Pela segunda noite consecutiva, o Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista, recebeu o encanto e a beleza de sete escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo.
Entre a noite de sábado e a manhã deste domingo, grande parte dos enredos fez homenagens ao Brasil: a lugares do país, como Salvador (Unidos do Peruche), Curitiba (Nenê de Vila Matilde) e Nordeste (Dragões da Real); a personagens e personalidades brasileiros de nome Zé (Mancha Verde); e uma das responsáveis por divulgar a cultura do candomblé, Mãe Menininha do Gantois (Vai-Vai). O Anhembi ainda contou a história do banquete (Rosas de Ouro) e transmitiu uma mensagem de paz (Império da Casa Verde).
Veja como foi o segundo dia de desfiles em SP:
MANCHA VERDE
De volta à elite do samba paulista, a Mancha Verde abriu o segundo dia de desfiles. A escola desfilou os “Zés” do Brasil: do diretor de teatro Zé Celso ao ator José Wilker, passando pelo personagem Zé Carioca e o escritor Monteiro Lobato (cujo nome é José Bento Renato Monteiro Lobato), e até Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier), entre outros. A Mancha nasceu como um bloco de torcedores do Palmeiras na década de 1990 e estreou como escola de samba em 2000. Na noite deste sábado, levou para a avenida 3,2 mil componentes e cinco carros.
Destaques da escola:
– Pelo 13º ano, Viviane Araújo desfilou na Mancha Verde. Como madrinha de bateria, inovou na fantasia, toda dourada de relicário e com uma longa peruca cacheada, dispensando o tradicional costeiro que as rainhas costumam levar.
– Os 240 ritmistas foram conduzidos pelo Mestre Maradona que, aos 25 anos, é o mais jovem no “cargo” no Grupo Especial do carnaval de SP.
– Sem alas coreografadas, a escola apostou nos carros alegóricos, com muitas esculturas que se movimentavam, efeitos de luz e soltando fumaça e papel picado no público.
UNIDOS DO PERUCHE
Campeã do Grupo de Acesso de 2015 e 12º lugar no Especial do ano passado, levou para o sambódromo pauSlita uma homenagem a Salvador. Com o enredo “A Peruche no maior axé, exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria”, a escola mostrou os índios tupinambás, a chegada dos portugueses no litoral do Estado, a cultura, a culinária e as práticas religiosas de Salvador. Baianos famosos foram lembrados do início ao fim do desfile: Dorival Caymmi, Gil, Caetano, Raul Seixas, Claudia Leitte e Ivete Sangalo. Neste ano, foram 2.800 integrantes em 20 alas e cinco carros alegóricos. O desfile teve 62 minutos, três a menos do que o máximo permitido.
Destaques da escola:
– Integrantes tiveram dificuldade para empurrar dois carros grandes carros alegóricos para a avenida. Imagens de bastidores mostraram correria e esforço, mas deu certo e a escola terminou o desfile a tempo.
– O carro abre-alas soltou dois mil balões em forma de pombas brancas no Anhembi, trazendo emoção e mensagem de paz ao Anhembi.
– A musa fitness Pri Santanna usou uma fantasia minúscula, com detalhes em dourado, para exaltar seus atributos físicos como madrinha de bateria.
IMPÉRIO DE CASA VERDE
Atual campeã, a Império de Casa Verde trouxe para o sambódromo um enredo que fala da paz em uma nova era. Além de falar sobre a chegada de um império de paz ao mundo, a agremiação falou sobre o equilíbrio entre o homem e as forças da natureza. Conhecida por ter carros alegóricos grandiosos, a escola manteve a tradição e desfilou com carros luxuosos. O carro de abre-alas, com o tigre (símbolo da Império) de asas e a coroa da escola, foi composto por três partes, somando 60 metros de comprimento e 15 de altura. Fizeram parte 2,4 mil integrantes entre 19 alas. O desfile durou 64 minutos
Destaques da escola:
– Rodrigo e Jéssica, mestre-sala e porta-bandeira principais, passaram mal e precisaram ser socorridos na dispersão. Jéssica foi levada para uma ambulância – a roupa dela pesava quase 40 quilos. Suas fantasias representavam anjos.
– Lívia Andrade, madrinha de bateria da Império de Casa Verde, além de uma bela performance, usou lentes de contato brancas no desfile. Ela disse que tratava-se de “soberania angelical”.
– Como campeã em 2016, foi a própria escola quem escolheu desfilar como a terceira da noite deste sábado.
