Já comentei em outra oportunidade, que o Brasil, por ser um país relativamente jovem – apenas 517 anos de descoberto -, tem como obrigação copiar as boas regras praticadas em outros países mais tradicionais para alcançar o aperfeiçoamento de suas instituições. De outra parte as boas atitudes e bons costumes que marcam a cultura dos povos, também devem servir de parâmetro e aprendizado, moduladores dessa jovem cultura (Crônica do autor: POR QUE NÃO COPIAR OS BONS EXEMPLOS?, de 18/05/2014). Já no primeiro parágrafo, dizia: se somos um país jovem e temos tantas deficiências e fragilidades em nossa postura humana e na estrutura organizacional de nossas Cidades, Municípios, Estados e Nação, por que não copiamos o bom exemplo dos modelos já aprovados pelo mundo?
Os intercâmbios estudantis entre países e as visitas de autoridades objetivam exatamente a troca de mútuas informações que consolidam um processo de aprendizado cultural, o que somente enriquece os povos. Tenho certeza que muitos dos leitores que vão ler esse artigo, certamente conhecem inúmeros casos de jovens participantes de intercâmbios.
Recentemente circulou fartamente nas redes sociais um vídeo muito interessante, em que um brasileiro que reside na Finlândia faz um depoimento completo, com riqueza de informações, entrevistas, imagens e depoimentos, sobre a maneira como aquele país que até antes de sua independência, 100 anos atrás, convivia com o atraso e muitas precariedades que se refletiam na vida da sua população e, de repente, o Parlamento assumiu uma postura que transformou completa e diametralmente todo o sistema social, educacional, cultural e econômico do país, através de uma lei aprovada. E a peça básica e fundamental de toda essa engrenagem revolucionária e que passou a ter uma atenção total e absoluta, foi a EDUCAÇÃO! O governo finlandês estabeleceu por lei, a partir de 1921, que os investimentos seriam prioritários em todo o sistema educacional, com total inclusão social, sem diferença de classes, ensino gratuito do Básico à Universidade, professores com cursos de especialização e Mestrados, e salários os mais atraentes. O governo estava convicto que somente assim o país alcançaria o status de desenvolvimento desejado. Lá, ser professor se tornou melhor do que ser Doutor, ou seja, é uma profissão mais atraente do que ser um médico, e o filho de um faxineiro estuda na mesma escola pública que o filho de alguém da alta sociedade, porque, para ambos, o ensino é público e assumido pelo Estado. O salário é metade do que ganha um Deputado! Copia isso, Brasil!!!
Esse belo e dignificante exemplo da Finlândia pode significar para nós brasileiros, que ora vivenciamos o clima de desencanto e quase desesperança diante da escassez de credibilidade daqueles que nos representam, seja no Executivo ou Legislativo, a única saída alternativa para reencontrar o caminho da salvação do país: a EDUCAÇÃO. Faz-se urgente restabelecer os valores que honravam a escola pública nos diversos níveis no passado, tempo em que não se falava em ensino particular, remunerando decentemente e valorizando o trabalho dos valorosos professores. Pode ser um sonho, mas como afirmou o grande escritor Paulo Coelho: “O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos”.
A Educação além de promover a formação do caráter das pessoas, estimula a assimilação de novos valores e princípios de conduta, com reflexos positivos na qualidade da saúde pessoal e na queda da violência na sociedade, em geral. O Poder Público, ao aplicar na Educação, bem que deveria mudar a forma de contabilizar essa despesa, não na rubrica de GASTOS ORÇAMENTÁRIOS, e sim na CONTA DE INVESTIMENTO! Oxalá cada governante neste país abraçasse com paixão o ensinamento deixado pelo saudoso Educador pernambucano, Paulo Freire, incorporando-o nas práticas de gestão: “Educação NÃO TRANSFORMA o mundo. Educação MUDA pessoas. Pessoas TRANSFORMAM o mundo”.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Vitória-ES).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 16/07/2017
11 Comentários
Atraído pelo tema, para mim mais que oportuno, volto a dar “pitaco” sobre mais uma de suas inteligentes crônicas semanais. A propósito, não guardo qualquer expectativa quanto a possibilidade de vermos colocada em prática a valorização da educação no Brasil e, muito menos, do professor, haja vista que, na contramão do desejável, no particular, TEMOS INVOLUÍDO. Com 77 setembros vividos, lembro da escola primária, exclusivamente pública, cujos professores eram excelentes e respeitados. Hoje, são agredidos e até assassinados por alunos, com a conivência de pais irresponsáveis e das autoridades.
