Nos tempos bicudos e conturbados em que hoje vivemos, soa como uma graça divina o ar alegre, sorridente e cheio de empolgação de pessoas que um dia na trajetória da vida se encontraram por um acaso do destino e das lides profissionais, mas que souberam construir com rara maestria uma sólida e duradoura relação de amizade cordial, quase familiar…! Cada abraço traz a expressão do entusiasmo e da felicidade visivelmente estampada na face de todos. Algo complexo e intraduzível em palavras!
O meu ânimo de cronista calejado ao longo de tantos anos encontra relativa dificuldade em traduzir a força de tamanha energia que emana desses jovens já amadurecidos pelo tempo, ou não, mas cuja vibração tem uma grandeza incomensurável! A idade de cada um perde o grau de importância, ainda que cabelos já se foram ou vaidosamente mudaram de cor, enquanto algumas leves protuberâncias também surgiram aqui ou acolá, mas, que servem como alimentadores do papo gozador de cada um durante o reencontro! Os atletas de ontem, não mais correm no campo com a mesma juventude; o “baba”, sempre muito organizado, tem até Diretor responsável, mas, já não tem a empolgação de outrora, visto que este ou aquele já não joga mais o mesmo futebol; ainda assim, a torcida vibra com carinho, compreensão e tolerância.
Se pararmos um pouco para comparar as relações de trabalho, atualmente, com certeza, e infelizmente, não vamos encontrar nada que se compare com os vínculos criados num simples ambiente bancário, naquele passado longínquo, onde nada nem o tempo têm conseguido apagar.
Quem assiste de fora e não tem vínculos com o grupo, busca interpretar como é possível que pessoas que trabalharam juntas entre 25 e 35 anos atrás no Banco do Brasil, em Irecê, cuja agência chegou a ter um Quadro de Pessoal de 220 funcionários, tenham encontrado essa força pujante de uma amizade tão sincera, a ponto de reunir num Encontro cerca de 200 pessoas entre aposentados (as), esposas e esposos! Para mim foi um privilégio e uma honra ter sido o Gerente-Geral dessa equipe entre 1985/1989, e continuo firme e fiel ao lado deles nesses reencontros… Vale ressaltar, com muita alegria, que nesse Evento IRECÊ 2017, realizado na AABB-Salvador, na última semana, dois colegas da agência fundada em 1964 (53 anos atrás!), estavam presentes: FERNANDO PEREIRA ELOY (Salvador-BA) e RUY LIMA ALMEIDA (Aracajú-SE), os quais foram alvos do respeito e da solidariedade dos “meninos” dos tempos mais recentes!
Espero que os meus leitores de todas as semanas tenham a compreensão dos motivos porque o cronista variou tão radicalmente os temas tradicionais. Mas, a motivação como cúmplice dessa integração tão incomum e especial, que é um retrato exemplar e dignificante de como se preserva a identidade e a imagem de uma empresa centenária como o Banco do Brasil, provoca em mim e em todos os que participaram do “ENCONTRO IRECÊ 2017” uma forte carga de emoção e que tem de ser extravasada de alguma forma.
A verdade é que foram quatro dias de um feliz congraçamento, marcados por um passeio de Escuna na Ilha de Maré, na Bahia de Todos os Santos – espetacular! -, um grande Encontro na AABB-Salvador regado a churrasco e o encerramento no último domingo com uma bela feijoada e Lavagem com direito a baiana e tudo. Sobrou sorrisos e encantamento geral, além da frase final mais ouvida e que marcou o encerramento: “Onde será o próximo Encontro? Que venha logo 2019”!
Desta vez descobrimos no grupo um colega com qualidades poéticas (o Williams, de Minas Gerais, nosso representante eleito no Conselho Fiscal da PREVI, ora Presidente), cujo poema do evento reproduzo a seguir:
Esse negócio nosso é muito esquisito…
Faz tremer as pernas.
Enche o gogó de travas.
Dá vontade de abraçar.
Dá vontade de não mais soltar.
Dá vontade de tudo.
Dá vontade de nada.
Dá vontade de prosa.
E também só olhar.
Tem jeito de mula manca.
Que anda devagarinho.
Tem jeito de bravo corcel.
Que dance como louquinho.
Tem jeito de ciúme.
De quem não compreender.
Que o nosso amor é demais.
E moléstia não vai querer.
Aqui só é boa coisa.
Que só pode vir de Irecê.
Concluo, prazerosamente, recorrendo à frase final da minha crônica do ENCONTRO anterior: O TEMPO PASSA E A HISTÓRIA GANHA NOVOS PERSONAGENS, MAS OS ATORES DO PASSADO NÃO DEVEM SER JAMAIS ESQUECIDOS!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 12/11/2017
12 Comentários
Caro Agenor Santos, bom dia!
