A vasta agenda festiva que envolveu a semana natalina quase não deixou tempo para a crônica da semana. Mas a vida continua e os fatos que movem a história, diariamente, no campo político-administrativo-policial, estão a nos oferecer elementos para uma reflexão a todo instante. Por exemplo, a extrema fidelidade da nossa Presidente da República à amizade com a Presidente da Petrobrás, originada das atividades políticas de ambas nos tempos da ditadura militar, pode ainda render dividendos negativos ao seu governo. Nenhuma dúvida foi levantada, até agora, e não seria eu a fazê-lo, quanto à honestidade da presidente da estatal ou seu envolvimento direto com os escândalos de desvio de dinheiro, mesmo porque a grande incidência ocorreu durante a gestão anterior. Mas, há uma pergunta que não quer calar: Em outras circunstâncias, onde vários diretores e gerentes-executivos de uma empresa desse porte comandem uma verdadeira quadrilha criminosa interna e que cause bilhões de reais de prejuízos aos Ativos da organização, ao Estado que a criou e aos cidadãos contribuintes, além dos acionistas investidores nacionais e internacionais, como conceber a irracionalidade em manter intocável no cargo a sua presidente?
No mínimo, para restabelecer a confiança dos investidores, recuperar o respeito interno e externo, e rebrotar a admiração nacional pré-existente, impõe-se uma completa varredura nos cargos diretivos da estatal, onde a cabeça principal tem de ser a primeira a rolar, que é a da sua presidência. Reformular o comando central e todas as diretorias suspeitas de qualquer envolvimento, mesmo durante a fase investigativa, seria a providência mais prudente e elementar recomendada por qualquer princípio básico de gestão. No presente caso, não se pode conceber que a Presidente da República esteja misturando amizade pessoal, emoção ou gratidão na condução de uma crise dessa magnitude, que arruína lentamente a nossa maior estatal, confundindo o interesse nacional com compromissos ideológicos pessoais. Será preciso ou necessário ter alguma prova mais contundente para que aconteça a substituição da presidente Graça Foster? Será que no universo petista ou neste nosso Brasil já se esgotou o estoque de Executivos competentes e honestos que possam substituí-la a tempo de juntar os cacos que aí estão?
Parece-me de uma incrível insanidade que a dirigente maior de uma empresa do nível da Petrobrás receba denúncias de uma funcionária graduada do seu quadro (a Venina Velosa da Fonseca), por e-mails e até recebendo-a em visita no seu gabinete, ocasião em que a alertou sobre a existência de “irregularidades, pagamento de serviços não prestados, contratos aparentemente superfaturados, negociações nas quais eram pedidas comissões”, mas, como declarou a Graça Foster, em entrevistas, Venina “não era explícita” porque nunca usou as palavras “CONLUIO, CARTEL, CORRUPÇÃO, FRAUDE, LAVAGEM DE DINHEIRO” (!!!). Seria imperativo ter mais objetividade do que isso para despertar o “desconfiômetro” da presidência? Não captou a sutileza da denúncia ou houve omissão para não ferir interesses de grupo?
Contrariando todas as lógicas, ao invés de localizar onde estava o câncer que minava a saúde da empresa, a denunciante foi “punida” com a transferência para uma temporada turística num braço da empresa em Cingapura, com salário dolarizado, recebendo, apenas, R$ 167 mil/mês, sem a obrigação de lá exercer qualquer função! É visível a intenção atual de incluir a denunciante no “pacote de culpados”, valorizando a estratégia de que “a melhor defesa é um bom ataque”. O governo vai se arrepender de não ter ouvido o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que conhece com profundidade a gravidade da situação, e aconselhou a mudança de toda a diretoria da estatal! E não se diga que ele tem vínculos com a oposição…!
Tenho o sentimento de que todo brasileiro que se orgulhava da sua estatal, criada há 61 anos a partir da Lei 2.004, de 03/10/1953 – sancionada pelo então Presidente Getúlio Vargas -, honra e glória do lema histórico do Movimento Nacional “O PETRÓLEO É NOSSO”, chega ao final de 2014 tanto entristecido quanto esperançoso de ver na cadeia os dilapidadores desse patrimônio nacional, não somente os já denunciados, mas, também, aqueles (os políticos) que a partir de fevereiro/2015 serão lançados ao conhecimento da nação brasileira. Ou prevalecem os valores da Justiça ou teremos de importar muitos tapetes da Pérsia para ocultar essa brutal sujeira.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 27/12/2014
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios
4 Comentários
Estou começando a perder as esperanças, muito triste uma brasileira aos 39 anos ter este sentimento; são decepções em cima de decepções. Vou lançar uma campanha para Venina ser a presidenta da Petrobrás, acho que só assim para termos uma luz no fundo do preto, do petróleo. Mais uma vez, parabéns pela crônica, caro Agenor. (Salvador-BA).
A esperança para 2015 é que possamos recolher os tapetes do nosso governo! Que possamos varrer e jogar o lixo fora ao invés de continuar ocultando a sujeirada política! Que venha 2015 com muita luz e vontade política para mudar os rumos da história do Brasil!! (Salvador-BA).
Grande Agenor, você está brindando a todos com o último texto do ano pra lá de verdadeiro e realista… Aquele país famoso pelos seus tapetes deve estar vibrando com a possibilidade de grande compra que estar por acontecer… rsrs!!! Só sinto pelos pequenos que se acabam de trabalhar todos os dias, enquanto uns tantos, que a cada dia aumenta a fila, tem tamanha facilidade de passar os dez dedos numa fábula de valores algo nunca visto…!!! (Juazeiro-BA).
Agenor, os fatos que você cita , extremamente contundentes, simplesmente são negados pela cúpula dos que estão no poder. E sinceramente, tenho a impressão que não vai dar em nada, ou ficará como o mensalão, com penas reduzidas, e sem que a maioria da população entenda ou se importe. Por isto, existe tanta pressão para que empresas estatais sejam privatizadas. E não se pode tirar a razão, quando vemos tanta corrupção. Temos orgulho do que a Petrobrás representa, assim como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, mas os políticos brasileiros demonstram que não tem respeito por estas instituições.Foz do Iguaçu-PR..