Apesar do recesso no parlamento nacional e os três presidentes ausentes do país – da República, da Câmara e do Senado -, a última semana foi de intensa efervescência política, determinada pela natural urgência que têm os pré-candidatos à Presidência e aos Governos dos Estados em alinhavar as suas coligações, na tentativa óbvia de não somente conquistar preciosos segundos a mais no horário político, como pela necessidade imperiosa de tornar viáveis os seus nomes na competição.
Alguns já se lançaram candidatos pelos seus partidos na última semana (vide foto), mas as alianças, como sempre, ainda se apresentam inconsistentes e cautelosas, porque, nesta fase de ar policialesco que se respira no país devido a tantos escândalos, seguro morreu de velho e gato escaldado tem medo de água fria… Assim, é bom ter cuidado com o discurso do “quem dá mais”. É indiscutível que o cargo de Vice-Presidente está sendo utilizado como uma moeda de troca para atrair apoio de algum Partido, não importando a identidade dos princípios ideológicos do aderente. E ainda dizem que Vice não manda nada. Pode até não mandar, mas, nas eleições o Vice, se não manda, tumultua. O Guilherme Boulos, do PSOL, foi buscar no Maranhão uma índia para candidata a Vice-Presidente. Pelo menos não é da família dos eternos poderosos daquele Estado. Insaciáveis por Poder!
A debandada do Centrão em direção ao candidato Alckmin, e que deixou órfão o Ciro Gomes, já surpreendeu a muitos e provocou uma releitura geral do que poderá acontecer neste cenário político de grandes incertezas. Tenho a convicção de que até mesmo os mais abalizados analistas políticos estão a fazer mil ilações sobre o destino de cada um desses candidatos ou até mesmo a possível retirada de alguns por absoluta falta de um conjunto de condições para continuar nessa difícil trajetória.
O que mais se tem ouvido das pessoas revoltadas com a situação de instabilidade política a que o país chegou, é o desabafo de protesto contra a reeleição de candidatos ou não votar naqueles integrantes da Ficha Suja.
Tudo isso, contudo, parece entrar por um ouvido e sair pelo outro. É inconcebível que quanto mais se persegue a depuração do nosso corrompido sistema político, o principal articulador político do Centrão é o ex-deputado federal Valdemar da Costa Neto, que foi condenado no processo do Mensalão a 9 anos e 10 meses, e depois de um tempo preso foi liberado pelo STF. Essa é a liderança que dá as cartas e tem trânsito livre em Brasília, além de ter sido paparicado por todos os candidatos. Determinou o apoio a Alckmin e, certamente, vai indicar o candidato a Vice-Presidente, ou já tem escolhidos os Ministérios para as diversas “facções” do Centrão, se eleito! Ainda bem que aos olhos da serenidade não parece que é isso que vai acontecer!
Na crônica passada falei sobre o uso abusivo das aeronaves da FAB pelos presidentes do Senado e da Câmara, principalmente este. Mas o ocorrido nesta semana, envolvendo os Ministros Raul Jungmann, da Segurança Pública e Moreira Franco, de Minas e Energia, superou todos os absurdos imagináveis no abuso do poder, numa impensável mordomia para um país de Terceiro Mundo. O leitor não vai acreditar. Não é que os dois Ministros fizeram com que dois jatos da FAB se decolassem da Base Aérea do Galeão para pegá-los no Aeroporto Santos Dumont – entre um e outro, distância de apenas 18 Km -, trajeto que eles poderiam ter feito de taxi com gasto de menos de R$50,00! Um gesto de total insanidade e sedução do poder, que provocou um longo deslocamento de quase 200 km dos dois aviões, porque há uma rota específica a cumprir. Acredito que não vão no voo comercial normal porque sobra medo de enfrentar a revolta dos passageiros… Por falar em falta de coragem, todos sabem em que assunto aflora a coragem de cada um deles!
