O nosso querido Brasil é um país relativamente jovem, não só no seu tempo de descoberto (516 anos), mas, sobretudo, por uma população marcada pela presença acentuada de 89,2% de jovens, considerando-se a faixa etária até 59 anos. Nas últimas décadas vem se registrando um notável crescimento no número de idosos – 60 anos de idade ou mais -, em decorrência da queda nas taxas de mortalidade e natalidade, e aumento da expectativa de vida. Segundo estudos do IBGE o país tem em torno de 10,8% de idosos (2014), mas com expectativa de chegar a 26,7% em 2060.
Para uma nação cheia de jovens e de esperanças num futuro cada vez melhor, esse é um perfil animador e que não permite que a pátria amada fique “deitada eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo”, assistindo à passagem do trem da história conduzindo o progresso e o desenvolvimento… Mas, a ação motivadora da população jovem, cheia de pujança e energia, voltada ao crescimento e às novas conquistas não somente pessoais, mas, sobretudo, pela sociedade do seu país, haverá de consolidar essa expectativa.
A introdução acima, inspirada na crença inarredável de que os jovens representam o futuro, de repente é surpreendida pelo desabafo triste de uma adolescente de 15 anos, assustada por assistir ao lamentável papel desempenhado pelos adultos e idosos que atualmente comandam este país, em todos os setores e Poderes da vida nacional. Num comentário à minha crônica “UM SUBMUNDO ASSUSTADOR”, da última semana, a leitora Adriana postou uma mensagem que trouxe à luz um viés da nossa realidade pouco imaginada pelas pessoas, mas que me permito reproduzir para a reflexão de todos os leitores que não tiveram acesso ao seu comentário: “Sou obrigada, tristemente, a concordar com uma garota de 15 anos que ontem falou para mim “que o melhor é ir embora do Brasil porque as notícias diárias são confusas”…!
Essa revelação inusitada afeta profundamente a todos nós adultos, idosos ou não, como se nos convocasse a ter mais responsabilidade com o país que estamos preparando para nossos filhos, netos e bisnetos…! Podemos não desempenhar qualquer função pública, mas temos a obrigação moral de não nos omitirmos no exemplo permanente de cidadania, bem como pelo cuidado mais seletivo na escolha dos nomes que vão responder pela gestão administrativa do município, do Estado e da Nação.
Ao recordar as conversas que fazem parte do diálogo diário entre as pessoas, o leitor não fará muito esforço para concluir que ele é composto por frases que retratam o abatimento que contamina a todos, por testemunharem uma crise moral sem precedentes em nosso país, onde se assiste ao império da mentira, da falcatrua, da fraude e da nojenta propina liderando as relações com o Estado! Antes, na natural saudação que caracterizava cada encontro, o óbvio era: “bom dia; boa tarde; como vai a família…”. Mas a primeira abordagem hoje consagrada, trata-se de: “qual o novo escândalo do dia; qual o Ministro caiu hoje; qual o parlamentar foi preso; o delator entregou quem hoje; não tem jeito, são todos iguais…”, etc.
No contexto mundial é uma circunstância normal que uma nação sofra as influências e efeitos negativos das injunções econômicas, resultantes das mutações de mercado e crises cambiais. O que não pode ser admitido, todavia, é que a sociedade seja levada a perder o sentido de todo o alicerce de caráter que se constitui na base da estrutura dos valores da família, ao ponto dos nossos jovens se revelarem decepcionados e pensando que a solução é abandonar a sua terra…!
É incrível, mas estamos chegando a um ponto tão genérico no campo das irregularidades, que não há qualquer justificativa em tentar defender ou colocar no pedestal essa ou aquela sigla partidária, ou de amigos se digladiarem com amigos em defesa de Partidos, porque cada um está administrando o seu interesse pessoal, unicamente, e os escândalos se tornam tão abrangentes que não escapa ninguém desse CARNAVAL que agora assistimos durante o ano todo… E que muitas vezes, durante essa “festa”, ainda ouvimos os foliões se chamarem, gentilmente, de: “patife, vagabundo, ladrão, bandido, rapariga é a tua mulher”!
Pode parecer hilário, leitor, mas esse diálogo acima, educado e ético, ocorreu entre dois deputados na sessão de 07/06/16, do CONSELHO DE ÉTICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, em Brasília! Uma baita festa ou… uma festa baixa?!
Que desencanto com esses senhores! Desculpem, mas, com esse nível de legisladores, o que menos merecem – salvo raras exceções -, é o tratamento de EXCELÊNCIAS. Na verdade, eles são mesmo é um grande MAU exemplo para a nossa juventude!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador-BA).