No mercado de trabalho e nas empresas com um mínimo de modernidade, todos os profissionais são alvos de uma avaliação periódica quanto à integridade funcional, a eficiência e a qualidade dos serviços que prestam. Já de algum tempo muitas empresas passaram a ter o seu Departamento de Pessoal especializado, denominado de RH ou Relações Humanas, que se encarrega da seleção, treinamento e acompanhamento dos contratados.
Nesse particular, o Banco do Brasil – onde, com muita honra dediquei 30 anos da minha vida! -, já era um exemplo centenário, visto que a cada final de exercício os Chefes de Setor de cada Agência eram responsáveis pela Avaliação de Desempenho Funcional-ADF dos seus subordinados, entregando-a à Administração para análise e destinação final. E cada Agência recebia a visita periódica dos Inspetores, posteriormente Auditores, em cuja missão regular o Gerente-Geral e o Gerente-Adjunto eram submetidos a uma quase sempre rigorosa avaliação do desempenho daquela dependência, além da postura e integridade dos seus gestores. A isso devemos chamar de verdadeira prova de desempenho funcional, pois não bastava ser aprovado em difícil concurso, diga-se de passagem, como sempre foram as provas do BB. Ou seja, tinha que provar e ser aprovado o tempo todo, o que estimulava o empregado a procurar a eficiência e pugnar para ser sempre o melhor.
Hoje o leitor também testemunha, a todo instante, que após o contato telefônico feito com o Call Center de qualquer empresa em busca de algum serviço, antes que desligue é solicitado que aguarde um mínimo de tempo mais para avaliar a qualidade dos serviços do (a) atendente… Há uma preocupação com a satisfação do cliente!
Ora, no mundo da competitividade esse procedimento deve ser considerado como uma prática normal, porque só assim, através da competência e boa qualidade dos serviços prestados tanto é assegurado o sucesso dos negócios das empresas, como o trabalhador bem avaliado garante a preservação do seu emprego.
No próximo final de semana os brasileiros terão a estupenda oportunidade de avaliar os seus governantes, mensurar o desempenho dos parlamentares que elegeram em 2014 e assim reconduzir alguns e defenestrar outros que não foram dignos da missão honrosa que deveriam realizar. O processo de julgamento a que é submetido o cidadão comum não pode ser diferente para os políticos, que escolheram como carreira profissional a função pública eletiva bem remunerada e dela já se beneficiam de largos privilégios e imunidades. Os foros especiais que adornam a função e os livra da malha jurídica em alguns momentos, não funciona, contudo, para livrá-los do pesado julgamento do grande tribunal popular que se estabelecerá no próximo dia 7 de outubro! Quem fará essa avaliação de tamanha responsabilidade? Você, meu caro leitor-eleitor!
A data adquire maior relevância porque será a oportunidade de se eleger o Presidente da República, o qual terá sobre os ombros a responsabilidade de reconduzir o país a novos e esperançosos caminhos. Entendo que faltou ao Sistema Partidário a consciência lógica e a sensibilidade para compreender que o número de candidatos deveria ter ficado restrito a um limite que permitisse ao eleitorado uma análise e decisão menos sofrida e mais coerente. Ainda que se louve o livre direito democrático, lançar 13 nomes na corrida à Presidência, alguns sem preparo para a envergadura do cargo, parece-me uma grande insensatez! Insaciável ambição pelo poder? Talvez!
É óbvio que o excessivo número de candidatos prejudica a seletividade e a escolha pelos milhões de eleitores. Diante das alterações nas pesquisas semanais ou quase diárias, percebe-se que o sistema evolui no sentido de conduzir o eleitor ao “Voto Útil”, isto é, levando-o a desprezar o seu candidato do início da campanha – visto que este voto não terá significado para o Segundo Turno -, para optar por um nome que ofereça na decisão final menos riscos à normalidade institucional.
Este é o cenário que se desenha nos próximos dias, podendo interferir de forma surpreendente nas previsões dos nomes que passarão para a nova etapa, como até mesmo no seu resultado final. Após os resultados, certamente que os políticos conhecerão o grau de satisfação dos seus eleitores!