O currículo era bom, o espírito pátrio imperava, a disciplina era absoluta, a ponto de, quando uma pessoa, por qualquer necessidade eventual, precisava adentrar numa sala de aulas, automaticamente, todos os alunos levantavam-se de seus assentos numa atitude de deferência e atenção ao visitante. Isto para dizer o mínimo. No ginásio, no científico e a nível de universidade não era diferente e, impensável no Brasil de hoje, os professores eram melhor remunerados (embora ainda aquém do nível ideal) e tratados como semideuses. Merecidamente idolatrados.
O bem lembrado exemplo da Finlândia não atingiremos NUNCA. Aqui no Central, por exemplo, tínhamos uma equipe de mestres do mais elevado gabarito, vestiam-se bem, tratavam os estudantes com carinho e dedicação, entre os quais ainda recordo de alguns nomes notáveis: Valter Reuter, Raimundo Pereira, Alaor, Peltier, Adelmo, Albino, Barretão, Moura Bastos, Bisquet, Dinaro, Fernando Santana, Dalva Matos (saudosa fundadora da sobrevivente Organização de Auxílio Fraterno), Candolina, Helena Parente, Irá Maia, entre tantos outros monstros sagrados da educação na Bahia.
Pelo menos, enquanto o erário estiver em mãos de administradores públicos que priorizam suas IMERECIDAS E IMORAIS MORDOMIAS como, de resto, as do poder judiciário, enquanto, acintosamente, distribuírem recursos sempre disponíveis para a compra de apoio político, ao passo que, para a educação, as minguadas verbas inexistem, quando não são criminosamente cortadas. Muito mais haveria que dizer a respeito, mas não pretendo importuná-lo além do tolerável.
VOU ME MANIFESTAR EM CAIXA ALTA! PARABÉNS CUNHADO, VOCÊ É UMA FONTE DE UM RIO DE SABEDORIA, CONTINUE NOS ABASTECENDO COM O CRISTALINO DA ÁGUA E SACIANDO NOSSA SEDE DE CONHECIMENTOS. (BELÉM-PA)
O mundo só será transformado com a vontade e a determinação de cada pessoa. Então precisamos proporcionar a mudança individual através da educação para que nasça e cresça uma nova perspectiva para o país. (Salvador-BA).
Grato pelo belo texto. Que DEUS a todos nos abençoe!!! (Manaus-AM).
FATO: MAIS UMA BRILHANTE MATÉRIA DA LAVRA LITERÁRIA DO NOBRE AGENOR SANTOS… (Nordestina-BA).
AGORA VOCÊ ATINGIU O CERNE DA QUESTÃO. A educação não muda o mundo, mas, muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo. O exemplo da Finlândia é extraordinário, pois, o comportamento e atitude em revolucionar a EDUCAÇÃO foi a medida certa. O ESTADO investiu na Educação como um todo e o alvo foram os estudantes e educadores. Eliminaram as escolas particulares e na Escola que aprende o filho do faxineiro também aprende o filho magnata, ou seja, o filho do pobre tem as mesmas condições do filho do rico. Também, os professores tiveram status e bem remunerados. Esse é um exemplo digno de ser copiado e com melhorias, uma vez que estamos vivendo um mundo caracterizado por mudanças rápidas, radicais, irreversíveis e muitas vezes até brutal. Por esse motivo, deveremos nos adequar com as inovações tecnológicas. (Manaus-AM).
