No primeiro mês do novo governo, o cenário político-administrativo que se apresenta à avaliação crítica dos brasileiros, sugere a existência de uma perceptível gama de intensas preocupações que dominam alguns segmentos – fato mais que natural -, e em outros um perfil mais reflexivo e de reações ainda latentes, como se propondo recordar as palavras do sábio Salomão, de que para “tudo tem o seu tempo determinado” (Eclesiastes 3-1). Também no nível dos analistas há uns com ímpetos de pouca moderação, intolerância, e inusitada pressa na solução dos graves problemas que afligem o país, nem sempre ocultando a pressão ideológica que os inspiram. É óbvio que são muitas as situações que reclamam uma ação governamental efetiva, as quais, ou não foram atacadas com determinação pelos governos anteriores, ou foram encaminhadas de forma inadequada. O inadmissível é pretender que uma equipe que ainda está olhando onde pisa, consciente que há muita areia movediça no seu entorno, tenha competência para resolver tudo em tão pouco tempo. É impossível, nesse momento, comparar 1 mês com 16 anos…
Dentre as tantas formas de abordagens sobre essa inquietante expectativa, uma delas me impressionou pelo alcance e profundidade do pensamento do autor, que define a verdade sobre dois caminhos a trilhar: “O Brasil não precisa pacificar os ânimos para voltar a crescer e desenvolver. É o contrário. O Brasil precisa voltar a crescer e se desenvolver para o país se acalmar e avançar”. (Nizan Guanais, Folha, Edição 29/01/2019). Ele demonstra com grande acerto que não é pela emoção e pelo abatimento, ou curvados diante do Muro das Lamentações, que se resolverá os problemas sociais e econômicos, as graves dificuldades da educação e da saúde, além do caótico quadro de insegurança que entristece as nossas grandes cidades. E sim buscando os caminhos que fortaleçam a nossa economia através do restabelecimento da confiança dos investidores e motivando os empreendedores, a fim de que sejam ampliadas as oportunidades de trabalho. Alcançando essas metas, o estado de ânimo do país voltará à plena normalidade.
Em paralelo, não se pode perder de vista a feliz lembrança do leitor Florisvaldo dos Santos, em seu inteligente comentário à última crônica, quando reproduziu a frase do botânico francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) que, preocupado com a praga da formiga no Brasil, nos deixou essa primorosa frase: “Ou o Brasil acaba com a SAÚVA, ou a saúva acaba com o Brasil”. Naquele tempo o excesso de formiga causou tanta preocupação ao botânico, que ele nos brindou com esse brilhante conselho. Mas, não menos acertada e oportuna foi a analogia feita pelo Florisvaldo, ao adequar o pensamento do francês à realidade atual em que vivemos: “Ou o Brasil acaba com a CORRUPÇÃO ou a corrupção acaba com o Brasil”.
Assim como os recursos tecnológicos foram eficazes no controle da saúva, espera-se que agora também sejam usados, além do poder policial e jurídico exercido com dignidade e verdadeira vocação no combate a essa praga da CORRUPÇÃO, a qual vem destruindo a nação e aniquilando os mais notáveis valores que devem constituir o caráter do cidadão brasileiro. O que o povo espera é que os objetivos de honestidade e transparência pregados aos quatro cantos quando em campanha, sejam preservados.
A recente atitude do Banco Central em impedir que o COAF-Conselho de Controle das Atividades Financeiras faça o monitoramento da movimentação financeira suspeita de parentes e sócios de políticos investigados, foi um desrespeito inominável, além de representar um acinte e incoerência com todos esses propósitos.
