Esta crônica chega aos nossos estimados leitores sob o número 272, após um período de 5 anos e meio de edição semanal – no Blog Geraldo José atinge o NÚMERO 187, ou quase 4 anos -, vivenciando, nesta data da sua edição, talvez pela primeira vez, a hora da transição de ano, ou seja, de 2017 para 2018. Esse é um momento emblemático, em que as pessoas se confraternizam em abraços carinhosos e todas as emoções se revelam de forma intensa pelo sorriso ou mesmo pelas lágrimas! Cada qual tem a sua linguagem própria para expressar esse sentimento sempre revestido de um encantamento muito especial. Mesmo as mágoas, ainda que não perdoadas por algum motivo, recebem nessa hora o beneplácito do esquecimento e assim as tensões são amenizadas para dar lugar às alegrias do dia festivo.
A data de 31 de dezembro é única porque o ano não se repetirá, jamais. Nesse exato momento em que o leitor visita essa coluna, já se abriu a cortina de um novo tempo, em que as perspectivas futuras ainda se apresentam como uma incógnita para todos. No caso especial do nosso Brasil, cujas lideranças políticas nos últimos tempos declinaram na direção oposta à normalidade do interesse coletivo e do Estado, para priorizar os seus interesses pessoais, a nação passou a conviver com a expectativa de tempos nebulosos e o redesenho de toda uma trajetória histórica antes não pensada. Para completar, tem arbitrário querendo até ser absoluto, para mandar e desmandar! Que ridículo Brasil!
Nunca na história do país se imaginou que um dia iríamos conviver, simultaneamente, com quatro Repúblicas: a) A primeira, está atrás das grades das prisões, onde se encontram personalidades de todo tipo, como ex-presidente da Câmara de Deputados (e que era o eventual substituto do Presidefinição dente da República!), ex-governadores, ex-ministros, ex-deputados, executivos de empresas estatais, empresários, ex-presidente do Banco do Brasil (!!), ex-assessores importantes, etc.; a elite política do país, ou uma equipe de peso, se considerada a graduação dos crimes cometidos! b) A segunda, que está no exercício efetivo dos Poderes Legislativo e Executivo, mas envolvida em processos por corrupção pendentes de sentenças, e que sob a égide do Foro Privilegiado sobrevive graças à Lei e à indecente troca de favores mútuos; c) A terceira, integrada por ex-governantes processados e sentenciados à prisão, mas, protegidos pelos recursos às Instâncias superiores ou à decisão monocrática de certos Ministros “piedosos” do STF e, assim, o destino deles é ainda uma incógnita; d) A quarta e última República, composta por 207 milhões de submissos brasileiros que navegam no oceano da dúvida e das incertezas, à mercê da vontade daqueles que vivem sempre em torno do poder ou que manipulam as leis conforme as conveniências ditadas pela vergonhosa “reciprocidade” oferecida nas votações parlamentares! Fazendo o que querem ao seu bel prazer, e o povo que se dane ou que se exploda, como dizia aquela figura num programa de humor televisivo, cuja ficção de ontem, hoje se torna realidade.
Diante do clima festivo dos últimos dias que marcaram a passagem do ano, entendo que não seria compreensível que já no primeiro dia da nova caminhada pudesse existir qualquer carga de pessimismo quanto aos acontecimentos futuros. Ocorre que os problemas vigentes são muito fortes, e o cenário sombrio que se apresenta no horizonte a médio e longo prazo não permite que se oculte a verdade dos fatos, justamente quando se deseja que haja uma radical mudança no processo avaliativo de nossos eleitores, no importante ano eleitoral que aí está. Como não estão nem aí para nada, já viram o aumento de gasolina para começar o ano? Fácil administrar apertando o cinto dos outros!
O que se espera, concretamente, é que os brindes erguidos na euforia dos fogos de artifícios durante a passagem do ano, possam ser traduzidos como um grande RECOMEÇO neste novo capítulo da nossa história, eliminando OS CONTRASTES ENTRE O ANTES E O DEPOIS, e que nos PERMITA ESCOLHER OUTROS CAMINHOS E NOVOS FINS! Nós merecemos encontrar esse novo caminho…
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 31/12/2017
8 Comentários
Caro Agenor, bom dia!
