Faltam apenas sete meses para 146 milhões de brasileiros exercerem o direito de promover alguma mudança efetiva neste país, através do voto – a arma mais poderosa que o povo tem em suas mãos -, em 7 de outubro próximo. Será um pleito eleitoral com particularidades muito especiais, visto que elegerá Deputados e Senadores para o Congresso Nacional, e o mentor maior deste país que será o novo Presidente da República. Tanto será difícil a escolha de nomes com as qualidades de integridade e honradez exigidas para o desempenho Legislativo, quanto, mais grave ainda, a necessidade de escolha de alguém com essas características e mais os contornos de autêntico Estadista e que, numa singularidade muito mais exigente, passe no vestibular da FICHA LIMPA, prova mais difícil! Quanto aos nomes ora em evidência, troca-se um pelo outro, sem pedir volta, ou tanto faz seis como meia dúzia! Essa é nossa infeliz realidade.
O Sistema Partidário nacional já está inchado com 35 Partidos registrados e, pasme o leitor, tem mais 55 novas siglas com pedido de registro no TSE! 90 Partidos!!! Deveriam se constituir na principal escola de formação de líderes. Inversamente, a maioria é destituída de qualquer princípio ideológico na sua criação, e os treze menores formam um grupo pejorativamente chamado de “baixo clero”, o qual detém um significativo número de 220 deputados ou 220 votos para negócio na Câmara! Nessas legendas existem donos e não líderes; ética ou fidelidade partidária não faz parte do seu ideário político. O olho na verba do Fundo Partidário parece o objetivo principal e os votos dos seus deputados se identificam com o linguajar usual dos leilões: “QUEM DÁ MAIS…? ”. É assim que se apresentam, para a tristeza de toda a sociedade. Sinceramente gostaria muito de estar enganado, mas essa é a verdade que envergonha a nação.
A expectativa latente na sociedade é que, mesmo com a escassez de tempo, talvez ainda surja, num parto revestido de muito sofrimento e dor, o nascimento de um novo líder precoce portador de novas esperanças. Essa circunstância, porém, terá pouca garantia de sobrevivência eleitoral para esse líder, uma vez que, a exemplo da vida real, um nascituro no mundo político terá de cumprir semelhante tempo de maturação e desenvolvimento, vencendo as provas de resistência às facilidades e agrados que lhe são oferecidos pelo lado espúrio do poder. Obviamente, não haverá tempo para a completa depuração de comportamentos e atitudes na leva de pretensos líderes existentes nos quadros políticos da atualidade, para os quais nem um eficiente “descarrego” resolverá. Assim sendo, imaginem o tamanho da dificuldade!
Embora tudo isso já tenha dito algumas vezes, o que faço é repetir a voz das ruas ou daqueles com os quais tenho o privilégio de manter alguma interlocução de natureza política, que repetem, incansáveis e desiludidos, que não veem perspectivas de novos candidatos no horizonte nacional! Todos reclamam da necessidade de mudanças na composição atual do Poder Legislativo, de imagem extremamente negativa, bem como de se eleger um Presidente com porte moral que configure um sinal de recuperação da dignidade e da liturgia do cargo como um verdadeiro estadista. Que seja um líder na Presidência com legitimidade para fazer hábeis “negociações políticas” e não as conhecidas “negociatas políticas” consagradas hoje como práticas institucionalizadas. Irresponsavelmente, popularizou-se no Congresso a troca de votos por benesses do Estado, através da liberação graciosa de verbas públicas ou a nomeação impertinente de apadrinhados sem mérito ou competência para Ministros, ou a suja barganha de cargos relevantes na administração pública, bancos e autarquias.