DRAGÕES DA REAL
Quarta escola a entrar no sambódromo na madrugada deste domingo, a Dragões da Real apresentou um enredo inspirado na música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, para falar do Nordeste. O samba-enredo baseado no clássico da MPB conquistou o público. Fundada no ano 2000, a Dragões teve origem na torcida organizada do São Paulo e é a escola mais nova do Grupo Especial. No ano passado, ficou em 6º lugar. Desfilaram pela escola 2,8 mil componentes em 19 alas e cinco carros. A Dragões terminou o desfile com 63 minutos.
Destaques da escola:
– O cantor Fagner abriu o desfile cantando um trecho de Asa Branca, e o ator Chambinho do Acordeon, que interpretou Luiz Gonzaga no cinema, desfilou no carro sobre a cultura nordestina.
– As fantasias foram feitas com elementos trazidos especialmente do Nordeste, como chapéus da Paraíba e palha de Juazeiro da Bahia.
– A terceira porta-bandeiras da Dragões da Real, Giulia Guimarães, passou mal e saiu de ambulância do Anhembi. Aparentando estar sentindo dor, a jovem teve a fantasia retirada, enquanto integrantes da escola abanavam o rosto.
VAI-VAI
Escola com mais títulos no carnaval paulistano, a Vai-Vai homenageou Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a Mãe Menininha do Gantois, considerada uma das grandes divulgadoras do candomblé no Brasil e no mundo. A escola lembrou os 30 anos da morte da mãe de santo que viveu em Salvador. O desfile terminou com exatos 65 minutos, tempo máximo permitido.
Destaques da escola:
´- Figuras reconhecidas participaram do desfile: o capitão do penta e ex-jogador de futebol Cafu, o ator Milton Gonçalves, que fez um discurso emocionante de abertura, e a atual Miss Brasil, Raissa Santana, que desfilou no carro abre-alas, que representou a criação do universo.
– Faltando cerca de 10 minutos para o fim do desfile, apenas dois dos cinco carros tinham passado pelo portão. A escola apressou o passo e conseguiu passar a tempo, sem perder pontos.
– O último carro alegórico molhou a pista e gerou reclamações da escola seguinte, a Nenê de Vila Matilde, cujo presidente reclamava de que havia algo gorduroso junto no chão, oferecendo risco. A Nenê só pisou na avenida após uma limpeza e algumas discussões.
NENÊ DE VILA MATILDE
Depois de muita conversa, o desfile da Nenê de Vila Matilde começou cerca de 40 minutos após o encerramento da Vai-Vai. O atraso ocorreu em função de um vazamento em um dos carros da Vai-Vai, que deixou o piso do sambódromo molhado e escorregadio. Penúltima escola prevista para se apresentar na segunda noite do carnaval paulistano, a Nenê só aceitou desfilar depois que a pista passou por uma limpeza. Uma das escolas mais antigas de São Paulo, o enredo deste ano foi “Ópera de Todos os Povos, Terra de Todas as Gentes, Curitiba de Todos os Sonhos¿ e contou a história e o legado artístico de Curitiba.
Destaques da escola:
– Momento importante do desfile, a Nenê levou à avenida um barco representando a chegada dos imigrantes em Curitiba. A alegoria contou com a participação do ex-jogador de vôlei Giba.
– Em homenagem a capital paranaense, celebridades curitibanas foram lembradas ao longo do desfile da Nenê de Vila Matilde, entre elas, o poeta Paulo Leminski e a youtuber Kéfera Buchmann.
– Ipês e azaléas ajudaram a compor o tema da ala das baianas. Com uma ala que mostrou corredores de ônibus, o transporte curitibano também foi lembrado na avenida.
ROSAS DE OURO
Sete vezes campeã do carnaval de São Paulo, a Rosas de Ouro encerrou os desfiles deste sábado. Neste ano, o enredo é ¿Convivium — sente-se à mesa e saboreie¿ e contou a história do banquete, falando sobre o convívio à mesa e importância da refeição em família e com os amigos. O desfile da Rosas também teve atraso. A escola cruzou o Anhembi por volta das 7h, sendo que a previsão era para às 5h.
Destaques da escola:
– O último desfile do segundo dia do Carnaval deste ano teve um casamento no sambódromo. Na madrugada deste domingo, a presidente da Rosas de Ouro, Angelina Basílio, e o gerente comercial Sérgio Correia Ferreira receberam benção de um pai de santo e assinaram uma união estável antes de a escola entrar na avenida.
– O quinto e último carro do desfile era sobre cozinhar com amor e teve a participação de chefs com síndrome de Down.
– A escola prestou ainda uma homenagem ao ambulante Luis Carlos Ruas, morto em dezembro de 2016, que tentou defender um morador de rua homossexual.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br – ZERO HORA
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 26/02/2017