Este seu ultimo artigo (digamos: penúltimo antes de começar 2018) vem fechar com chave de ouro o ano de 2017, ano este que para muitos personagens já deveria ter acabado há muito tempo.
Esta sua excelente definição sobre a nossa convivência com as quatro Repúblicas é digna de uma pessoa que teve uma percepção afinada no decorrer das ultimas décadas.
De resto, reproduzo a sua frase de esperança de que “os brindes erguidos na euforia dos fogos de artifícios durante a passagem do ano, possam ser traduzidos como um grande recomeço”.
Fraterno abraço para você, seus familiares, extensivo aos nossos leitores e amigos.
Que venha 2018!
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
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Esta sua crônica de fim de ano demonstra que 2018 deve ser diferente do que estamos vivendo nos últimos anos,para que possamos identificar o caminho correto para esta nação.Agenor, através da sua aguda percepção da realidade, quando você cita as 4 repúblicas, ficamos sem entender como chegamos a este ponto. Mas quando olhamos o populismo que foi implementado, na minha opinião, por uma Constituição que apregoa direitos mas não define como atingir este país da justiça, entendemos que o estado brasileiro cresceu demais e criou uma casta pública que obteve estes direitos. Que estão sendo custeados ao sacrifício da população. E para um Feliz 2018 precisamos de menos estado e mais Brasil. FOZ DO IGUAÇU-PR
Obrigado por ter oportunidade de ser privilegiado. As suas crônicas não ficam a dever de nenhum colunista desses que estão na mídia. Um Feliz 2018 e que o GADU permita que continue com essa inteligência por muitos séculos e da sua preciosa amizade. (Salvador-BA).
Agradeço-lhe pela sua mensagem dolorosa, mas verdadeira expressão do contraste entre o presente – que envergonha, enxovalha e humilha a Nação brasileira -, e o futuro, que desejamos radioso a ser construído como consequência desse fato histórico que é a operação Lava Jato, que nos orgulha e robustece nossa crença de que somos capazes de construir um futuro que seja o verdadeiro CONTRASTE ENTRE O ANTES E O DEPOIS. Feliz Ano Novo. (Rio de Janeiro-RJ).
A sua crônica nos traz a oportunidade de focar um desejo que se faz mister de encontrarmos uma solução viável para o nosso País, combalido com o efeito de tanta corrupção que se alastrou por todo país sem exceção.
A opinião pública do século XXI será municiada de informações corretas e velozes. O cidadão bem informado terá maior capacidade de união para aumentar o seu poder junto a administração pública. À proporção que surjam políticos competentes e exemplares, haverá de existir uma corrente popular entre a maioria, decidindo o melhor para o destino de nosso País. Deixando de fora todos esses políticos que de uma forma ou de outra, fora envolvidos nesse lamação de corrução nojenta, incluindo aí todos os que estiveram envolvidos de forma direta ou indiretamente nesse contexto.
Um brinde, também, pelos cinco anos de inteligentes crônicas, a julgar pelo período que passei a conhece-las. Belo painel da nossa realidade. (Salvador-BA).
Na verdade, o que talvez estejamos precisando é de uma campanha (não saberia dizer coordenada por quem – mas alguém ou entidade que tivesse representatividade e “bala na agulha” suficientes) para que a população, sofrida – e em regra os mais necessitados, ou mais fáceis/baratos de serem comprados e enganados pela corja de políticos (ou politiqueiros) profissionais que aí está há muitos mandatos – se CONSCIENTIZASSE da necessidade, absoluta, de NÃO RECONDUZIR QUALQUER DOS ATUAIS OCUPANTES DAS DUAS CASAS LEGISLATIVAS – Câmara e Senado – aos seus respectivos cargos. RENOVAÇÃO TOTAL JÁ !
Ainda que um ou outro (no máximo uma “meia dúzia que não seria de três ou quatro) fosse vítima da amplitude desse processo. O fogo e suas labaredas, quando atingem um imóvel, não escolhe móveis novos ou velhos, paredes bonitas ou desgastadas pelo tempo. Assim foi, também, com o Dilúvio – e note-se que nesse caso, a ira, ao que consta, foi Divina e para promover a necessária limpeza e varredura que a Terra, naquela época, estava precisando. Será que não é o caso, agora?… Fica a reflexão.
Parabéns pelo texto e pelo tema levantado.