Recordo um hábito interessante que tinha o bom “ACORDADINHO” – articulista deste Blog que anda meio sumido -, e que tinha como estilo oferecer o significado de certas palavras para melhor compreensão do leitor e dar a largada no texto. Assim, imitando essa boa prática, diria que: “LARANJA – é uma fruta cítrica com sabor variando do doce para o levemente azedo […] É rica em vitamina C”. Essa fruta, de extraordinário sabor, representa um componente de grande potencial, tanto no mercado interno, como de exportação.
Não obstante o valor intrínseco que a fruta representa para a sociedade, de repente o universo político-policial interfere no sentido etimológico da palavra e passa a utilizar o termo LARANJA para definir várias vertentes de ações criminosas, sempre com a “prática de ilícitos na utilização fraudulenta de interpostas pessoas visando à ocultação do real sujeito da relação jurídica tributária, patrimonial, financeira ou comercial, a exemplo da lavagem de dinheiro e do desvio de recursos públicos”.
Não existe consenso de quando tudo isso começou, principalmente quanto ao uso do jargão “laranja”, mas vale recordar pelo menos duas definições:
- A hipótese de que da laranja – fruta –, após o consumo, sobra apenas o bagaço, ou o resíduo da fruta. A associação, nesse caso, seria pelo fato de o verdadeiro beneficiário do dinheiro ilícito extrair tudo do “laranja”;
- Agentes da lei chamavam de “laranjas” os criminosos que eram presos pois, após uma “espremida”, eles entregavam seus companheiros.
Ambas podem ser verdadeiras, mas me parece que a última reflete uma verdade especial, pois todos os escândalos quando tornados públicos, revelam exatamente que alguém não resistiu à “espremida” dos investigadores. Mesmo assim, acho que a laranja, uma fruta saborosa e tão nutritiva, não merecia estar incluída nessas conjecturas com pessoas tão inescrupulosas! Sinceramente, não combina.
O governo atual, ainda que impregnado de muitas deficiências, tem assumido certa postura na adoção de algumas providências e encaminhamentos administrativos que outros não tiveram a coragem de fazer, embora fossem itens integrantes de um discurso ideológico enganador. Por esse motivo, entendo que a confiança e a esperança devem perdurar, sempre amparadas na perspectiva de que a superação possa vencer a imaturidade de algumas atitudes inadequadas do grupo, por vezes beirando as raias do amadorismo, infelizmente!
Já persiste de algum tempo, a acusação de que o Partido base do governo, o PSL, prevaricou na utilização de candidatos ou candidatas “laranjas” nas últimas eleições, como forma de desviar recursos do Fundo Partidário, talvez para garantir a eleição dos cabeças do Partido, situação que já envolve o nome de um Ministro do Governo. O gigantismo que se apossou do nanico PSL está conduzindo-o a deploráveis níveis na falta de respeito, quebra da dignidade e falta de ética, ao ponto do seu líder na Câmara de Deputados, o Dep. Delegado Valdir (GO), declarar que vai “implodir” o Presidente da República, além de chamá-lo de “vagabundo”, num linguajar impensável até na mais vil republiqueta! Queiram ou não os 53 Deputados Federais e 4 Senadores eleitos pelo Partido, devem a expressiva votação que tiveram à presença do Bolsonaro no Partido, ou não existiriam. Vale reconhecer, também, a falta de habilidade política dos Bolsonaro’s na gestão dos problemas partidários. E aqui cabe lembrar um ditado popular, pleno de verdade: “quem nunca comeu melado quando come se lambuza”.