Como diria o nosso Rei Roberto Carlos, QUANTAS EMOÇÕES!
Por tudo o que você relatou e da forma que fez, nem precisaria pedir a compreensão dos seus leitores, já que você esta contribuindo para a historia ao registrar coisas importantes que aconteceram no século XX e com absoluta certeza, não irão se reproduzir nos próximos séculos, portanto, tem que ser dito, publicado e divulgado para as próximas gerações.
Sou testemunha ocular das emoções provocadas nestes encontros, já que também participo de um destes encontros denominado “AMIGOS DA CIS” (Companhia Internacional de Seguros, fundada em 1920 e liquidada Extrajudicialmente em 1991), onde trabalhei por 27 anos.
A partir da sua extinção, montamos um grupo de Ex-funcionários e nos reunimos uma vez por ano para um almoço festivo (quase nem conseguimos almoçar), para relembrar dos bons tempos que passamos juntos e cultivar a imagem da empresa que para nos, jamais morrerá.
No decorrer destes anos, naturalmente, alguns dos nossos colegas partiram e encontram-se num plano superior, e, para nossa grata surpresa os seus descendentes estes nossos colegas, passaram a frequentar e evento prestigiando a memoria dos seus pais.
Veja o link do nosso último encontro: https://ccssp2013.wordpress.com/2017/04/14/projeto-de-livro-da-internacional-de-seguros-e-lancado-em-encontro-dos-amigos-da-cis/
Parabenizo aos organizadores e todos os participantes deste seu festivo e importante encontro.
Abraço,
Florisvaldo F dos Santos
Participei deste maravilhoso grupo, exatamente no período de 1985 a 1988, quando tive a honra e o privilégio de conhecer este cronista e líder que nos brinda com suas palavras a cada semana. A descrição através desta crônica revela a emoção de sermos amigos de todos os tempos.Daqueles que quando encontramos dá vontade de abraçar, e não mais soltar. Conforme as palavras do nosso amigo Williams, trazidas pelo cronista. E continuaremos a ser amigos para sempre. FOZ DO IGUAÇU-PR.
É bem verdade, essa guinada sobre o assunto de sua crônica “ENCONTROS E REENCONTROS”, me propiciou um momento de felicidade, pois, tive diversas oportunidades destas, porque, também faço parte dessa família de antigos funcionários do Banco do Brasil. Renovar a ideia de que ainda há encontros que faz ecoar o sentimento forte de uma família que sempre ostentou, a honestidade, ética, moral e sobretudo a harmonia familiar. Por este motivo, me sinaliza que o Brasil ainda se pode ter a esperança desejada para sairmos ilesos desse lodo mar de corrupção e fixarmos o desejo de prosperidade e desenvolvimento sustentável.
Quando estávamos na ativa com o universo desse pessoal destemido, que assumia função nos mais longínquos lugares das Regiões brasileiras, onde se iniciava a produção agrícola, pecuária e o extrativismo na Amazônia (borracha, castanha, sorva, balata, breu, madeiras nobres e até peles de animais selvagens para confecção de roupas e sapatos finos). HOJE É UMA REALIDADE BRASILEIRA O AGRONEGÓCIOS.
Enfim, gostaria de finalizar declamando o poema “ENCONTROS DAS ÁGUAS – De Quintino Cunha”, porém vou me limitar a última estrofe:
“Se estes dois rios fôssemos, Maria, / Todas as vezes que nos encontramos, / Que Amazonas de amor não sairia,/ De mim, de ti, de nós que nos AMAMOS!…
(Manaus-AM).
Muito oportuna a sua abordagem, tendo como inspiração o “Encontro Irecê – 2017”, que atraiu extraordinária leva de ex-colegas de labuta na mencionada “Casa Secular (BB)”. O relato me emocionou bastante, porque: (I) já não se fazem mais colegas com o espírito fraternal que tanto uniu e caracterizou a geração “satélite” de outrora; (II) faço parte de um pequeno grupo empossado no BB-Lençóis, que se mantem coeso e unido, até a atualidade, em que pese seu reduzidíssimo número e Deus já nos haver tirado 3 deles; (III) o caso de Irecê – onde meu irmão tomou posse na década de 60 e foi chefe da CREAI (na mesma época) um colega e grande amigo que conheci ao participar, em 1969, de um curso patrocinado pelo BACEN – sempre foi marcante pelo elevadíssimo número de funcionários e adidos que ali trabalharam em décadas passadas, inclusive já tendo o Banco sido compelido a providenciar instalações especiais para abrigar servidores convocados ao labor produtivo, em prol da região; (IV) a prova de que o espírito comunitário, diria eu “irmandade ou familiar” que caracterizava os funcionários do passado, foi a excepcional presença de algo em torno de 2 centenas de velhos colegas ao feliz evento de vocês.