Grato pelo belo texto. Que DEUS a todos nos abençoe!!! (Manaus-AM).
Parabéns Agenor! Defendo isso há mais de 40 anos, quando participava do DA de Odonto.
Sua percepção da realidade brasileira torna-se ainda mais aguda nesta sua crônica, Agenor. Realmente é triste a educação não estar em primeiro plano, embora os políticos tentem nos convencer disto. E paralelamente ao exemplo da Finlândia, lembro a Coreia do Sul, que em 2 gerações após uma guerra fratricida , tornou-se um exemplo em organização social e tecnologia. A frase final que você escolheu resume tudo. Pena que nossa gestão política carece de inteligência social.
AGORA VOCÊ ATINGIU O CERNE DA QUESTÃO. A educação não muda o mundo, mas, muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo. O exemplo da Finlândia é extraordinário, pois, o comportamento e atitude em revolucionar a EDUCAÇÃO foi a medida certa. O ESTADO investiu na Educação como um todo e o alvo foram os estudantes e educadores. Eliminaram as escolas particulares e na Escola que aprende o filho do faxineiro também aprende o filho magnata, ou seja, o filho do pobre tem as mesmas condições do filho do rico. Também, os professores tiveram status e bem remunerados.
Esse é um exemplo digno de ser copiado e com melhorias, uma vez que estamos vivendo um mundo caracterizado por mudanças rápidas, radicais, irreversíveis e muitas vezes até brutal. Por esse motivo, deveremos nos adequar com as inovações tecnológicas. (Manaus-AM).
Cariss:. Ir:. Agenor. A educação é a base fundamental, tudo começa nela. A Coréia do Sul estava atrás do Brasil há aproximadamente 20 anos. Investiu maciçamente em educação e hoje é um país mais forte (AQUI recebemos os seus produtos: Hyundai, Kia, Samsung, LG e outros). A China também. É preciso colocar a educação em patamar destacado, resguardada de eventuais cortes orçamentários (educação e saúde não poderiam sofrer cortes). Mas educação não é só saber ler e escrever, é, principalmente, a formação do caráter. Um e-mail que me mandaram (já faz alguns meses), supostamente encontrado em um campo de concentração, dizia que os instrumentos de morte dos campos de concentração foram produzidos por engenheiros e outros profissionais com educação superior. Os oficiais mais graduados, ali, também tinham formação superior. Mengels era médico (portanto formado em universidade) e cometeu as atrocidades que foi capaz de realizar. Ao lado de matérias que preparam o estudante para uma futura profissão (matemática, física, química, etc.) é necessário incluir outras que formem SERES HUMANOS DIGNOS E SENSÍVEIS ÁS DORES ALHEIAS. No Japão, no episódio recente do tsunami, houve problemas de abastecimento e as pessoas reduziram o volume de suas compras para que o estoque atendesse a todos. Isto é cidadania, educação. Em 1970 em viagem à Europa eu presenciei uma batida de veículos em uma estrada, na Bélgica. Os motoristas desceram de seus veículos, se cumprimentaram e trocaram informação sobre os respectivos seguros. Se despediram polidamente e prosseguiram na jornada. O problema passaria para as seguradoras. Não houve agressões (nem verbais), nem ameaças. Por enquanto há uma resistência muito grande aqui, pois os políticos não se interessam por eleitores esclarecidos, que lhes cobrem atuação, lhes fiscalizem o comportamento. Mas, aos poucos, aos trancos e barrancos como se costuma dizer, chegaremos um dia lá. Isto eu tenho certeza, pode demorar, mas chegaremos lá, talvez antes do que nos é lícito cogitar. (Manaus-AM).