Têm sido fartos os motivos graciosamente oferecidos pelo governo para que mesmo os que nele votaram, e continuam confiantes, expressem as suas inquietações diante da insegurança de tantas frágeis decisões, ao ponto de alguns insinuarem, o que é verdade, que vem acontecendo “o recuo do recuo”, o que significa dizer que até após recuar de uma decisão, ainda há incertezas! Isso para não falar da escassa habilidade para manter o bom relacionamento político entre eles, e assim conquistar o apoio parlamentar indispensável à aprovação das reformas desejadas. Quem estiver pensando que vai ganhar apenas no GRITO, está muitíssimo enganado, principalmente nos dias atuais, onde o diálogo tem que ser esgotado até a última gota.
Está difícil de compreender – e parece que a culpa não é só do governo -, a quantidade de picuinhas diárias que surgem nas relações do Presidente da Câmara Rodrigo Maia e o Presidente Bolsonaro. Quase sempre após um café da manhã, almoço ou jantar de reaproximação entre eles, saem distribuindo entrevistas às televisões enaltecendo que tudo agora é “paz e amor”, mas, logo depois, tudo se desfaz. Esse clima desestabiliza e retarda o debate, prejudicando o país.
É notório, também, que falta aos ocupantes do novo governo a percepção estratégica de que está oferecendo aos derrotados da última eleição, todos os ingredientes de que necessitam para uma sobrevida política, a ponto de os discursos já começarem a conter as teses da possibilidade de renúncia e impeachment! E o que é mais grave é que já circula no Congresso rumores da intenção de alguns de apresentar PEC-Projeto de Emenda Constitucional que exclua a possibilidade de o Vice-Presidente eleito pelo voto popular vir a substituir ao Presidente numa eventual vacância do cargo! Para que o cargo de Vice, então? Um absurdo inominável!
Ora, será que entendi bem, ou o propalado GOLPE que tirou a Dilma do Poder, a esta altura passou a ser um instrumento democrático para defenestrar dos cargos o Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão? Creio que a ojeriza ao Vice seria em decorrência de sua origem militar, porque, sem qualquer dúvida, ele tem se qualificado como o único Vice-Presidente ativo e nada apático, que se movimenta em visitas internacionais de negócios para o país, a exemplo da atração de investidores chineses na última semana.
Quão bom seria se ao invés de filigranas improdutivas, os nossos políticos assumissem, quem sabe, uma postura de união em defesa de uma pauta positiva de ações voltadas ao interesse econômico e social do país e do seu povo, dando as mãos colaborativas àqueles que têm o exercício eventual do poder de executá-las! Ao mesmo tempo, como parlamentares eleitos e com a missão de agentes fiscalizadores, além de legisladores, se unissem no combate aos desvios e irregularidades com frequência cometidos, de maneira a honrar a classe política. Certamente que alguém dirá que essa concepção não passa de sonho ou breve devaneio, porque é grande o volume de vaidades, egoísmos e ânsia de poder em todas as frentes. Realidade impensável de se concretizar, concordo! Em outras palavras, seria pedir muito? Afinal, deveria ser uma obrigação desses senhores e senhoras, que todos os meses colocam as duas mãos em nossos bolsos e levam os seus altíssimos salários…
Exceto onde as democracias já estão historicamente consolidadas, nos países apenas emergentes as disputas internas pelo domínio do poder são os fatores fundamentais no processo de retardar o desenvolvimento, promover o atraso cultural e estimular os desequilíbrios sociais.
Melhor seria se todos os personagens responsáveis pelo comando deste país, do alto dos seus erros e acertos, avanços e recuos, pudessem, em um minuto de sabedoria, assimilar o sábio pensamento expresso pela poetisa chilena, Gabriela Mistral (pseudônimo), quando disse: “Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada RECUO um ponto de partida para um novo AVANÇO”.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 26/05/2019
9 Comentários
Pena que este sábio escritor e valoroso cidadão não candidata a algum cargo para ganhar o nosso voto. (Feira de Santana-BA).
Sempre você surpreende com uma análise perfeita em relação às filigranas improdutivas que os nossos políticos não assumem e que poderiam assumir uma postura de união em defesa de uma pauta positiva de ações voltadas aos interesses econômicos e sociais em favor do povo e do nosso país. E finaliza que todos os personagens responsáveis pelo comando do nosso Brasil, se inspirassem em um minuto de sabedoria relativo ao pensamento sábio da poetisa chilena, quando disse “Dai-nos Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada RECUO UM PONTO DE PARTIDA PARA UM NOVO AVANÇO”. (Manaus-AM).
Sua crônica nos permite, como sempre, vislumbrar que o avanço de que nosso Grande Brasil precisa encontra eco no recuo promovido por 57 milhões de brasileiros, onde não pode mais prosperar a impunidade e ações politicamente correta – estarei na rua amanhã para levar meu apoio ao PATRIOTA inconsequente, mas que busca colocar o Brasil acima de todos. E que boa parte da classe política continua a remar contra a maré do interesse da população. (Salvador-BA).
A frase final da crônica expressa o bom senso que deve existir nas relações humanas. Realmente, Agenor, está faltando um comportamento adequado das autoridades. Da atual equipe governamental, que pretende,demonstrando boa vontade, implantar rapidamente e sem negociação as correções na gestão pública do país, e de um congresso fisiologista e ainda dominado pelo desejo de um novo mensalão que não aceita a correção dos rumos do país. Deveria existir mais negociação, convencimento e boa vontade. FOZ DO IGUAÇU
O Sr. raciocina como um homem de bem e o que diz seria válido a estes, mas no nosso Congresso, infelizmente, uma boa parte não é sensibilizada por estes valores, os deles são outros, não tão nobres, mais de natureza pessoal e material. Quanto a esta ‘articulação’ tão exigida do presidente, não concordo, é uma falácia. Os poderes são autônomos e independentes e todos sabem de sua responsabilidade com o país. Os projetos foram enviados ao Congresso, e o que os parlamentares têm a fazer é estudá-los, alterá-los se for o caso e votá-los e quanto ao entendimento dos projetos, os ministros e suas equipes estão a toda solicitação presentes nas comissões do parlamento para tirarem todas as dúvidas. Parlamentar algum pode dar o seu voto favorável exigindo reciprocidade do governo, seja de recursos liberados de emendas (hoje obrigatória a liberação) ou cargos. É esta a ‘articulação’ que eles demandam e que nós que elegemos o presidente queremos ver banida da prática política. (Curitiba-PR).
Muito boa, Agenor.
Parabéns Agenor pelo texto de excelência explicação, eles deviam legislar para o povo e não em seu próprio interesse. (Salvador-BA).
Essa crônica espelha uma constatação dramática neste governo, caro Agenor, que é a nossa falta de confiança nele, algo de que estamos precisando muito para darmos a “volta por cima”, tão necessária nesse momento. Disse tudo muito bem. Parabéns pela visão precisa. (Salvador-BA).
Fantásticas suas colocações! São poucas as pessoas que tem a sabedoria de saber recuar para depois avançar . Essa virtude na área política então inexiste porque a soberba e o orgulho dominam as atitudes independente do que vai trazer de malefícios para a população. Triste destino eles estão traçando para si próprios! Enquanto isso, pagamos as contas…