No mais, a sua crônica diz melhor do que minhas palavras o quão gratificante foi esse evento, com particular parabéns ao Williams pela revelada veia poética, com apresentação de uma peça muito bem elaborada e em perfeita compatibilidade com a ocasião.
Parabéns a todos e saibam: confraternização e saudades fazem bem, sim, à saúde e à alma das pessoas. Com um grande abraço do incorrigível saudosista. (Salvador-BA).
Olá, Agenor: Como é bonito ver a amizade vencer o tempo e se fortalecer apesar da distância e de tantos afazeres e compromissos! Realmente, isso é motivo de muita alegria e felicidade! A gente percebe nas palavras, expressamente e não nas entrelinhas, muita alegria e contentamento. Parabéns a essa galera e que esses encontros e reencontros aconteçam por muitos e muitos anos para felicidade de todos! (Uauá-BA).
Você foi muito feliz ao colocar nesta crônica a beleza que foi este Encontro, com certeza a inspiração vem da alegria do reencontro de pessoas com as quais partilhamos nossas vidas por algum tempo. (Feira de Santana-BA).
Parabéns Agenor, esta é uma das melhores ou a melhor crônica que você já fez, brilhante. Traduziu muito bem o sentimento de alegria e tudo mais que os participantes sentiram. Que venha 2019! (Vitória-ES).
Apesar do desejo de rever os amigos de Irecê, dessa vez estava impossibilitado de comparecer. Mas em 2019 estarei lá com a graça do GADU. Tenho um carinho especial por esses colegas, pela Bahia e por Irecê em especial. Meus dois primeiros filhos nasceram por lá. São baianos Ireceenses. Peço ao Ir.’. que,, se possível, me envie algumas fotos do encontro.
É bem verdade, essa guinada sobre o assunto de sua crônica “ENCONTROS E REENCONTROS”, me propiciou um momento de felicidade, pois, tive diversas oportunidades destas, porque, também faço parte dessa família de antigos funcionários do Banco do Brasil. Renovar a ideia de que ainda há encontros que faz ecoar o sentimento forte de uma família que sempre ostentou, a honestidade, ética, moral e sobretudo a harmonia familiar. Por este motivo, me sinaliza que o Brasil ainda se pode ter a esperança desejada para sairmos ilesos desse lodo mar de corrupção e fixarmos o desejo de prosperidade e desenvolvimento sustentável.
Quando estávamos na ativa com o universo desse pessoal destemido, que assumia função nos mais longínquos lugares das Regiões brasileiras, onde se iniciava a produção agrícola, pecuária e o extrativismo na Amazônia (borracha, castanha, sorva, balata, breu, madeiras nobres e até peles de animais selvagens para confecção de roupas e sapatos finos). HOJE É UMA REALIDADE BRASILEIRA O AGRONEGÓCIOS.
Enfim, gostaria de finalizar declamando o poema “ENCONTROS DAS ÁGUAS – De Quintino Cunha”, porém vou me limitar a última estrofe:
“Se estes dois rios fôssemos, Maria, / Todas as vezes que nos encontramos, / Que Amazonas de amor não sairia,/ De mim, de ti, de nós que nos AMAMOS!…(Manaus-AM).
Excelente relato, “nobre Poeta”. Com as temperanças, axés, tchês e uais que, certamente, permearam os participantes ao longo de todo o tempo das festividades, muito agradável a leitura e melhor ainda deve ter sido o convívio. Tanto mais que nos dias atuais tem prevalecido na grande mídia quase só o que menos presta, seu texto soa como um afago para a alma.
Por que será que essa boa prática (encontros e reencontros), tão nobre e salutar, não é tão difundida, quiçá exercitada? Quantas “turmas de Irecê” devem existir por esse nosso Brasil afora? Ou será que estamos nos acostumando apenas a ver e ouvir diuturnamente os malcheirosos casos que resultam dos encontros (para nosso desespero, semanais) no Planalto Central, e isso não nos provoca ou promove encontros e alegrias, não nos transmite alentos … ao contrário, causam “infelicidade geral à nação”… (Salvador-BA).
Agenor Santos, enquanto lia a sua crônica, como num passe de mágica, me vi, ainda criança, no nosso querido Irecê convivendo com aquele ” bando” de rapazes vindos dos mais variados rincões e que ao aportarem nas Caraíbas como bancários do BB, talvez não tivessem a noção de que estariam dando uma contribuição da maior importância para o desenvolvimento daquela região. Além disso, se integraram na nossa comunidade como amigos de longa data e a prova disso é que muitos se casaram com as moças da tradicional família, construindo uma relação indelével com todos nós. Parabéns amigo pela bela crônica. Cheio de emoção, te desejo vida longa. (Irecê-BA).
Parabens amigo Agenor.
Natanael Ferreira de Souza (Licuri da Brahma)