A vida é plena de recordações de vários matizes, sendo umas boas, e que inspiram reflexões e lições positivas para os dias atuais e futuros; e outras, ruins, que não têm esse condão, mas deixam ensinamentos de como não repetir certas experiências nem no presente, nem no futuro. Essa verdade fez parte de uma bela marchinha do Carnaval de 1955, composição de Aldacir Louro, Aloízio Marins e Adolfo Macedo, com interpretação de Gilberto Alves: “Recordar é viver, eu ontem sonhei com você”. Por exemplo, sonhar com a (o) amada (o) é algo sempre muito bom! E aqui vamos até radicalizar: quem não sonha com a (o) amada (o) não a (o) ama de verdade…!!!
Qual leitor, mercê de tantos e tão grandiosos avanços tecnológicos, recheados de novidades que impressionam, não tem reservado no cantinho da sua memória algo muito especial de longos anos passados, quiçá dos tempos da infância? Quantas rodas de bate-papos são enriquecidas por essas lembranças, provocando sorrisos e emoções, quando não expressões saudosas do tipo: “aquele era um tempo bom”!
Estamos a poucos dias da realização do grande evento nacional, o Carnaval, festa que consagrou um conceito já permanente de que o país deixa de produzir entre 1º. de janeiro e a data anual carnavalesca. Daí que os compromissos, funcionamento de instituições e grandes decisões, são logicamente adiadas para depois do carnaval. Com quem for diferente, parabéns para você.
Vale ressaltar que não somente ocorre a falta de funcionalidade das coisas nesse período, como a cada ano ocorre um processo de alongamento da festa em número de dias. Antigamente era de sexta a terça-feira e agora, em Salvador, praticamente o Carnaval já começa desde dezembro quando se inicia a temporada de ensaios de verão das bandas e blocos, isso além das festas religiosas tradicionais de Santa Bárbara, da Conceição da Praia, da Procissão de Bom Jesus dos Navegantes, da Boa Viagem, da Lavagem do Bonfim e a Festa de Iemanjá, em dois de fevereiro que, em paralelo, tem o lado profano a se manifestar. Ou seja, o Carnaval ganha disparado para o Natal, não podemos fechar os olhos e dizer diferente.
Certamente que tantas atrações geram grande demanda turística e movimenta a economia pelo fortalecimento dos segmentos Hoteleiro, de Restaurantes e de Transportes. Para os turistas apaixonados por essas festas, principalmente o Carnaval, são muitas as recordações que levarão ao retornarem aos seus Estados e Países.
Mas, como o país não pode viver só de festas e de recordações, existe uma outra realidade que inquieta a todo o povo brasileiro: a prioridade na recuperação econômica, política e social do Brasil. Depois do profundo desgaste sofrido após a Operação Lava Jato exibir as entranhas da corrupção que se mantinham ocultas há décadas, com a coragem e a dignidade de condenar e prender empresários e autoridades dos mais altos níveis, como autores e coautores do maior assalto aos cofres públicos da História do Brasil, agora convivemos com uma orquestrada ação para desmoralizar e interromper esse trabalho. Nada mais evidente de que é um esquema montado de autodefesa de possíveis envolvidos!
Não obstante, a Nação não somente deseja a continuidade da Lava Jato, como tem pressa em ver aprovadas as Reformas Administrativa e Tributária, e por que não adicionar, também, a muito desejada Reforma Política, com a redução do absurdo número de Partidos Políticos (35, e estão criando mais!), redução do tamanho da Câmara de Deputados de 513 para o máximo de 250 Deputados, e do Senado Federal de 81 para o máximo de 54 Senadores, ou dois por Estado. Por oportuno, por que não pensar em acabar o cargo vitalício dos Ministros dos Tribunais Superiores, assim como mudar os critérios de escolha por indicação política? Vamos dar mais seriedade e honestidade a esse processo de formação da nossa alta Corte de Justiça?