Já que a mudança substancial no perfil das lideranças atuais, necessária e pretendida por toda a gente brasileira, é um milagre quase impossível de acontecer, só nos resta deixar neste fecho um apelo e uma confissão: este país imenso e belo merece respeito e mais responsabilidade dos pretensos candidatos a tão representativos cargos, para cujo desempenho estão a exigir o mínimo das qualidades inerentes aos líderes de verdade!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador – BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 04/03/2018
9 Comentários
É impossível de imaginar que uma nação tenha dificuldade em escolher seus representantes por todos estarem sendo acusados de roubo,, corrupção, desvio, abuso de autoridade! Triste e desesperador! (Salvador-BA)
Concordo totalmente com você: estamos nos sentindo órfãos de verdadeiros líderes. E aí vem o sentimento de desesperança, desilusão, descrença, o que é muito triste porque não merecemos nada disso que estamos vendo e vivenciando. Infelizmente, há uma generalização mas sabemos que alguns, diria até raros, se salvam. De qualquer forma, teremos brevemente mais uma oportunidade de mudar esse cenário, caso surjam novos e verdadeiros líderes. É o que espero. (Uauá-BA).
Não dá p/ se empolgar com mais nada (minha opinião), o Temer teve a oportunidade e infelizmente age da mesma maneira q os anteriores, sempre negociando alguma situação.
E aparecer algum salvador da Pátria nessa altura do campeonato? Sem chance… Continuo acreditando no ser humano, apesar do comportamento desses que estão no poder nos decepcionarem com suas atitudes (sem esforço algum), creio que podemos começar a mudar esse quadro, mesmo que lentamente, mas podemos… (S. Paulo-SP).
Mais uma vez! PARABÉNS!!!
Enquanto leio esta crônica que traz com tanta propriedade a conjuntura política brasileira fico procurando entender como pudemos chegar a este ponto. E as palavras sensatas com que você descreve esta realidade, Agenor, quando terminam com um pedido veemente de responsabilidade e respeito ao povo, me permite uma conclusão de que a culpa também recai sobre este povo brasileiro, que sempre gostou de ser enganado por salvadores da pátria. E a grande quantidade de partidos são apenas reflexo da distribuição desenfreada de verbas federais. Gerando um oportunismo legal mas absolutamente imoral. FOZ DO IGUAÇU
Realmente hoje a gente presencia uma proliferação de partidos e o sumiço dos líderes.
Poucas lideranças políticas existiram na conjuntura, dando-se destaque a algumas figuras do passado, velhos caciques enganadores da Pátria, que muito fizeram em prol de suas imagens e quase nada pelo país e nunca beneficiando a Nação com projetos sociais competentes ou com posições que definissem a soberania e o bem-estar social do indivíduo.
Precisamos ficar atentos porque povo brasileiro está vivendo um regime de exceção, com atos de perversidade, vigorando a destruição de uma verdadeira facção de malfeitores que conseguiram enganar o povo com o seu chefe Lula que luta para ser inocente e os seus comparsas todos presos. (Manaus-AM).
Muito oportuna sua crônica “Um País Sem líderes”. O cenário atual de prováveis candidatos, não nos anima a votar. Vamos aproveitar (Difícil) para uma reforma geral, primeiro executivo, legislativos e por último judiciário. Aí entram todos os privilégios adquiridos sem direitos. (Camamú-BA).
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Triste realidade, meu caro “poeta”. Mas é real. Pra nossa tristeza e, quiçá, infelicidade.
E o pior, creio, é a ausência completa de perspectivas de mudança capaz de reverter o quadro atual para melhor, aspecto que desqualifica a frase do ex-candidato e palhaço eleito com expressiva votação: “pior que tá, não fica”. E ficou.
A mim me parece sempre ser possível ficar, ainda, um pouco mais, pior. Embora a língua pátria não admita esse tipo de colocação, ou seja, o atual quadro político, tanto os atuais quanto os pretensos “novos” pretendentes – estes, em regra, de alguma forma ligados a alguém já do métier, seja por parentesco próximo (filho, irmão, cunhado etc) ou membro da comitiva, desqualificaram até o qualificativo pior, que, assim, perde a suprema colocação negativa. Tudo considerado, infelizmente o que conta é a perspectiva ou expectativa de que “pior que está, fica”.