Agora, para finalizar, vamos nos perguntar: será que estamos diante de úteis ou inúteis? Quem realmente merece que sejamos úteis com o nosso voto? Somente uma apurada inspeção prévia vai nos ajudar a não continuar no erro! Que Deus inspire o povo brasileiro! Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 30/ 09/09/2018
9 Comentários
Como sempre, a sua cronica atinge pontos que provocam intenso questionamento. E mais do que nunca a pergunta fica: como é possível um pleito eleitoral com tanta gente e ao mesmo tempo tão poucas idéias.Sinceramente, acredito que apenas será assegurado ao vencedor a administração de “uma fatia do bolo”, que para não se tornar menor a cada dia terá que ser vitaminado com um profundo aumento da carga tributária. Pois a máquina pública tem vida própria e ninguém consegue estancar seu crescimento, a não ser que o próximo governante seja liberal e o congresso concorde com as medidas necessárias. Mas, não acreditando nisto, e unindo este fato a uma Constituição que só tem direitos, está decretado o rombo público. Somos vítimas do “vitimismo” e dos “direitos”. E a dívida pública já beira 90% do PIB. E nada indica que vai parar de crescer. Quem esperar, pagará a conta.FOZ DO IGUAÇU
Sua lucidez e vivencia o tornou um ser de refinado pensamento e inteligência, em consequência resulta numa crônica de alto nível como essa. (Salvador-BA).
Sobre o tema “ELEIÇÕES: NA DIREÇÃO DO “VOTO ÚTIL”? Você discorre com muita propriedade sobre a intenção de se evoluir o conceito de avaliação de desempenho. Porém, falando de avaliação de desempenho de políticos será uma tarefa muito complexa e difícil pela população que não tem uma educação apropriada a um processo evolutivo.
Primeiro, que ninguém se atreve, na maioria das vezes, a falar a verdade para não desagradar aos opositores. E, os elogios exagerados, os adjetivos movidos pela bajulação dos interesseiros têm sido uma regra geral entre os mais elegantes cavalheiros. Em verdade o povo, numa expressiva maioria em nosso país, lamentavelmente, além de votar errado, negocia o voto, troca por favores efêmeros, barganha privilégios sem ética e favorece candidatos corruptos, sem escrúpulos, incompetentes, sob alegação esdrúxula, como o PT VEM QUERENDO IMPOR QUE LULA FEZ O MELHOR GOVERNO, QUANDO HOJE ESTAMOS MERGULHADO NUMA DÍVIDA ESTRATOSFÉRICA, QUE INFELIZMENTE O POVO QUE AINDA VAI AMARGAR O PAGAMENTO DESSA DÍVIDA, COM A MARCA IMPLACÁVEL DO SOFRIMENTO DE TODOS BRASILEIROS. (Manaus-AM).
Excelente reflexão, seu Agenor… Só adicionaria que devemos pensar na coletividade e não em interesses próprios quando escolhermos o nosso candidato. (Toronto-Canadá).
Gostei muito de suas colocações e mais ainda quando da menção maior a uma empresa respeitada como o Banco do Brasil, onde também tive a felicidade de dedicar alguns anos com muito orgulho e respeito. (Morro do Chapéu-BA).
Excelente! Cada vez mais difícil de escolher… (Irecê-BA).
Realmente o número de candidatos pulveriza os votos e as opiniões. Vamos fazer mesmo uma reflexão sobre os candidatos que concorrem à reeleição para analisarmos se realmente cumpriram a missão delegada a eles na última eleição. O voto em que ser consciente e responsável. Boa eleição a todos!
Em relação a esta sua última crônica – a qual parabenizo -, não há dúvida que o “cardápio” não corresponde, seja em qualidade, seja em “valores”, à fome de democracia e ética que boa parte do nosso já sofrido povo brasileiro padece. Por hora, penso que trilharei por uma alternativa que não conduza este país aos extremos caminhos! Todavia, do mesmo modo, espero que meus passos não me levem para o vetusto cartel da política brasileira.
Não tenho dúvida quanto ao risco que estaremos todos, cidadãos de boa fé, se submetendo quando, ainda que insistentemente otimistas, digitarmos as nossas escolhas no pleito eleitoral que já se aproxima. O alento, ao menos, é lembrarmos e celebrarmos a realidade de que ainda podemos exercer o direito de votar! Portanto, que Deus realmente nos abençoe e que possamos dar seguimento à caminhada democrática, livres das indesejadas e tão prejudiciais borrascas autoritárias.
A verdade é que se todos fossem avaliados, só restariam os inúteis. A verdade é que temos que decidir e votar no menos pior. Ou estaria correto dizer: Votar no menos útil ou menos inútil?. Tá difícil. (Vitória da Conquista-BA).