Diante dessa carência de escrúpulos, como cobrir o rombo de 270,0 bilhões de reais do Orçamento Federal? Fatalmente vai sobrar no corte das verbas da Educação, da Saúde e da Segurança Pública, logo essa que o Jungmann quer recuperar! CONSERTA… BRASIL!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 29/07/2018
6 Comentários
A cada dia ficamos sem entender este fenômeno chamado Brasil, Embora menos do que deveríamos (ou poderíamos), temos evoluído e crescido. Mesmo lentamente, abaixo do nosso potencial. Mas, avançamos. Enquanto isto, possuímos o mais retrógrado e obsoleto quadro político.Coisa de 13 (décimo terceiro ) mundo. A esperança no quadro político é praticamente nula, e suas cronicas sempre descrevem muito bem este fato, Agenor, Somos vítimas de um sistema político que não solta suas amarras sobre a sociedade. Um verdadeiro parasita criado sobre o sonho de uma democracia que se tornou uma burocracia ineficiente. FOZ DO IGUAÇU
Mais uma vez você demonstrou a sua capacidade de vislumbrar uma situação que já se evidencia: Uma incomensurável dificuldade de elaboração de um diagnóstico financeiro para fazer o nosso País seguir uma linha racional de medidas capazes de retomar um crescimento desenvolvimentista com uma situação, no momento, afundada em torno de 270 bilhões de déficit público. Até porque os governantes, nem mesmo esses que estão se candidatando, manifestam, no mínimo, iniciar cortando os principais gastos que estão acostumados a se locupletar, como os gastos inerentes às mordomias.
Como muito bem você exemplificou que os dois ministros preferem deslocar aeronaves da FAB para atender suas necessidades pessoais, quando poderiam pagar suas próprias passagens aéreas ou qualquer tipo de deslocamento. É uma situação difícil e não se vê interesses de eliminar esses gastos que o povo já se acostumou, economizando energia, hoje com bandeira vermelha, combustível, até mesmo em alimentação, para suprir suas necessidades, além dos insuportáveis impostos aplicados para dificultar a vida do trabalhador que paga sempre a orgia e desmandos dos governantes. (Manaus-AM).
Pura realidade, grande amigo Agenor Santos, verídico fato, e de tamanha tristeza com que vejo e leio a sua matéria, mas é a realidade em foco desses candidatos do Centrão. affffffffs.
Pura realidade, grande amigo Agenor Santos, verídico fato, e de tamanha tristeza com que vejo e leio a sua matéria, mas é a realidade em foco desses candidatos do Centrão. affffffffs. (Barra do Mendes-BA).
Meu caro Agenor: Aprecio suas crônicas. Vez por outra permito-me comentar, sem a pretensão de acrescentar algo. Você inicia dizendo: “apesar do recesso no parlamento nacional e os três presidentes ausentes do país – da República da Câmara e do Senado…”, confesso que pelas qualidades da composição e à credibilidade de que desfruta no seio da sociedade, melhor seria que o parlamento permanecesse sempre em recesso. Levando-se em conta que os três presidentes são egressos desse mesmo parlamento, o recesso a eles se estenderia. Seria menos danoso para o país. Pergunto-me que “vírus” grassa no parlamento brasileiro e acomete a todos os que são “diplomados” parlamentar? Quando não os tornam portadores do mal da corrupção são paralisados e não se opõem, efetivamente, combatendo esse mal. Reconheço que há muitos casos em que o neófito já traz o “gene” da corrupção: são os filhos e netos dos corruptos que se reproduzem com facilidade incomum. Não raro, em roda de bate papo, quando o assunto é Brasil há sempre quem lembra a colonização brasileira. A história nos diz que para aqui vieram os degredados. Mais uma vez me pergunto: que “gene” maldito é esse que depois de mais de seiscentos anos e incontáveis miscigenações ainda faz do político brasileiro esse ser abjeto? Sei que há raríssimas exceções. Porque essas exceções não se unem formando uma frente de combate ao mal? Estão paralisadas? A pergunta que não quer calar é: como CONSERTAR esse nosso BRASIL? (Salvador-BA).
Só rindo e cada vez mais desiludido… Não adianta, o poder é muito bom não? Ficam completamente anestesiados… Posso tudo (avião, hotel, tudo de primeira…) o povo paga, né? Estão chegando as eleições, daremos um bom troco a eles… (tomara!). (São Paulo-SP).