Do outro lado dessa insana e imatura convivência partidária, aparece novamente o Carlos Bolsonaro dizendo bobagens no Twitter, representando o seu pai e Presidente, para logo em seguida pedir desculpas e retificar as bobagens publicadas. Encontro uma solução muito simples para todo esse desarranjo linguístico desses integrantes do PSL. Permanecendo na legenda ou partindo para a criação de uma nova, quero contribuir com uma simples sugestão para uma nova sigla: PSCL-PARTIDO DOS SEM CONTROLE NA LÍNGUA! Resta saber se o TSE aceitaria registrar essa sigla chula…
Como na identificação do sabor da fruta laranja observa-se que nela tanto convive o lado doce como o azedo, está bem adequado e propício se afirmar que o PSL, como está (assunto do momento), mais parece UM LARANJAL BEM IRRIGADO, onde existem frutos bons e ruins. E o “C” que deveria ser de vitamina, está sendo da mais pura Corrupção.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 20/10/2019
9 Comentários
Caro poeta,
Laranja – fruta/bagaço, ou espremida/delação – seja como for empregado o termo, deve causar enorme desgosto aos produtores da vitaminada iguaria, pelo mau uso da similar. Tivesse sido patenteado o termo…
Nada obstante, tenho pra mim que, um presidente com filhos que tais; um partido com componentes do quilate desse, presidido por um sujeito como o ora desafeto do primeiro mandatário – nem precisaria de adversários e/ou inimigos políticos externos.
O nível dos deslizes de toda sorte observado, quais sejam as incontinências verbais antes quase exclusividade do Ciro; as trapalhadas quase cotidianas observadas nos diversos pronunciamentos – de câmara municipal à legislativa, indo até à conta pessoal do Presidente da República… sinceramente. Contado, ninguém acredita!
Li alguma coisa dizendo que a maior bênção que poderia acontecer ao atual Presidente seria uma embaixada para cada um de seus três filhos – de sorte a espalhar a ninhada nos quatro cantos do mundo (nesse caso, em apenas três dos cantos). Isso lhe daria um alívio imenso e talvez até condições de governabilidade/paz social no âmbito de nossa decadente República. Parabéns pelo texto. (Salvador-BA).
Inicialmente manifesto minha concordância com você, Agenor, que estamos sentindo falta do articulista Acord@dinho e suas crônicas sempre criativas. E quanto ao tema deste artigo , trata-se de uma analogia perfeita sobre uma realidade preocupante.A de que temos uma excelente equipe econômica e ministros técnicos que sejam capazes de realizar as reformas que o país precisa, e do outro lado articulações encobertas por atitudes lamentáveis de políticos que sob o manto de proteção aos chamados “direitos” ou defesa de interesses partidários criaram uma verdadeira guerra ao perceberem que estão perdendo o controle que sempre exerceram sobre o Brasil para esta elite técnica. Que tem o apoio de um presidente que pretende ser lembrado como o articulador destas reformas. Infelizmente até mesmo pessoas próximas acabam prejudicando isto. Mas confio que tudo se acomodará e acabaremos entrando em uma nova era. Separando as “laranjas podres” para que possamos ter uma ótima colheita na modernidade que aguardamos. FOZ DO IGUAÇU
Perfeito!
Infelizmente é a realidade. Todos nós torcemos que no final a melhoria virá. (Camamu-BA).
Muito bom! Texto excelente! Gostei muito. (Salvador-BA).
Podem falar o que quiser mas continuo com o meu Presidente. Qualquer atitude ao contrário do que foi feito eu teria sido o primeiro a deixá-lo. Parabéns Bolsonaro!
Em uma só porrada o Presidente tirou a máscara de todos. Um episódio perfeito para uma faxina geral. Agora ele sabe com quem pode contar nesse mar de lama. Miseráveis!
Triste e torpe a forma como a política vem sendo conduzida no país. É daí para pior. (Salvador-BA).
Muito esclarecedor e fruto de um pensamento crítico apurado. (Salvador-Ba).
Caro Agenor, após ler o seu abalizado editorial desta semana com o titilo “Um Laranjal Bem Irrigado” e, comparando com tudo que vivenciei nos últimos dias, diria que a laranja que você se refere é uma fruta cítrica, com predominante azedo, a ponto de causar má digestão em qualquer um dos acusadores, ficando evidente que, com a disposição iminente de embates que o partido, o presidente e seus asseclas travarão entre si, temo que em pouco tempo, não sobre nem se quer o bagaço da pseuda fruta, por mais bem irrigada que ela tenha sido.
Dei boas risadas! Um texto alegre dentro de um assunto intrincado.
Perdi o controle sobre mim para avaliar o governo. E, não pretendia porque sonhava, mas quero ficar longe desses caras que aí estão nesse circo familiar. (Salvador-BA).