É inquestionável que em todos os setores que envolvem a atividade humana, desde as mais simples influências que alimentam a vida, às mais pontuais estruturas das organizações sociais e produtivas, há uma convivência natural com os processos de mudanças ocasionais ou frequentes, seja para um melhor aperfeiçoamento da qualidade das conquistas desejadas, seja para identificar o lado frustrante por algumas expectativas não realizadas.
Assim, a experiência dessas mutações ao longo da história apresenta aspectos positivos e negativos, conforme a intensidade dos fatos, principalmente quando passam a afetar não apenas um indivíduo em particular, mas a grupamentos, comunidades, um Estado ou o País como um todo. Obviamente que existem muitas variáveis e formas diversas de alterar o ritmo das coisas. Enquanto a implementação de projetos renovadores em setores que impulsionam o desenvolvimento humano, como na educação, na saúde e na modernização do processo produtivo, tendem a transformar de maneira revolucionária o perfil de um povo, gerando motivação, alegria, otimismo e paixão por novas conquistas, a falta deles pode conduzir um país à estagnação, ao comodismo e à indisposição para trabalhar e produzir.
Como acontece em toda nação deste mundo, e no Brasil não seria diferente, a História é escrita conforme os acontecimentos e os personagens que participam da sua trajetória, enriquecendo-a ou empobrecendo-a conforme o papel desempenhado pela sua gente e, principalmente, por aqueles que se propõem a assumir a liderança e o comando representativo do Estado. Em cada nova fase de um pleito eleitoral, é empolgante vê como a sociedade se divide em diversos grupos, cada qual em busca dos líderes com os quais possa identificar os seus anseios e expectativas, daí decorrendo os erros e acertos.
É preciso entender, contudo, que o resultado final dessa escolha deixa de ser um privilégio restrito aos que votaram com o eventual vencedor, visto que os seus atos no exercício do cargo passam a impactar a vida de todos os cidadãos, indistintamente, e aos quais fica assegurado, também, o direito inalienável e constitucional de aplaudir ou protestar quando evidentes os desvios de conduta e gestão administrativa. Outra forte evidência a ser compreendida, é que o vínculo do eleito à legenda de um partido não assegura a essa agremiação política ou aos seus representantes, o direito de propriedade sobre o patrimônio do Estado, do qual possa usurpar e manipular as suas reservas “ao seu bel prazer”, extrapolando todos os limites da normalidade e da decência.
Os fatos chegados ao conhecimento público nos últimos tempos, não por mera especulação da Imprensa, mas resultantes da rigorosa investigação da Polícia Federal, dos depoimentos de empresários e políticos presos, e que esbarraram na seriedade e rigor da Justiça Federal e do Ministério Público, nos dão conta de uma incomensurável magnitude nos escândalos envolvendo o superfaturamento de obras públicas para desvios de enormes somas destinadas ao enriquecimento ilícito de uma numerosa corja. Ainda que não se possa incriminar a Presidente da República como beneficiária em nenhuma dessas falcatruas, não é possível omitir a sua responsabilidade pela má gestão dos recursos públicos, visto que os principais envolvidos fazem parte do seu séquito, além de cometer falsidade ideológica na ocultação dos números reais da economia nacional com fins eleitoreiros.
Causou grande surpresa as quantas pessoas de bem ouviram as gravações grampeadas pela Justiça Federal da Lava-Jato, o linguajar do mais baixo nível, irreverente e chulo usado pelo ex-presidente Lula nos diálogos telefônicos com seus interlocutores, o que evidenciou para o Brasil e para o mundo um lado baixo e desconhecido do seu perfil. Nessa ocasião ofendeu autoridades e instituições. Isso nada tem a ver com a sua falta de estudo ou formação acadêmica, condição que se respeita, mas, o fato de ter sido eleito duas vezes pelo povo como Presidente da República, tinha ele a obrigação de preservar a imagem e a dignidade do cargo que exerceu e que o colocará nas páginas da História como o primeiro Presidente egresso da classe operária. Além disso, esse palavreado rasteiro não fica bem “ao maior e mais bem pago conferencista do Mundo a partir de 2011” (!) como afirmou para a militância presente no Instituto Lula.
É triste notar que alguns acham essa irreverência engraçada e às vezes o defendam usando um linguajar semelhante, quando, ao invés disso, deveriam dar o exemplo de que somente uma boa educação, ressaltada nos mais simples gestos e atitudes, pode salvar esse nosso Brasil.
Na ilustração é possível ver a imagem de como se escreve a história passada, o que nos leva a perguntar: Qual seria a imagem para a história de alguém que, em cada 20 palavras pronunciadas, metade delas são palavrões, desconexas com a posição de homem público, idolatrado e quase beatificado, pela insana frase que pronunciou: “Não tem uma viva alma mais honesta do que eu” (sic)?
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador – BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 27/03/2016