Muitas são as ocorrências políticas que influenciam o processo eleitoral em qualquer país do mundo, ressalvada a circunstância de que essas possibilidades somente acontecem onde se pratica o sistema democrático. Isso porque, em outros Regimes Autocráticos essa liberalidade não existe. Um exemplo de democracia que merece ser imitado, dentre as existentes no mundo, é exatamente dos Estados Unidos da América (EUA). Em contraponto ao conjunto de liberdades permitido pelo sistema, contudo, justamente na América é onde proliferam muitos escândalos políticos das mais variadas características, tanto durante as campanhas eleitorais, como eclodem durante o mandato do candidato eleito e empossado.
Difícil não lembrar do Presidente Richard Nixon, que foi forçado a renunciar em 1974 para evitar o impeachment, após o Caso Watergate decorrente da invasão do Comitê Nacional do Partido Democrata. O Presidente Donald Trump que o diga, o quanto está rebolando para se defender das acusações de ilegalidades, até ligadas à influência da Inteligência russa em sua eleição, principalmente quando os denunciantes são membros da equipe de campanha ou até mesmo do governo.
Assim, não chega a ser novidade o jogo sujo que aqui também se desenvolve, com atitudes de desonestidade, geração de fatos mentirosos através do uso do FAKE NEWS nas redes sociais, e muitas outras práticas impuras que procuram atingir a imagem de todos os candidatos, indistintamente. O que se testemunha a todo instante é um insano desvio do entendimento do que seja democracia, num visível abuso e excesso quanto aos princípios da liberdade.
A democracia pressupõe o debate livre da diversidade de ideias, o que significa a obrigação de respeitar as posições contrárias e pugnar pela força dos argumentos e não o argumento da força. No recente e triste episódio de violência contra um dos candidatos à presidência, sintomático de ser o autor do crime uma mente doentia, com sérios problemas psiquiátricos – a partir dos seus primeiros depoimentos -, até que seja apurado e comprovado que o ato criminoso teve a sua origem inspirada ou patrocinada por alguma organização partidária, nenhuma acusação pode ser utilizada politicamente. Assim como não se pode atribuir ao acusado qualquer identificação ideológica com um Partido Político, também é reprovável que o crime seja exaltado ou utilizado como mote de campanha por qualquer candidato ou suas equipes, tanto no sentido da apologia ao crime ou para dele extrair variáveis estimuladoras da violência e da intolerância.
É tão grande a fragilidade do nosso sistema político atual, que a avaliação superficial indica não haver qualquer empolgação do eleitor nos discursos dos principais candidatos à Presidência da República, isso para não falar da triste massa que deseja se habilitar ao Congresso Nacional. Quando o rádio ou TV não são desligados no horário político, o que mais se ouve são reações de repulsa aos temas e frases incipientes apresentados, visto não oferecerem indícios de que estamos caminhando para a construção de um novo Brasil, como tanto necessita e deseja o povo brasileiro.
Do Congresso Nacional, a quem cabe legislar, infelizmente não se espera uma Reforma Política completa e que elimine de uma vez por todas a inutilidade do Horário Político. Talvez o eleitor não saiba, que de gratuito esse horário não tem nada, uma vez que é pago pelo dinheiro público ou através da isenção de impostos federais às emissoras.
Uma verdade tem de ser dita: se em razão do envolvimento da mais alta cúpula política nos recentes escândalos que abalaram o país, a credibilidade dos políticos foi tão profundamente abalada, imagine o leitor o baixo nível de aceitação desse instrumento de propaganda política!
E, finalizando, o que mais podemos de melhor observar, é a consciência que vem tendo boa parte do eleitorado em não se deixar influenciar com verdadeiros blábláblás, a agredir nossa audição, para depois nos roubar o nosso tostão das formas mais covardes que se possa imaginar. Em outras palavras, com o tal horário político, tentam enganar o eleitorado e depois metem a mão com toda força no bolso do povo.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 16/09/2018
6 Comentários
Como sempre, o cronista nos traz ângulos da vida política que nos provocam questionamentos e indagações. E no texto podemos identificar duas hipóteses: a que horário político em nada contribui para a democracia e ainda tem rejeição de expressiva parcela da sociedade. E não é nada difícil entendermos isto se verificarmos que o político brasileiro é produto do populismo e da procrastinação da medidas reais que o Brasil precisa. Ou seja, nada resolve. E apenas pensa na manutenção do seu mandato. Somos vítimas da ideologia política, que não permite que ideias adequadas sejam avaliadas com seriedade. Para que fossem aplicadas com utilidade na sociedade. E o horário político apenas prova isto. FOZ DO IGUAÇU
Não há dúvida que – considerando os estilos e, em especial, a “verborreia” cotidianamente destilada pelos pretensos postulantes aos cargos públicos, sejam eles notívagos ou não, quase todos amparados, salvo raríssimas exceções, por uma frágil e contaminada conjuntura partidária, e tudo isso se somando à triste realidade educacional do nosso país – estamos mergulhados, infelizmente, num oceano profundo e, tal qual se dizia à época dos descobrimentos marítimos, deveras tenebroso. No entanto, ainda que concorde com a sua pertinente assertiva ao questionar a utilidade do insosso – e não raro patético – horário político, receio que este, ao ser definitivamente extinto, inviabilize, por completo, as mínimas informações aos nossos caros eleitores dos mais rudes e abandonados rincões deste imenso Brasil; ou tão somente os exclua, mesmo que precariamente críticos quanto a procederem a uma aceitável avaliação dos candidatos, de todo o processo eleitoral, tornando-os, dentre outros malefícios, presas mais fáceis a quem deles, sem ética ou seriedade, se achegarem! Reflito, aqui, com preocupação e serenidade, à não menos prejudicial ingerência do discurso único a ser vociferado nos ouvidos dos menos aquinhoados educada e socialmente, tal como, historicamente, se dava (e talvez, em algumas paragens, ainda se dê!) quando impositivo eram os alcunhados votos de cabresto.
Talvez por ainda ser um sujeito otimista, julgo que novas deliberações e novos formatos devam ser instituídos para a composição e, consequentemente, melhor qualidade dos horários políticos nas diversas mídias (jornais, emissoras de rádio e de TV), ao tempo em que se deve considerar, com mais premência e bom senso, os já desagradáveis e violentos produtos disseminados pelas ditas redes sociais. Não se trata, absolutamente de censura, longe disso! Mas de mínima e imperativa responsabilidade para o trato dessas relevantes questões.
Parabéns, uma vez mais, pela sapiência da escolha do tema e, logicamente, pela sua sempre bem esposada opinião. (Salvador-BA).
Parabéns, Agenor! Bela crônica.
Muito boa crônica amigo, retratando a realidade atual. Só nos resta votar consciente e aguardar as mudanças que tanto desejamos. (Salvador-BA).
Sempre coerente nos comentários! (Irecê-BA).
Mais uma coleção de verdades. Parabéns. (Três Rios-RJ).