A vida reserva as mais diferentes e, às vezes, inimagináveis surpresas para as pessoas. Diante dessas possibilidades, muitas coisas seriam evitadas e palavras não seriam ditas, uma vez que poderiam negar a legitimidade de certas convicções, e exibir a fragilidade de certos conceitos ideológicos. Notadamente no campo político, via de regra, essas alternâncias são frequentes e obedecem ao ciclo da maré das conveniências e interesses. Por exemplo, esse enfoque nos remete à reflexão de que existe algo contraditório no discurso atual do PT, se comparado ao discurso original do seu inspirador e fundador. Hoje insistem com grande ênfase de que o atual governo, pela origem militar do Presidente e a participação na equipe de inúmeros militares, põe o país em risco de volta à ditadura. E a todo momento se reportam ao período militar.
Ocorre que, já faz algum tempo, tem circulado um vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nunca contestado, no qual existem diversas entrevistas a televisões, onde rasga declarações elogiosas ao desenvolvimento econômico durante os governos militares, dando realce ao General Médici que na visão do líder petista seria eleito pelo povo se se submetesse a uma eleição, tal a aprovação que desfrutava! Vejamos algumas frases ditas pelo líder, fundador do PT:
- “Um paradoxo que possivelmente a esquerda não tenha compreendido no Brasil. É que o Médici, que foi o Presidente mais duro do regime militar, possivelmente era o mais popular. […] “É porque, nos anos 70, era o auge do Milagre Brasileiro!”
- “Emprego era uma loucura, uma loucura! Os trabalhadores estavam na porta da Volkswagen procurando emprego, passava ônibus de outra empresa convidando eles para ir para a outra empresa para ganhar mais”.
- “Por isso, é com muito orgulho que as pessoas, de vez em quando, falam: Lula defende, elogia Geisel, elogia não sei das quantas… veja a contradição Requião, um dos presidentes que permitiu que a gente vivesse o momento político mais crítico da história do país, o presidente Médici, foi o homem que assinou a EMBRAPA e ITAIPU, numa demonstração de que os últimos gestos que as pessoas fizeram permitiram que o Brasil encontrasse o seu rumo”.
- “Cada um de nós será julgado um dia por aquilo que fizemos ou que deixamos de fazer!”
Acho que basta! Incrível essa admiração do Lula pelos presidentes do Regime Militar. E o mais impressionante: Não falou em Ditadura em nenhum momento! E numa análise mais fria, não recordo de ter ouvido dos simpatizantes do regime militar palavras tão eloquentes quão generosas na exaltação de um modelo de governança militar, o que reforça o conceito do ditado popular: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço“. Reverência de tal dimensão poderia ser esperada de qualquer outro líder político ou sindicalista, nunca do Lula! Tenho certeza de que o leitor que não o acompanhou ao longo desses anos ou não teve acesso a essas manifestações, custará a acreditar que seja verdade. Vale lembrar que naquele tempo não se falava em “Fake News”!
Não tenho a intenção de exercer qualquer carga contra o Lula, o qual já está pagando a sua parte pelos pecados cometidos, e que teima em dizer que nada fez. Mas não custa despertar a memória adormecida dos que o idolatram, bem como lembrar-lhes de que o ditado popular acima bem se ajustaria a ser uma frase por ele pensada em algum momento, e que o Brasil agradeceria se o seu conselho fosse assimilado pelos que o acompanham: FAÇAM O QUE EU DIGO, MAS… NÃO FAÇAM O QUE EU FAÇO! Para os bons entendedores, esse artigo basta.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 16/06/2019
5 Comentários
Realmente, Agenor, uma das características da esquerda brasileira é esquecer os fatos e distorcer a história. Mas este interessante relato que você nos trouxe comprova que todo o discurso que vemos referindo-se a ditaduras, fascismo e outros estereótipos atribuídos aqueles que não comungam a tese socialista são manifestações partidárias extremadas e que atualmente beiram ao desespero por verem sua ideologia refutada por grande parte da sociedade. Estamos em um renascer político. E toda renovação é salutar. FOZ DO IGUAÇU
Mais uma vez você, com maestria, focaliza o paradoxo com que o ex-presidente LULA, compreendia os efeitos quando se reportava aos momentos do período militar. Também se reporta ao termo que naquele tempo não se falava em “Fake News”, porque o termo usado era mais contundente, fato produzido por EMBUSTEIRO, que na verdade, hoje concluímos que tudo era feito com a consciência MENTIROSA, haja vista, que a maioria dos seus ministros e correligionários está cumprindo o tempo de prisão, inclusive, o próprio ex-presidente, o chefe do BANDO. Incrível, né! (Manaus-AM).
Bem lembrado Agenor, boa crônica. Mais uma vez, vou recomendá-lo para a ABL (Camamu-BA).
Pura verdade meu irmão! Parabéns! Isso é que chamo de lucidez! (Salvador-BA).
Parabéns meu amigo pelo seu artigo. (Salvador-BA).