O tema desta semana não poderia ser outro, diante da indignação que me provocou as palavras do Ministro da Educação – Educação?! – na entrevista às Páginas Amarelas, da Revista VEJA, desta semana. Estranhamente as arrojadas diatribes ditas por ele, espontaneamente, não repercutiu na imprensa em geral como seria de imaginar, até por parte daqueles que estão se apegando a mínimos detalhes para exacerbar ataques ao governo. Difícil não afirmar que foram deselegantes, estúpidas, infelizes e inadequadas as suas palavras, na condição que hoje se encontra como responsável pelo Ministério que cuidará da Educação no País: “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”.
Ainda que práticas e atitudes erradas existam no comportamento de certos indivíduos por falhas na formação educacional, seja de origem escolar ou doméstica, essas máculas tristes não podem ser expostas de maneira genérica, atingindo o caráter e o sentimento de todo o povo brasileiro. Aliás, o Sr. Ministro, de origem colombiana e, portanto, conhecedor de que esses defeitos por ele citados são comuns na formação da cultura latina, deveria ter tido um mínimo de respeito ao País que o acolheu com carinho e o adotou com a naturalização brasileira (1997).
Por exemplo, um dos defeitos comuns na gente brasileira que se acerca ao Poder, é o apego à deprimente subserviência e à adulação aos superiores. Pelo visto, a vacina que ele utilizou foi inócua, porque bastou o Sr. Ricardo Vélez Rodriguez assumir a nossa cidadania e já foi contaminado por esses desvios de comportamento. Indicado para o cargo pelo Sr. Olavo Carvalho, loquaz filósofo e orientador do Presidente – outro convencido que é dono da verdade -, e isso já foi suficiente para responder à pergunta do repórter sobre “quem colocaria na entrada do MEC em substituição ao busto de Paulo Freire, que era da esquerda?” e, sem pestanejar, respondeu: “Do século XXI, Olavo de Carvalho”. Aliás, como bom apadrinhado, durante a entrevista enaltece várias vezes o nome do seu padrinho.
Todavia, não poderia haver melhor repulsa que a expressada pelo Sr. Valter Lúcio de Pádua, Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, em carta ao Ministro:
“Ao que parece, além de não conhecer os brasileiros honestos que viajam a trabalho ou a lazer, V. Exa. não teve oportunidade de conversar e dar a devida atenção a brasileiros que jamais andarão de avião e nem se hospedarão em hotéis, por não terem recurso para isso. […] Se se dedicasse a conhecer de verdade os brasileiros, conversando também com as pessoas mais pobres, V. Exa. iria se surpreender e se encantar com nosso Povo, iria descobrir que há pessoas não alfabetizadas que são muito mais inteligentes do que Ministros de Estado”. E acrescenta, citando a Lei:
“Como servidor, cabe-me ensinar a V. Exa., caso ainda não saiba, que temos o Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal, Decreto n. 1171 de 22 de junho de 1994. No referido Decreto é citado que “(…) Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral (…)”.
Mesmo que com 41 dias de governo, período esse conturbado por viagem do Presidente ao encontro de Davos, na Suíça, tragédia de Brumadinho-MG, internamento para nova cirurgia, tempestades graves no Rio de Janeiro, incêndio e mortes no CT do Flamengo, e posse de Deputados e Senadores, com eleições dos Presidentes da Câmara e do Senado, é de se desejar que, logo após reassumir o comando da Nação, seja dado um choque de gestão nessa equipe, passando a realizar um trabalho com mais efetividade e menos conversas incoerentes de alguns Ministros, que mais falam do que trabalham. Ou isso é realmente uma prática generalizada, porque os “garotos” do Presidente são os primeiros a falarem sem parar!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 10/02/2019
10 Comentários
Em muitos episódios temos visto que existe um determinado embate que mais parece de um período eleitoral do que um início de governo. Saímos de um radicalismo e não podemos enveredar em outro. Agenor, enquanto lia seu incisivo e didático texto, desejei que os eleitos saibam dosar seu comportamento para mesmo sendo exigida uma postura firme e decidida para mudar os rumos do país continue a existir a elegância no convívio humano. Se as palavras do ministro da educação citassem o lixo atirado pelos brasileiros nos bueiros, até seria mais aceitável. Pois seria uma referência a uma realidade inquestionável. Mas a referência dele foi infeliz ao extremo. FOZ DO IGUAÇU
Caro escritor Agenor, bom dia!
