Pode repercutir de maneira estafante para quantos dedicam um pouco de tempo no acompanhamento dos acontecimentos políticos do cotidiano, o fato de não perceber um mínimo de amadurecimento nas atitudes dos principais personagens de todo esse processo, que continuam a vociferar palavras e expressões sem qualquer nexo ou sintonia com o nível exigido pelas altas funções que desempenham dentro do Estado brasileiro.
Obviamente que para o leitor atento não haveria a necessidade de explicitar sobre a quem o autor se refere. Mas, a omissão em fazê-lo poderia evidenciar uma intenção oculta de proteger a imagem de alguém – o que não é verdade -, principalmente quando se trata do Presidente da República e, às vezes, os seus próprios Ministros.
O tema pode parecer redundante, mas o faço com a autoridade de quem tem o direito e o dever de poder cobrar. Diria que, no conjunto da obra, ou seja, pelo encaminhamento de algumas medidas administrativas saneadoras, e a opção por protagonizar as Reformas da Previdência, Administrativa e Tributária, que outros tanto falaram num passado recente, mas não tiveram a coragem de concretizá-las quando estiveram no poder, esse governo estaria apto a desfrutar de referências e avaliações muito mais positivas, mesmo por parte da grande imprensa que lhe faz dura e diuturna oposição.
A liturgia natural do cargo de Estadista pressupõe uma postura de respeito e dignidade muitos níveis acima das qualidades naturais às pessoas comuns. Se o nosso Presidente assumiu, em nome da comunicação transparente, o compromisso de sempre se dirigir aos jornalistas postados à saída do Palácio e ali responder às muitas perguntas que lhe são feitas, não pode ser, jamais, agressivo e deselegante diante de qualquer tipo de pergunta, principalmente quando discrimina repórteres da Globo, Band e Folha de S. Paulo. O direito democrático de perguntar é assegurado a todos e assim é inconcebível ouvir o Presidente retaliar o repórter mandando-o “perguntar à sua mãe” ou usar o gesto torpe e popularesco de dar “bananas”! Não fosse a imagem da televisão a exibir tamanha estupidez, essas atitudes passadas à história não seriam admitidas por qualquer mortal. E tinha razão a Banda Legião Urbana quando lançou, em 1987, o seu grito através da música: “Que país é esse?”
Vivemos um tempo em que, justamente, muito se fala em Educação, em que vídeos são fartamente exibidos mostrando alunos agressivos destruindo os equipamentos nas salas de aula, desrespeitando professores com palavras e agressões físicas revoltantes. Diante desse cenário nas escolas atuais, é impossível de se imaginar um Presidente da República que não sabe até onde pode chegar o seu descontrole emocional, seja com palavras ou gestos impróprios! Partindo do pressuposto que na formação moral e cultural dos nossos jovens o exemplo se constitui em fator mais fundamental que a teoria dos ensinamentos, esse temperamento tem de mudar, urgentemente, ou teremos jovens adolescentes a distribuir “bananas” aos montões para professores, pais ou pessoas mais velhas, e a se defenderem com toda razão: “Se o Presidente pode dar “banana”, por que eu não?”. E quem haverá de questioná-los?
Mas, a ilustração do artigo, deixa uma enorme lição comportamental de cima para baixo, diga-se de passagem, de pai para filho, que deveria ser assimilada pelos atuais residentes do Planalto, se assim lhes convier.
A irreverência verbal chegou agora ao ápice, ao declarar durante visita nos EUA, de que tem provas de que houve fraude na sua eleição em 2018, pois já teria vencido o pleito no primeiro turno, e ainda completa afirmando que: “Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro”. Ora, diante de argumentos tão infecundos e inoportunos, diria que o Presidente está alimentando a oposição com a possível tese de que, se houve fraude eleitoral no 1º. Turno e o sistema foi o mesmo no 2º. Turno, então, não importa quem a produziu, o seu mandato é ilegal! Menos, Presidente!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do BB – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 15/03/2020
11 Comentários
Agenor, ao ler o editorial deste domingo, me senti muito bem representado por você, quando diz: “faço com a autoridade de quem tem o direito e o dever de poder cobrar”. Afinal, esta não é uma percepção apenas sua e minha e sim dos 55,13% dos brasileiros que depositaram o seu voto (conscientes ou por falta de opção – meu caso) em favor do Presidente da Republica.
Mais uma vez afirmo que votamos nele por isso. 1 ano e 3 meses sem um só caso de corrupção em um governo no Brasil o credencia por muito mais. Com relação a Presidentes com posturas temos exemplos de alguns de colarinhos engomados e que roubaram o Brasil descaradamente, no caso mais específico que êHC, Doutor em Sorbone, atos refinados e larápio de primeira. Vendeu o Brasil a preço de bananas, exemplo da Vale, engavetou todos os processos na Procuradoria Geral da República, além de implantar um projeto de socialismo bem próximo do comunismo no Brasil se aliando a um nem tão refinado que chamava cidadãos da localidade de Pelotas de viados, mulheres de seu partido sapatão de mulheres do grelo duro, apareceu por diversas vezes bêbado e mijado em público, fora que se tornou o maior ladrão político do mundo com uma extensa ficha criminal que deverá pegar mais de 100 anos de cadeia, claro que se seus cupinchas do STF e suas bancas deixarem pois enquanto tiver grana, e não é pouca, eles não o deserdarão. Quanto a essas mídias citadas é claríssimo estarem a serviço daqueles que querem o Brasil roubado. (Salvador-BA).
Literalmente dando bom-dia-a-cavalo… Ou, um pouco menos radical, “quem não sabe rezar… xinga Deus”. Bye bye liturgia do cargo !
Parabéns! Como sempre, excelente. (Brasília-DF).
Parabéns pelo comentário, grande Agenor. (Maracás-BA.
Parabéns meu amigo. A falta de respeito e o uso constante de palavras e gestos desrespei-tosos não coadunam com o cargo. (Salvador-BA).
Esse Presidente é um Cavalo. Dá coice para todo lado. Por tantos serviços que já prestou e continua prestando à humanidade, que me perdoem os Cavalos por essa injusta comparação!! (Salvador-BA).
Grande Cumpadi Agenor, vocë deveria está escrevendo para um grande jornal como: Folha ou o Globo. Suas crônicas são muito pertinentes e educativas. Valeu mais uma vez. (Serrinha-BA).
PARABÉNS, AMIGO! (Rio de Janeiro-RJ).
Mais uma vez você emite uma afirmação, que, sem dúvida nenhuma, está certíssimo. E, para dar mais ênfase a sua observação, ACRESCENTO O SEGUINTE: Quem ama não necessita usar a força como arma para as suas ações. Quem é amado ignora o poder e usa a liderança como imagem, para o mais virtuoso e sublime dos poderes: O AMOR! (Manaus-AM).
Concordando com a preocupação do comentarista, mas refletindo sobre a posição política atual, chego a conclusão que estamos em um impasse. Uma grande parte da sociedade, notadamente os com mais escolaridade, não acreditam mais no sistema político e acabaram encontrando no Presidente uma forma de exprimir seu descontamento. E avalizam a sua forma de expressão como um necessário posicionamento para determinar convicções. O fato é que mudou a linguagem, as manifestações pró-bolsonaro foram fortes neste domingo e a grande imprensa ainda não entendeu . FOZ DO IGUAÇU