, um inimigo invisível, foi capaz de fazer superpotência como os EUA, a cair de joelhos diante de um vírus desconhecido. Vocês podem assistir em : https://youtu.be/r9r_VwoZvho – (Uauá-BA).
Caríssimo Ir.’. AGENOR SANTOS, mais uma vez você demonstra a sensibilidade compreensível de uma situação caótica que assolou todo o quadrante de nosso País, como o VÍRUS DA CORRUPÇÃO que, por sinal, voltou junto com o vírus do CORONAVIRUS, infelizmente. Vários governantes, inclusive o daqui do Amazonas, que praticou indevidas compras superfaturadas aproveitando-se descaradamente para praticar a corrupção com ameaça de votarem pela sua saída e substituição. (Manaus-AM).
Parabéns companheiro Agenor! Realmente estamos em constante expectativa o que o nosso presidente vai aprontar! Em uma Pandemia o equilíbrio do Presidente da República faz a diferença! A esperança é o que nos resta! (Irecê-BA).
Preocupante o momento que estamos vivendo. (Irecê-BA).
Ô colega inteligente, admiração e carinho! (Salvador-BA).
Inicialmente gostaria, mais uma vez, de agradecer ao Irmão, por colocar sua inteligência ativa a serviço do entendimento dos fatos de vida, utilizando, para tanto, a técnica da boa e indiscutível clareza na escrita, envolvendo os aspectos da política brasileira, merecendo portanto nosso elogio e respeito, por nos presentear com essa crônica de elevado nível de pertinência. Desta vez, após muita relutância, gostaria de pedir a permissão ao Amigo e Irmão, para fazer um contraponto, dentro do legitimo exercício da democracia e do livre pensar, haja vista a nossa preocupação com parte da imprensa brasileira, que abdicou da imparcialidade no relato dos fatos, diferentemente do que faz o Irmão, para de forma tendenciosa e intencional provocar o desequilíbrio nos pratos na Balança da Justiça, permitindo, que mesmo à distância, um míope, sem óculos, possa enxergar o desnível entre eles. Estes, nessa condição, não mais se nivelam pela linha do horizonte, mas pela hipotenusa de um triangulo retângulo, em virtude de nele repousar interesses financeiros e pessoais, somados a uma forte tendência ideológica.
Temos consciência de exageros do nosso Presidente, que em nome de uma clareza de propósito, tem evitado o politicamente correto, gerando campo fértil para os oportunistas de plantão. Olhando a outra face da moeda, vemos alguns governadores e prefeitos, interessados na queda do governo, se comportando como verdadeiros ditadores ou donos de estados independentes, impondo ao povo, com extremo exagero, quase no limiar da ditadura, uso descabido de força policial, com maus tratos e algemas, contra o cidadão trabalhador, em boas condições de saúde, por simplesmente andar pelas ruas para ir à padaria e, ainda, há registro de casos do uso de caminhos tortuosos no trato com o dinheiro público, deixando marcantes rastros sinalizados por tinta fluorescente (visível também à noite) de que o vício da corrupção arraigada, já não mais suportava a abstinência por longo período e, com a decretação da pandemia, seria a grande e única oportunidade de trilhar por velhos e costumeiros descaminhos.
Finalmente, meu Irmão, quero deixar meu registro, a favor do Brasil, vestindo a camisa da Pátria Amada.
(Salvador-BA).
Excelente texto. Diante dessa situação apocalíptica que vivemos, lutando contra um vírus que não escolhe quem acomete e o vírus da ignorância que é vomitado pelo representante federal e multiplicado pelo seus seguidores. É como a música de Lulu ” a vida vem ondas”, nós estamos enfrentando dois tsunamis ao mesmo tempo. (Salvador-BA).
Por não ter a sabedoria de usar as palavras dos dois, Agenor e Apolinario, por isso faço minhas as palavras do irmão Apolinário! Saudade de vocês! (Salvador-BA).
Caro AGENOR, “NADA DO QUE FOI SERÁ”. Esta é a realidade. Em minha opinião jamais voltaremos ao que era no pré COVID-19. E mais, acho que a China tem muito a ver com isso. O tempo dirá. (Salvador-BA).
Bela reflexão amigo! Pura verdade. Estamos à deriva…? Grande abraço, e se cuidem!
Sua crônica da semana, como as demais, muito bem elaborada, leva-nos a algumas reflexões. Inicia com a inspiração de Lulu Santos e Nelson Mota, dois ícones do nosso “mundo musical”, trazendo-nos “Como uma Onda” no momentos em que nos vivemos toda a violenta turbulência da e uma gigantesca onda se “quebrando”. Permita-me comentar, sem o propósito de discordar, o conteúdo de dois parágrafos: 1) “… ao invés de atuar como articulador entre os 27 governadores, o Presidente age como desagregador;.. Será mesmo possível articular-se alguma agregação entre os 27 governadores? Quando você, um pouco acima, relata o superfaturamento e a costumeira prática de corrupção nos Estados, como agregar “corruptos?
