Ainda que sejam abundantes os fatos e acontecimentos a oferecerem farto material para alimentar um tema semanal, optei por continuar pensando no novo ano e captar o que seria mais significativo a uma breve reflexão. Daí, surgiu no cenário mental a lembrança de que em outubro próximo o Sistema Democrático terá a oportunidade de ser reafirmado, com a realização das Eleições Municipais em 04 de outubro (1º. Turno) e em 25 do mesmo mês (2º. Turno), em todo o país. Será uma grande oportunidade para o eleitor que sempre clama por mudanças, de fazer prevalecer a sua eventual insatisfação.
Na ocasião, serão eleitos 5.571 Prefeitos, 5.571 Vice-Prefeitos – inclusive o Distrito Federal -, e cerca de 70.000 Vereadores. Parece pouco? Imagine, o caro leitor, o tamanho da estrutura que está por trás de tudo isso, a fim de fazer funcionar a máquina administrativa, tanto na dimensão dos recursos humanos como materiais! Considero muito oportuno o projeto do atual governo, encaminhado ao Congresso Nacional, para sustar a existência de municípios com até 5.000 habitantes que não demonstrem meios de sustentabilidade. Ora, essa falta de condições atinge centenas de outros municípios, até mesmo com população superior a esse número. Não obstante, considerando o interesse eleitoral dos Deputados e Senadores em 2022, não acredito na aprovação dessa medida, mesmo porque eles jamais vão de encontro aos próprios interesses.
A inspiração do tema logo foi associada a uma crônica de minha autoria, sob o título “A FASCINANTE ESPERA DAS ELEIÇÕES”, publicada em 28/08/2011, na qual enfatizei que a eleição municipal “mobiliza as populações, mexe com as emoções individuais, desperta sentimentos adormecidos e faz com que crianças e jovens, homens e mulheres, idosos ou não, despertem os seus neurônios para participarem de uma verdadeira catarse coletiva. Os que são de pouco falarem ao longo dos anos, nesse momento se tornam tagarelas e se incorporam às discussões como verdadeiros analistas políticos, traçando estratégias de como cada candidato deverá fazer para vencer”.
O pleito municipal é sempre esperado com muita ansiedade, porque existe uma consciência no eleitor quanto à importância do papel que desempenha na vida do seu município, e o quanto este representa como o seu universo e o objeto de suas preocupações diárias, às vezes não importando o que está acontecendo no seu Estado, no Brasil ou no Mundo. Além do mais, não se pode desprezar o grau de amizade ou parentesco com o candidato, o que estabelece um grande diferencial desta com as eleições estaduais e a nacional.
A Eleição Municipal tem outro grande poder de influência sobre o eleitor, ao fazer “transbordar os níveis de valorização da sua personalidade e elevar o seu ego às alturas. Nunca tanta gente o cumprimentou pelas ruas com tão forte aperto de mão, sorriso nos lábios, um abraço cheio de afeto e repetidos tapas nas costas! O seu voto o transformou numa pessoa muito especial e importante. […] Os componentes exigidos para uma melhor qualidade de vida, são carências que não mais lhe pertencem porque passam a ser problemas assumidos com uma carga de “incomensurável amor” pelos candidatos”!
Outro detalhe que impressiona é o nível de euforia do eleitor com a eleição no seu município, visto que não importa onde se encontra na ocasião do pleito, mas deixa tudo de lado para honrar o compromisso com a sua terra ou, quem sabe, pela necessidade de corresponder com o sentimento de apego partidário ou o vínculo da família a um determinado grupo político tradicional.
Por tudo isso, é inquestionável que a individualidade do eleitor merece todo o nosso respeito. Enfim, o candidato que souber ler a linguagem dos seus munícipes, este sim, certamente vai chegar em primeiro lugar quando as urnas forem abertas.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do BB – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 26/01/2020
10 Comentários
Muito bom!
Texto oportuno, atual e que desperta sentimentos dos dois lados da moeda…
Parabéns!
Carlinho Macedo
De forma resumida, muitos definem democracia (do grego demokratia) como sendo o governo do povo pelo povo.Mas o que me causa perplexidade, conforme os dados informados na crônica, é o tamanho desta máquina pública criada para exercer esta função.Pois mais parece o que chamamos um “cabide de empregos”. Inútil, desnecessário e ineficiente em muitos aspectos. E sinceramente acredito que, infelizmente, não temos uma democracia plena no país por um único motivo: somos dominados por uma burocracia estatal que suga recursos importantes dos tributos pagos pelos brasileiros.Para manter suas mordomias. E isto aumentou muito no chamado período democrático. Que alguns definem como governos socialistas. E quando vejo o atual governo tentando reduzir o estado, e um congresso retrógrado e um STF ideológico barrando medidas necessárias, me desanimo. Ainda mais por que muitos que se definem “democratas” criticam isto e apoiam esta estrutura estatal gigantesca. Principalmente na imprensa. E me pergunto: que democratas são estes? Para mim, a resposta é óbvia. FOZ DO IGUAÇU
Muito bem escrito, mas permita discordar sobre os tais anseios da população sobre as eleições. Antes de Bolsonaro víamos as pessoas que tinham conhecimento da podre política, mansas e cordeiras e, por outro lado, os pobres ignorantes onde alguns vendem seu voto por migalhas. (Salvador-BA).
Parabéns, Agenor Santos, pelo excelente texto. (Uauá-BA).
Amigo Agenor, digo que foi uma excelente reflexão. Obrigado. (Rio de Janeiro-RJ).
Artigo perfeito. (Uauá-BA).
Beleza amigo e irmão Agenor, pelo grande texto. (Maracás-BA).
Prezado Agenor: em todas as eleições, principalmente nas municipais, a compra/venda de votos ainda perdura, mesmo que tenha ocorrido redução, após a Lava-Jato etc. (Miguel Calmon-BA).
Grande Agenor, gostei, é por aí mesmo. (Salvador-BA).
Vamos pedir a Deus sabedoria para todos os eleitores para colocar no poder um representante com respeifo e amor no coração, que queira transformar o nosso País, começando cada um por seu município, melhorando as condições de vida de sua população local. (Salvador-BA).