O estado do Ceará sofreu uma nova série de ataques criminosos na noite de sábado (24) e neste domingo (25), colocando em situação de alerta a segurança pública da unidade federativa. Pelo menos três cidades tiveram prédios públicos como alvos de incêndios, troca de tiros e explosões de bombas caseiras. De acordo com especialistas em segurança, os atos seriam retaliação de facções criminosas à possível instalação de bloqueadores de celulares em presídios. Pelo menos seis pessoas foram detidas hoje suspeitas de participação nos ataques.
A proposta de instalar os bloqueadores nos presídios do Ceará ainda está em tramitação na Câmara dos Deputados, e a possibilidade de os ataques estarem relacionados a isso é alta, segundo apontam especialistas. Contudo, as linhas de investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) não foram apresentadas.
Além do projeto de lei, tramita na Justiça cearense um processo sobre a instalação de bloqueadores desde 2013. Uma sentença foi expedida, em 2 de março, determinando que o “estado, no prazo de 180 dias, proceda à aquisição e promova a devida instalação de bloqueadores de sinal de celular em todas as unidades prisionais sob sua responsabilidade”.
Diversos ataques
A capital do estado foi uma das cidades atacadas. A Secretaria Executiva Regional IV, uma das seis subprefeituras existentes em Fortaleza, foi incendiada. Em frente à Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), um grupo fez disparos, mas a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não confirmou se o prédio foi alvejado. Já na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), após o evento na madrugada, houve tiroteio entre policiais e suspeitos. Três destes acabaram morrendo.
Em Sobral, no norte do estado, foi registrado um ataque com bombas caseiras à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) do município, que é um dos maiores do estado.
Segundo o coordenador do Ciops de Sobral, Major Dias, por volta de 2h45 de domingo (25), três pessoas esperaram o momento em que os seguranças do local fizeram uma ronda para arremessar, pelos muros do fundo do prédio, espécie de coquetéis molotov.
“Nós já levamos todo o material que foi encontrado, como as garrafas e chinelos, para a delegacia, para que a situação seja investigada. Internamente também vamos fazer a nossa investigação”, disse o major.
Em Cascavel, no litoral leste, 50 carros que estavam no terreno do Departamento Municipal de Trânsito e de Transportes (Demutran) foram incendiados. A Agência Brasil recebeu um vídeo que mostra a dimensão do incêndio no local.
Em Fortaleza, ônibus foram incendiados, levando à suspensão parcial do serviço de transporte público. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou, até as 21h de sábado, cinco ônibus destruídos. A imprensa local já registra pelo menos sete ônibus incendiados.
Ainda na noite de ontem, a Etufor disse em nota que, “diante dos fatos ocorridos, com ataques e atos de vandalismo, os veículos irão circular em comboios com acompanhamento de viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal”. Neste domingo, a assessoria de comunicação da empresa confirmou que a operação especial segue em andamento. A frota veículos à disposição da população, que já costuma ser reduzida aos domingos, é ainda menor, pois parte dela segue recolhida.
Em nota, a SSPDS informou que também houve incêndios em duas torres de telefonia e duas manifestações com queima de pneus em duas grandes avenidas, nos bairros Vila Velha e Quintino Cunha. Até agora, diz o comunicado oficial, três suspeitos de atear fogo em coletivos foram presos.
Os três suspeitos portavam galões de gasolina e estavam nas proximidades dos locais que sofreram as incursões violentas. “A SSPDS determinou o reforço no policiamento, inclusive com apoio de helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer)”, informou. A assessoria do órgão afirmou que os números estão sendo atualizados e que representantes da secretaria não se pronunciarão neste momento.
Situação
Na manhã de ontem, o governador Camilo Santana falou sobre o ataque à Sejus, durante ato de implantação da Unidade Integrada de Segurança em Fortaleza. Ele disse que o governo espera intensificar os serviços de policiamento ostensivo e comunitário em dez bairros da capital e que não vai aceitar “qualquer afronta de criminosos”. Sobre segurança pública, defendeu revisão de leis pelo Congresso Nacional e celeridade na Justiça para diminuir a “sensação de impunidade” e “combater a criminalidade”.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br – Com informações da Agência Brasil
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 25/03/2018