No convívio regular com as pessoas, é muito comum se encontrar alguém que fala de maneira desregrada ou, como se costuma dizer, usa de “descontrole verbal” ou que “tem a língua solta”. Isso porque fala o que quer e depois usa de subterfúgios para se explicar de algumas asneiras pronunciadas, nem sempre acolhidas pelos circundantes.
Essa preliminar foi inspirada na reflexão de um leitor, que ao ouvir o Presidente da República discursando ou dando entrevistas e pronunciando alguns exageros verbais, inaceitáveis e incompatíveis à relevância do cargo que exerce, torceu a cara inconformado, e me disse: “Pôôô, se ele parasse de falar e trabalhasse, apenas, até seria um presidente melhor! ”. Compreendi o desabafo e concordei com o seu sentimento de revolta, no tempo em que me questionei se não há na equipe alguém que, mesmo tendo que respeitar a hierarquia do cargo, possa orientá-lo a uma mudança de tom e atitude, no sentido de falar menos e o indispensável? É mais do que oportuno que alguém no governo faça uma releitura do provérbio português, que recomenda que “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”! Pelo jeito, na equipe esse alguém não existe…
Será que nenhum Ministro ou Assessor direto vai cair na realidade, de que uma oposição falida e responsável pela tragédia moral e econômica a que o país foi submetido nos últimos anos, de repente, está de cangote em pé, esbravejando em alto e bom som, justamente porque essas bobagens no palavreado oficial vêm oferecendo o subsídio de que precisava para emergir do ostracismo político em que se encontrava? Será que não conhecem as palavras prudência e decência para o cargo que ocupam?
Como em todo governo, principalmente com poucos meses de gestão, é natural que ocorram acertos e erros na adoção de certos atos administrativos. Mas, falar precipitadamente e aqui ou acolá voltar atrás em determinadas afirmações, evidencia uma grande imaturidade. Vamos assim chamar, para não dizer falta de responsabilidade e cuidado com as palavras proferidas.
Mas, o centro de tudo nesta semana, está focado na triste tragédia das queimadas voluntárias ou involuntárias da Floresta Amazônica, ou até criminosas – por que não imaginar? –, que está produzindo um reflexo negativo de grande amplitude e de consequências ainda não bem avaliadas. Se é visível a inabilidade com que o problema está sendo tratado, de outra parte está a grande imprensa nacional, que foi desprezada pelo governo na distribuição da sua verba publicitária, assumindo a postura da desconstrução e da vingança, numa dimensão de grande impacto, inclusive no campo internacional. Ou seja, querem minar o homem de fora para dentro…
É indiscutível que não se pode menosprezar os graves prejuízos ambientais decorrentes da queimada descontrolada da floresta, e inaceitável qualquer omissão oficial no sentido de combater a continuidade do fogo que tudo destrói. É relevante, porém, que se faça uma análise séria e honesta dos motivos subjetivos que fazem despertar uma repentina paixão de estadistas europeus que, ao invés de se mobilizarem para uma ação solidária de apoio ao governo brasileiro, disponibilizando recursos materiais, equipamentos e tecnologia adequados para ajudar no combate ao fogo, estão convocando reunião do G-7, que reúne as potências econômicas e políticas, como se pretendessem defender com unhas e dentes algo que lhes pertence. Esse questionamento traz à lembrança uma frase do falecido professor, médico cardiologista, físico e escritor Enéas Carneiro, sobre esse pretenso interesse: “Se fossem as árvores, bastaria reflorestar as terras deles”! Segundo ele, a questão não está no subjetivo, e sim “no subsolo” (vide ilustração). À boca pequena, correm comentários de que a Amazônia está infestada de estrangeiros de várias nacionalidades disfarçados de religiosos e integrantes de ONGs!
Ao viralizar a notícia do incêndio, foi criado um clima de terrorismo de tal forma, que na pressa utilizaram nas redes sociais fotos de queimadas de 20 anos atrás, a exemplo do Presidente Francês e da modelo brasileira Gisele Bündchen, além do jogador Cristiano Ronaldo, que usou uma foto do Rio Grande do Sul!
Entendo que a desgraça do incêndio tem de ser contida, mas, tratada com responsabilidade, humanidade e participação solidária, e não com ameaças chantagiosas da Europa contra o Mercosul, usando o Brasil como réu, só porque o povo contrariou na escolha de um Presidente que não é da simpatia deles.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 25/08/2019
13 Comentários
Maravilhoso, texto, muito lúcido e esclarecedor. (Feira de Santana-BA).
O falecido Enéas Carneiro não tinha nada de louco, ele até hoje a verdade crua e nua está se desmanchando pelas atitudes dos desgovernos Europeus, o G7 deveria se preocupar com a Rússia que está querendo atravessar o Golfo Ártico com uma Usina Nuclear. Isso sim é que é perigoso e não as queimadas na Amazônia Legal, onde eles usufruem e querem continuar a nos roubar o nosso solo. Por que eles não plantam árvores? (Rio de Janeiro-RJ).