Fica a esperança de que no futuro os nossos filhos e netos se orgulhem do Brasil da década de 2021 e assim possam ter a alegria de contar a história desse tempo, acrescentando, felizes, que RECORDAR É VIVER…!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do BB – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 19/01/2020
6 Comentários
Muito legal, meu caro Agenor
Recordar é viver e você mais uma vez foi muito feliz na escolha do título da crônica da semana, assim como habilidoso ao não deixar de listar nossos anseios para as mudanças de que tanto precisamos. Sonhamos em deixar um país melhor para a população que nos sucederá.
Apenas para recordar… Quando você menciona que “no Brasil as coisas importantes só iniciam após o carnaval”, me permita lembrar que, nosso calendário GREGORIANO foi promulgado pelo papa Gregório XIII, após 282 anos de convivência experimental com o Calendário JULIANO (instituído pelo papa Júlio César). No calendário Juliano, o ano tinha apenas 10 meses. Os meses de Janeiro e Fevereiro foram introduzidos pelos técnicos que criaram o calendário atual, que passou a vigorar somente em 15.10.1582.
Interessante que o decreto do papa ocorreu em 04.10.1582, numa 5ª feira e no dia seguinte já foi 15.10. Estes 10 dias foram para ajustar, porque no longo período experimental, 282 anos, houve a defasagem dos 10 dias. Mas voltando, o ano começava em março e terminava em dezembro. Os 60 dias entre dezembro e março, eram considerados período festivo pelo ano findo e pelo vindouro.
No “novo calendário” foram preservados os nomes dos meses. Observe que Setembro era o 7° mês, hoje é o 9°. Outubro o 8°, hoje o 10°. Novembro o 9º, hoje o 11° e Dezembro o 10°, hoje o 12º. No Brasil, ignora-se os dois primeiros meses e, na prática, vive-se como se o calendário atual não tivesse sido alterado de 10 para 12 meses.
Já ouvi de vários amigos: “Seria muito bom se os governos também não lembrassem de nos cobrar o IPTU, IPVA etc… fixados para o início do ano.
Afinal, festa é festa UAI“. É ou num é? (Belo Horizonte-MG).
Mais um texto bem escrito mas como ter fé em um país que continua sendo comandado por quadrilhas estabelecidas nas duas casas congressuais, no STF, no judiciário, enfim, por todos os estamentos da vida nacional? E que – pelos fatos – tudo fazem para não deixar os presidentes governarem o país? Só podem governar negociando e entregando o país às mesmas aves de rapina de sempre?
E pelos fatos, absurdos, criminosos e sempre crescentes, não podemos ter mais nenhum resquício de fé no futuro do país que, desde sempre, é um dos mais injustos, indecentes, cruéis e imorais do mundo? Enfim, fatos são fatos! E diz o velho adágio: “Contra fatos, não há argumentos.
Meus pais me ensinaram a ser realista. Nem pessimista e tampouco otimista. Como sabiamente diz a velha sentença: “Nem tanto ao mar e nem tanto à terra.” (Brasília-DF).
Realmente, nesta crônica “RECORDAR É VIVER…”, é uma lição de vida, e o melhor, quando envolve momentos vividos com a nossa amada que se torna indelével e se transforma em momentos perenes. Toda vez que um dos dois adoece, vem logo o pensamento desses bons momentos para aliviar a dor que invade o nosso coração. (Manaus-AM).
Como sempre o cronista nos brinda com uma visão pragmática e efetiva sobre os fatos da política brasileira. Mas hoje nos trouxe uma relação do nosso cotidiano com nossas esperanças nesta década que iniciará. Que também espero que seja muito mais do uma era de estabilidade econômica trazendo paz e tranquilidade ao nosso Brasil.Tão assombrado por diferenças e embates. Mas que mantém a união por sermos um povo com espírito fraternal e compreensão.Talvez pelo nosso belíssimo caldeirão multicultural. Precisamos de melhores representantes em nosso congresso. E uma imprensa menos ideológica. O resto os brasileiros se encarregam de ajustar. FOZ DO IGUAÇU
Sempre na esperança de viver para recordar dos momentos de hoje com orgulho, e poder contar para as gerações futuras como foi a transição que transformou nosso País.
Texto muitíssimo rico!
Parabéns ao blog e ao escritor!
Notícia São Paulo – Carlinho Macedo