Estamos Cansados de assistir a mais indecente forma de manutenção do poder. Vimos, em 2018, alguns dos atuais governadores colocando as duas primeiras sílabas do no do presidente “Bolso” aos seus nomes, em material de propaganda, conseguindo, com essa “artimanha”, eleger-se. Agora, esses mesmos governadores infernizam o governo Bolsonaro buscando, por todas as formas tirar-lhe a condição de governar. 2) … O Presidente baixou um Decreto de liberação de academias, salões de beleza e barbearias…” pergunto: será que o Ministro da saúde tivesse tomado conhecimento do Decreto em outras circunstâncias, teria feito “cara de marido traído”? Quem pode prever a reação de alguém, vivendo a pressão de estar à frente do ministério da saúde, num momento como este que estamos vivendo, ao saber pelos repórteres de um decreto como este? …Nunca vi, em toda a minha vida, um ato oficial tão irrelevante e sem sentido” Será mesmo tão irrelevante? Como pensam os milhares de profissionais dessa área que tiram do seu trabalho o sustento da família? Comungo com a sua crença nas boas intenções do governo Bolsonaro, sobretudo quanto a “quebrar” a arraigada e nociva prática do “toma lá dá cá”, responsável por manter no poder os corruptos ideólogos que estão destruindo o Brasil. Vendo assim, você pode pensar que sou o mais “roxo” admirador do Presidente. Não o sou. De tanto ver alguém levar “PORRADA” de todos os lados, principalmente da imprensa que não aceita que o governo deixe de aplicar bilhões em publicidade, vejo-me nop dever de sair em sua defesa.
Quando leio as realistas palavras do cronista sobre a situação do Brasil, começo a vaticinar sobre o futuro das instituições. E entendo que em breve se desmontará a República Federativa do Brasil, para se tornar a República dos Estados Unidos do Brasil. Como já fomos outrora até 1967.Com maior autonomia regional e total descentralização. Provocando atritos políticos extremos. Com a formação de blocos que se alternarão conforme a liderança política escolhida. Pois infelizmente não há mais consenso entre as diferentes realidades que o país apresenta. Principalmente políticas.E nada indica que existirá uma conciliação. Ainda mais com a intromissão indevida e desastrada do STF. Que concordou com esta divisão, autorizando bloqueios regionais a revelia da Constituição. E esta divisão continuará a ocorrer com este ou aquele presidente que seja eleito.Pois os anos de socialismo estabeleceram um estranho equilíbrio de forças, em que desde a constituição de 1988 praticamente apenas direitos foram proclamados, esquecendo os deveres. Assim, na atual crise, os estados e municípios exigem do governo federal a compensação por sua a queda de arrecadação, Apoiados por um congresso omisso e fisiológico, apenas preocupado com as próximas eleições municipais.. E isto revela que apenas os direitos são exigidos. E esquecem dos deveres, como redução de gastos, flexibilização e medidas públicas capazes de equilibrar o orçamento estadual ou municipal.Afinal, sabemos que dinheiro não se imprime. Se produz com trabalho e produção. Infelizmente a crise ainda não chegou. Ela vai chegar. O que temos agora é o triste e angustiante momento de uma doença que irá se encerrar. Mas que trará como legado, graças a todos os escalões da incompetente classe politica brasileira, uma profunda divisão no Brasil. Junto com a fome e o desemprego. Que provocará dor e desespero. FOZ DO IGUAÇU
Amigo Agenor, parabéns! A crônica de sua autoria, “NADA DO QUE FOI SERÁ”, apresenta título sugestivo, bem estrutura do ponto de vista gramatical, de fácil leitura, contextualizada, com visão interdisciplinar e global. (Salvador-BA).
Quando comecei a ler esta tua crônica percebi que, como era de se esperar, foste lúcido e polido, como fazes costumeiramente. Nunca se valeu tanto a máxima que condena nosso futuro à maior incerteza, embora muitos de nós busquem a coerência e prudência nos comportamentos e nas palavras mais francas, verbalizadas a quem nos permite falar. Nossa nação foi embaçada pelos ventos dos últimos anos. E foi por esta razão, e pelo discurso impregnado na campanha, que a maioria do povo elegeu Jair Messias Bolsonaro. Todavia, parece que um surto de poder o acometeu e segue conduzindo nosso país como se fosse o Professor Pardal – aquele personagem que cria uma invenção para cada problema, e que parece ter conhecimento amplo nos mais diversos campos das ciências, sem falar na ironia de que faz uso muito frequentemente.
Então, foi com esta visão que li teu texto e assim o compreendi. Não como uma ofensa rasa ao dirigente mor da nação.
Embora tenha a certeza de que esse Irmão recebe as críticas com naturalidade, convicto que és que cada cabeça é um universo todo particular e, muitas vezes, completamente estranho e diferente daquele que estamos acostumados a ver, solidarizo-me contigo pelas mensagens de alguns IIR.’..
O extremismo ainda assola o Brasil. Vivemos isto intensamente ao longo da campanha presidencial e ainda hoje. (Salvador-BA).
Oi amigo,
Li sua crônica e gostei da alusão feita à música do Lulu Santos. Não é uma onda no mar, mas uma grande onda fúnebre sobre toda a terra. Mas, como diz a própria música ” tudo passa, tudo sempre passará”
Confiemos. Deus está no comando. (Brasília-DF).