COLUNA DO AGENOR – “NÃO CRUZE OS BRAÇOS”

A perplexidade tem sido o tom dominante no sentimento da sociedade brasileira nos últimos tempos, visto a variação abrupta de momentos de confiança, alegria e espírito de brasilidade elevado, em contraponto com repentinos declínios de confiabilidade, tristeza e abatimento, como atualmente acontece. É lamentável ver a facilidade como se manipula neste país os números e as informações que são passadas ao público em geral, desde que essa atitude atenda aos interesses políticos e partidários, às vezes sem qualquer mensuração da irresponsabilidade de tais atos. Ressalte-se que essa não é uma particularidade inerente aos partidos que ora estão no poder (PT, PMDB, PP, PSD, PDT e outros) mas um desvio de formação impregnado desde a origem de todos eles, inclusive da atual oposição (PSDB, DEM, PTB, PMN, SD e outros). O defeito não está nos partidos como importantes componentes da estrutura democrática, mas nos homens que os integram.

Impressiona vê a velocidade com que o país transitou do ápice no conceito internacional ao limbo atual, rebaixado nas avaliações das agências internacionais e sem qualquer política exterior definida, além das Embaixadas brasileiras estarem em estado de quase abandono, como aqui já registrei anteriormente.

São notórias as dificuldades que enfrentam as nações integrantes do Terceiro Mundo diante das potências políticas e econômicas já consolidadas do Primeiro Mundo. Contudo, o fato do Brasil ter merecido integrar o seletivo grupo econômico de cinco nações emergentes, a partir de 2001, denominado BRICS, constituído por BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA, CHINA e SOUTH ÁFRICA (África do Sul, esta a partir de 2011), dá bem a dimensão de como são vistas as nossas potencialidades no universo das nações. Assim, é inconcebível que o país conviva com uma gestão amadorística, indecisa e incompetente, em que o interesse na preservação de um projeto político de poder está muito acima dos interesses nacionais.

Para o correto dimensionamento do quadro atual, uma realidade precisa ser colocada, não importa a sigla dos partidos, seja da situação ou oposição: impõe-se uma urgente reciclagem dos homens que fazem a política – com raras exceções –  em todos os níveis, federal, estadual e municipal! Isso porque são amplas as demonstrações de falta de comprometimento com os objetivos dos cargos para os quais foram eleitos, seja no Executivo ou Legislativo. Uma prova cabal do alheamento com os problemas nacionais que estão a envolver toda a sociedade e parece não atingir os integrantes do Legislativo, foi o recente episódio da Câmara dos Deputados pretender custear as passagens dos cônjuges de ida e volta a Brasília para visitar os parlamentares – felizmente voltaram atrás, face a indignação geral -, e agora a Assembleia Legislativa da Bahia, aumentou a quota de gabinete dos Senhores Deputados de R$ 78,0 mil para R$ 92,0 mil, além dos seus salários que já foram aumentados no final de 2014, num momento em que o Governador Rui Costa implementou redução de gastos, extinguindo Secretarias e empresas do Estado, a exemplo da EBDA. Registre-se que o Governador declarou que não irá suplementar o Orçamento da Assembleia para cobrir as despesas decorrentes. Outro absurdo, não parlamentar: mesmo com a gravíssima crise que atravessa, a Petrobrás anunciou aumento de 13% no salário dos seus diretores…! Parece brincadeira…

Diante de um cenário de sérias dificuldades econômicas cujas consequências recaem sobre a população, volta da inflação e crescimento do desemprego, além da necessidade de um arrocho fiscal para repor o país nos trilhos, era de se esperar desses políticos um mínimo de compreensão e mais responsabilidade, não somente com a população sofrida mas até mesmo numa concentração de forças para implementar um projeto conjunto de recuperação do país. Em sentido contrário o que se vê são as batalhas políticas entre Situação e Oposição que nada constroem, onde prevalecem as prioridades de caráter pessoal e os interesses corporativos dos partidos.

Uma estatística recente indicou que dos 513 Deputados Federais e 81 Senadores (um verdadeiro absurdo o total de 594 congressistas, quando metade era suficiente!), cerca de 224 deles respondem por 542 inquéritos e ações penais no Supremo Tribunal Federal, seja por improbidade administrativa quando do desempenho de cargos no Executivo, em gestão anterior, ou decorrente de alguma irregularidade eleitoral. O Deputado Federal Paulo Maluf, impedido de ser empossado pela Lei da Ficha Limpa, foi liberado pelo Tribunal Superior Eleitoral…!  Ora, esses dados dão bem a dimensão de que muita coisa precisa ser repensada em nossa Lei Eleitoral e que uma Reforma Política se faz mais que urgente no país.

Nesta Semana Santa, em que a memória bíblica do sacrifício de Cristo pela humanidade remete-nos a profundas reflexões, uma mensagem deixada por Bob Marley, Rei do Reggae, torna-se oportuna diante do momento nacional em que vivemos:

                       “NÃO CRUZE OS BRAÇOS DIANTE DE UMA DIFICULDADE,

                    POIS O MAIOR HOMEM DO MUNDO MORREU DE BRAÇOS

                    ABERTOS!” 

Autor:   Adm.  Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.

Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 04/04/2015

Florisvaldo Ferreira dos Santos

Consultor de Seguros e Benefícios