Desculpa, Agenor Santos, eu e 58 milhões de pessoas votamos no Presidente, justamente para ser assim. Hoje o mundo está tomando conhecimento de que a Amazônia é nossa e que não vão mais nos roubar. (Salvador-BA).
Muito bem, Agenor, retrato fiel do que se passa com esses petistas que não se conformam com a derrota imposta pela maioria do povo brasileiro. (Camamú-BA).
Sempre gostei de Éneas, se tiver oportunidade coloque no YouTube em um antigo canal dele, colocações super pertinentes e que ele preconizava o hoje. Parabéns, mais uma vez, pelo texto excelente! (Salvador-BA).
Muito boa. (Salvador-BA).
Com toda certeza, Agenor. Sua descrição da situação é sensata e realista. E acrescento um dado importante que está sendo propositadamente “esquecido” pela grande imprensa: estamos em um raro período de seca. Na minha região simplesmente há 45 dias não cai uma gota de água. Algo inimaginável. E isto ocorre em grande parte do país. Até mesmo na Amazônia.Com queimadas em vários países. E quanto ao presidente francês, por medo do ingresso do agronegócio brasileiro na Europa, resolveu ceder ao protecionismo, agindo de forma desrespeitosa com nossa nação para justificar o bloqueio de um acordo. FOZ DO IGUAÇU
Caro Agenor, boa noite! Seria cômico se não fosse trágico. O seu relato é digno de reflexão por tudo que estamos assistindo. Ainda bem que para a situação, a “oposição falida” que você se refere, nem de longe se parece aquela de outros governos. Florisvaldo F dos Santos – São Paulo
Realmente você está coberto de razão, quando faz a lembrança da frase do falecido professor, médico cardiologista, físico e escritor Enéas Carneiro “Se fossem as árvores, bastaria reflorestar as terras deles, mas, a questão é SIM “NO SUBSOLO”. Na Região nós temos presentes O PETRÓLEO, OURO entre outros minerais de alto valor… E, quando você se refere aos estrangeiros que estão disfarçados de religiosos, se formos investigar vamos identificar que os “T”EÓLOGOS são, na realidade, “G”EÓLOGOS. Também, identifiquei, quando na era dos anos à partir de 1960, QUANDO EXERCI, NO BANCO DO BRASIL, A FUNÇÃO DE FISCAL DA CREAI (CARTEIRA DE CRÉDITO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL);
A grande maioria ou na totalidade dos agricultores, que cultivavam JUTA E MALVA, queimavam literalmente o roçado, no qual destruíram, árvores de Lei, frutíferas entre outras árvores das várzeas, e o pior após a queimada, ocorria a lixiviação assoreando os rios e lagos e hoje sofremos com as enchentes prematuras, cujas águas não mais ocupam as áreas que fisicamente evitavam as alagações nas periferias das cidades e vilas do interior do Amazonas, inclusive, a ausência daquelas árvores faz falta para equilibrar o calor favorecendo o início das queimadas. Sem contar, que os pecuaristas da região que para sucumbir as ervas daninhas dos campos, pastos dos bovinos e bubalinos, até bem pouco tempo usavam o fogo como meta para diminuir o custo dos tratamentos culturais (capinas).
E, assim, como medidas imposta pelo governo poderia eliminar a desgraça dos incêndios, que são permanentemente usados por essa classe de agropecuaristas da região através de tratos culturais de lavouras na região amazônica. (Manaus-AM).
Não foi à toa que este filósofo e pensador recebeu milhões de votos com poucos segundos de tempo de TV. E morreu misteriosamente… Nossa Amazônia sempre foi e será cobiça do mundo todo por suas riquezas naturais, minerais, ecológicas e pulmão do mundo. As centenas trilhões de dólares em petróleo, minerais, água subterrânea, dos rios, flora, fauna e beleza e elegância. Atrai a atenção do mundo. Olho neles exército brasileiro e Bolsonaro!! Eles querem é internacionalizar as nossas riquezas!! (Alagoinhas-BA).
Acho que essa tragédia está sendo usada com um oportunismo lamentável, tanto pelos políticos locais como os de outros países. Muito triste e revoltante tudo isso. Ação para solucionar o problema, muito pouca. Falatório, porém, está em excesso. (Salvador-BA).
Caro Agenor: Lúcido, oportuno e lógico seu comentário. Alie-se a tudo, como agravante, ao fato de não estarmos acostumados em OUVIR VERDADES NUAS E CRUAS (e muitas vezes destemperadas) de um Presidente que precisa de uma melhor assessoria, sem dúvida! Mas somente suas destemperanças ecoam, infelizmente! (Salvador-BA).
Sempre gostei de Éneas, se tiver oportunidade coloque no YouTube em um antigo canal dele, colocações super pertinentes e que ele preconizava o hoje. Parabéns, mais uma vez, pelo texto excelente! (Salvador-BA).