Notei na tinta (ou melhor, na digitação deste artigo), a sua indignação explicita sobre o que disse esse senhor na entrevista concedida a Veja, pessoa que deveria dar exemplo e demonstrar respeito ao falar algo desta forma, especialmente por se encontrar em terras alheias.
Pena que poucas pessoas têm o privilégio de ler as páginas amarelas da Revista VEJA e, mesmo aquelas que tiveram, a grande maioria não têm discernimento e percepção para compreender a gravidade do que ele disse, da mesma forma, não tem a disposição de se manifestar como você teve e fez.
Parabéns!
Florisvaldo F dos Santos
Meu cordial Buenas Tarde meus nobres. muito nobres e nobilíssimos companheiros Florisvaldo e Agenor Santos!!
Assino em baixo das palavras que vocês digitaram a respeito da atitude desrespeitosa e um tanto quanto deselegante do atual Sr. Ministro da Educação(o maior dos pilares para se destravar qualquer nação),inclusive, de forma generalizada no tratar de nós, o povo brasileiro. Mas que falta de EDUCAÇÃO, seu colombiano de nascença,o Sr. Ricardo Vélez Rodriguez titular da pasta do Ministério da EDUCAÇÃO,já nos primeiros dias de trabalho
dentro do Ministério? V.Ex.ª deixou a maior Excelência do país em situação desconfortável porque assumiu um dos compromissos de campanha, a formação da equipe ministerial com pessoas de perfil técnico, e dentro da área de V.Ex.ª, nós, o povo brasileiro tínhamos mais do que uma certeza que se o presidente tivesse chamado o Professor;Educador; Filósofo e Pensador Dr. Mário Sergio Cortella, Dr Lair Ribeiro,de que a nossa situação. a situação da equipe de governabilidade do atual presidente desta nação estaria muito bem obrigado. José Deusimar Loiola Gonçalves
Técnico em Agropecuária (Assistente Técnico de Desenvolvimento Rural-FLEM-BAHIATER-Governo do Estado); Graduado em Administração de Médias e Pequenas Empresas; Licenciado em Biologia; Pós Graduado Em Gestão Educação Ambiental e Acadêmico da UNITAU-EAD-Polo de Tucano – Curso Superior de Tecnologia em Apicultura e Meliponicultura.
Zap: (75) 99998-0025 (Vivo) – (75) 99131-0784 (Tim).
Blog: https://www.portaldenoticias.net/deusimar
Meu caro e grande amigo Agenor, como sempre, as suas “CRÔNICAS DA SEMANA” trazem no seu bojo, temas importantes, além de atualizados. É lamentável que pronunciamos que tais, partidos de um Ministro, ou “ministro”, logo da EDUCAÇÃO, tenha passado despercebido da mídia, como um todo. Estou em que, quando o Presidente Bolsonaro assumir de fato, o poder, este assunto venha à tona, e o dito cujo seja deportado para o seu País de origem, para curtir sua “FALTA DE EDUCAÇÃO E RESPEITO”. Parabéns, “Caneta de Ouro”. (Salvador-BA)
Vergonhosa declaração desse ” ministro”!!! (Salvador-BA).
Parabéns, meu Ir.’., pela Crônica oportuna e bem escrita, como as demais. (Maceió-AL).
Assim como ele deve saber que nem todo colombiano é narcotraficante. (Santo Amaro-BA).
Excelente texto! Para além da falta de educação doméstica, é também falta da educação formal o presidente do INEP dizer que a equipe do MEC quer formar “cidadões”! Para onde vamos??? Vergonha alheia!! (Uauá-BA).
Alguém tem que vasculhar a casa dele. Deve ter muitas lembranças. (Salvador-BA).
Assim como ele deve saber que nem todo colombiano é narcotraficante. (Santo Amaro-BA).