Pelo fato de ter ocorrido simultaneamente com as revelações envolvendo o ex-assessor do filho, hoje Senador, o ato veio revestido de tantas fragilidades e suspeitas, que já se anuncia o cancelamento da medida por total inconsistência. Apreciei a frase do colunista Acílio Lara Resende, no portal O Tempo: “Filho de presidente não é cargo nem função, mas pode atrapalhar”! Uma verdade que o tempo dirá! Quem viver verá!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 03/02/2019
5 Comentários
Mais uma vez você está coberto de razões coerentes, mormente, quando se reporta ao nível dos analistas com ímpeto de pouca moderação, intolerância e inusitada pressa na solução dos graves problemas criados ao longo dos Governos anteriores, em especial do PT, e, que afligem o país e ainda se apresentaram como se fosse o rompimento de uma barragem como a do córrego do feijão em Brumadinho-MG. Se observa até nos comentários de suas crônicas que, inclusive, s.m.j. chegam a fazer acusações indevidas.
Realmente, não dá para comparar um mês com dezesseis anos. Como se vê a qualidade de alto nível da equipe que norteia o presente Governo, após a algumas reformas estruturais, com certeza o Brasil vai voltar a crescer e se desenvolver apresentando confiança aos investidores do mundo inteiro. Temos esta esperança e o povo, com certeza, terá que esperar o momento certo como no próprio título você afirma “TUDO TEM SEU TEMPO DETERMINADO”. (Manaus-AM).
Controlaram a Saúva, Amigo… mas não acabaram com ela… (Salvador-BA).
O fato é que a expectativa de mudanças é tão grande que supera a paciência, e assim ficamos ansiosos para que medidas sejam tomadas e seus efeitos se realizem o quanto antes. E isto é provocado, conforme sua correta análise, Agenor, pelos 16 anos que afinal se revelaram como o maior embuste político que o país poderia imaginar. E ainda ficamos desnorteados que os resquícios desta era sobrevivam fortemente, principalmente pela ideologia remanescente em universidades e parte expressiva da imprensa. FOZ DO IGUAÇU
Li atentamente e gostei muito da crônica de nosso Menestrel do Vasa Baris(título de meu abençoado primo amigo BGG da Mata Virgem), inclusive, da alusão do renomado cronista aos abalizados comentários da crônica anterior feito pelo bom blogueiro Florisvaldo Ferreira dos Santos. Pegando carona na frase do botânico francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) que, preocupado com a praga da formiga no Brasil, nos deixou essa primorosa frase: “Ou o Brasil acaba com a SAÚVA, ou a saúva acaba com o Brasil”. No meu modesto entendimento acho que esse famigerado Foro Privilegiado, esse trampolim do câncer da corrupção, esse colete à prova de pouca vergonha dessa cambada de ladrões do colarinho branco que vem usurpando os cofres públicos da nação brasileira, é de fato o agente nocivo, a SAÚVA muito bem referenciada na frase do sábio botânico francês. Ou a nova equipe de governo, especificamente o titular da pasta do Ministério da Justiça provoca, mobiliza os (as) parlamentares as duas casas do maior parlamento nacional (Câmara e Senado), o único que tem o poder de emendar Carta Magna do País e extirpar de uma vez por todas esse abusivo Foro Privilegiado dando-se assim o primeiro e grande passo para moralização desta gigantesca e ao mesmo tempo, ainda minúscula nação. Atentem bem no conteúdo do scrap abaixo de autoria do escritor francês François Pierre Guilhaume Rigot e Marcio Castro Alves sobre esse maléfico Foro Privilegiado em qualquer nação do planeta.
Deusimar das Abelhas
Agenor, boa tarde!
Mesmo com atraso, pelos motivos já justificados, fiquei extremamente lisonjeado, com a citação do meu nome, feita no artigo “TUDO TEM O SEU TEMPO DETERMINADO” por você.
Ser lembrado num artigo em personalidades como o sábio Salomão e Nizan Guanais, colunista da Folha de S. Paulo, foram mencionados, é motivo de orgulhos e imensa gratidão por quem o fez.
Não tenho e não teria outras palavras para dizer, a não ser: MUITO OBRIGADO!
Florisvaldo F dos Santos