Quão bom e gratificante é, de vez em quando, poder buscar novas experiências culturais em outros territórios desse nosso vasto mundo, e assim poder mensurar o nosso grau de conhecimentos e como nos colocamos em um contexto universal mais amplo de desenvolvimento! Nesse agradável giro que ora repito por Lisboa, mesmo empolgado com a beleza encantadora da capital portuguesa, é preciso reconhecer o quanto Portugal tem se tornado cada vez mais identificado com a cultura e o desenvolvimento dos demais países da Europa.
Como Nação mãe do Brasil, que não só foi responsável pela sua descoberta, mas, sobretudo, pela formação dos seus traços culturais desde os primórdios de 1.500, acredito que hoje se impõe a obrigatoriedade de um melhor entendimento diplomático e cultural entre as duas nações, de forma a que esse afilhado rebelde possa assimilar essa modernidade que abre portas e janelas para o futuro!
Apenas acho que o acesso em ambos os territórios deveria ser livre de qualquer exigência de passaporte, mas, apenas admitida a própria Identidade pessoal, assim como ocorre em toda a comunidade europeia. Então, por que não uma estreita forma de relacionamento de maneira bem formatada dentro da realidade contextual do mundo? Em outras palavras, como podem viver distantes e separados, quem no passado foi mãe e filho?
Pelo que pude observar e absorver dos inúmeros contatos com muitos portugueses nesta semana de excelente convivência e rica troca de informações, o Brasil tem uma obrigação histórica de melhor aproximação, sem ranços ou mágoas históricas por quaisquer desvios herdados de uma época da cultura colonizadora. É reconhecível e evidente que temos uma herança maldita e que ganhou mais afirmação nos tempos atuais, que é a praga nefasta da Corrupção que por aqui parece também existe, ao ponto de se tornar comum a justificativa em frase popular no Brasil, “de que o mau da corrupção já vem desde o descobrimento em 1.500”. A propósito, há no Centro de Lisboa Outdoors da Direita portuguesa com frase: “Chega de roubalheira e impunidade; basta”. Seria coincidência?
Aliás, o mal exemplo do nepotismo vem das priscas eras da descoberta, quando o Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral, ao relatar a conquista portuguesa nas terras de Vera Cruz ao Rei Rei Dom Manuel I, em tom cheio de melindres e adulações, após detalhar todo o deslumbramento com a descoberta, pediu ao Monarca que libertasse o genro marginal que se encontrava condenado e em degredo na África. Era o princípio do “Toma Lá dá Cá” já vigente na cultura portuguesa de então? Assim, não é novidade e nem surpreende que o pretenso reinado atual dos “Bolsonaros” queira produzir um ato de nepotismo, ao pretender dar uma embaixada para o próprio filho! Só que a maldade aqui é praticada pelo “Rei” e genitor do candidato… Ou seja, aqui esse assunto de beneplácitos é tratado na maior cara de pau e sem pudor algum! Mas, na verdade, quem perdeu isso por aí para eles acharem, né!
Conheça como ocorreu o pedido de Pero Vaz ao Rei de Portugal,
“E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que Dela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza”. Comovente!!!
Em decorrência da falta de oportunidades de emprego no Brasil, testemunhei a enorme quantidade de jovens brasileiros presentes em vários setores da economia, mais específicamente em Hotéis, Restaurantes, Lojas de Shopping e, principalmente, no aplicativo UBER. Impossível saber a regularidade trabalhista de cada um, mas, importante é o grau de satisfação e alegria que demonstram pela certeza do reconhecimento dos patrícios portugueses pelo nível de desempenho do seu trabalho. Afinal somos aqui algo em torno de 85.000 brasilianos, cujo número é o total de habitantes de algumas cidades brasileiras.
Ouvi de um motorista de UBER, português, uma frase que mexe com o nosso sentimento de brasilidade: “o Brasil tem tudo para ser uma grande nação; o que tem faltado é governo”! Grande verdade!
É tão grande a população brasileira “a trabalhar por a cá”, que me permito afirmar que em PORTUGAL: TEM ATÉ PORTUGUESES!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – (Lisboa-Portugal).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 18/08/2019
11 Comentários
Infelizmente a nossa imagem no exterior ainda é de um pais atrasado tecnologicamente, subdesenvolvido e patrimonialista. O que é a mais absoluta verdade. Somos vítimas do proselitismo político partidário que provoca embates desnecessários. O radicalismo demonstrado vem apenas prejudicar nosso desenvolvimento que só pode passar pela modernização do país. Pois enquanto um grupo deseja a imposição de medidas saneadoras, outros reagem por defenderem o politicamente correto.E suas observações sobre o que viu em Portugal e a nossa história nos faz refletir sobre uma triste possibilidade: Se o atual governo não conseguir impor ( pois não adianta diálogo) medidas modernizantes, voltaremos ao domínio ideológico do socialismo? FOZ DO IGUAÇU
Parabéns, Agenor, muito bacana o texto!
Excelente texto. Parabéns! (Salvador-BA).
Sensacional!! (Rio de Janeiro-RJ).
Parabéns Agenor. Estou aqui em Lisboa há mais de uma semana e compartilho tudo com em que está em sua crônica. (Lisboa-Portugal).
Parabéns pelo texto; muito verdadeiro e elucidativo!!!
Olá, vizinho, mais uma rica experiência, hein? Ótimo texto… ótimas dicas de conhecimento, até porque nosso desejo é conhecer esse lugar tão importante à nossa cultura. Aproveitem bastante e boa viagem! (em visita a Toronto-Canadá).
Apesar de um bom número de brasileiros no território Português se dando bem, aparentemente, acredito que nenhum cidadão pode sentir um íntimo orgulho, quando capitula pelo oportunismo, quando não é capaz da renúncia para manter seus princípios, ou abandona o ideal para beneficiar-se individualmente, deixando apagar, na ausência do caráter, o sonho de defender o coletivo. (Manaus-AM).
Você tem o dom de me fazer lê um texto grande e não parar na metade. (Uauá-BA).
Meu irmão, meu bom cronista. Só a sua percepção e sensibilidade de escritor para nos enviar direto de Lisboa, tão bela crônica. Recordo-me que a umas décadas, minha tia-avó, que era paulista, ao citar a quantidade de nordestinos e estrangeiros que tinha em São Paulo, um dos ouvintes perguntou:
– E onde ficam os paulistas?
Tem tantos brasileiros em Portugal que vai chegar o tempo que vamos pensar que estamos no Brasil!! rsrsrsrs (Salvador-BA).
Agenor, boa noite!
Os seus artigos se superam uns sobre os outros a cada criação.
Esta sua narrativa (constatação) traz ao leitor uma nítida realidade em que vivemos, captada e exposta apenas por pessoas que tem a sua percepção, sensibilidade e uma forma prática de por no papel aquilo que vê, ouve e que sente.
Parabéns!
Florisvaldo F dos Santos – São Paulo