Historia de um Sertanejo que se estivesse vivo, hoje, 2o de setembro completaria um século de existência.
Evilazio, em sua memoria e recordação, queremos que este dia seja especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada ano.
Como você gostava de viver o mais intensamente possível, arriscar sempre dentro de suas possibilidades e disponibilidades, sabemos que se você estivesse vivo aos 100 anos para viver outros 100, ainda não teria tempo para fazer tudo o que queria fazer.
Parabéns!
Evilazio Lunguinho de Carvalho, nasceu em 20/09/1917 no povoado de Jacurici, município de Itiúba, estado da Bahia.
Era o terceiro filho de uma família composta por seis irmãos, sendo: Maria de Carvalho, Leôncio de Carvalho, Evilazio de Carvalho, Alexandrina de Carvalho, Lili de Carvalho e Honória de Carvalho, todos já falecidos.
Em 27 de julho de 1943, casou-se com a senhora Domingas Ferreira dos Santos (Dunga) na cidade de Cansanção, estado da Bahia, local em que fixou sua residência na Fazenda Laje do Jose, no mesmo município. Desta união conjugal, nasceram dez filhos (cinco morrem ainda criança e por respeito, vou declinar os seus nomes), sendo os sobreviventes: Silvia de Coelho, Argemira de Carvalho, Florisvaldo Ferreira dos Santos, Adão Ferreira dos Santos e Maria das Graças de Carvalho. Além destes, adotou, como se filha fosse, a Hermínia de Moraes (Mirá), a qual permaneceu como membro da família até a década de 80, ocasião em que constituiu sua família.
Pessoa humilde, trabalhador, respeitado e respeitador, dotado de uma honestidade irreparável, criou e educou todos os seus filhos com o suor do seu rosto no incansável trabalho como lavrador.
De terça a domingo, cultivava os produtos para subsistência da família, ao mesmo tempo em que cuidava do seu pequeno criatório que era composto de caprino, ovino e suíno, além de aves de varias espécies.
Na segunda feira (dia da feira na cidade de Cansanção/BA), no lombo de sua tropa de animais, transportava os produtos colhidos e/ou angariados durante a semana (feijão, farinha, milho, mamona e licuri, animais e ovos) para serem comercializados na feira livre da cidade.
Era um homem de gênio forte, não era de mandar recado, porem era dotado de uma sensibilidade impar, capaz de tirar a roupa do corpo para servir ao semelhante que lhe procurasse.
Na época em que nasceu e se criou, os estudos eram privilegio de poucas pessoas, motivo pelo qual aprendeu apenas ler uma carta e escrever outra, fato que o tornou uma referencia na região para todos, servindo de interprete e interlocutor, fazendo e lendo cartas para aquelas pessoas que não sabiam ler e nem escrever.
Para quem lhe perguntava da sua escolaridade, ele costumava dizer: “A única escola que frequentei foi a roça, tendo como caneta uma enxada e meu caderno era o chão”.
Sem nunca ter visto uma partitura musical ou qualquer explicação sobre as escalas musicais de um violão, era uma excelente tocador e juntamente com a sua irmã Honória, formavam uma dupla de cantadores das musicas e modinhas da época (marchas, valsas, boleros, baião, chotes, mazurcas e musicas sertanejas raízes, etc.). Como filho, e ainda adolescente, me recordo com saudades quando ele tocava o repertorio e composições de Noca do Acordeon, em seu disco de 78 rotações, intitulado “Baião da Saudade”.
Em 1954, por ser considerado um conciliador nato na região, na emancipação do município, o prefeito João Andrade o nomeou como Inspetor de Quarteirão, cargo que exerceu, até a década de 80.
A titulo de esclarecimento, informo que no Brasil, a figura do Inspetor de Quarteirão surgiu e foi regulamentada em 1832, em que os “Juízes de Paz” e autoridades policiais contavam com o auxílio dos “Escrivães de Paz” e “Inspetores de Quarteirão”.
Neste período e durante o seu mandato, todas as questões e ações que foram acertadas e/ou apaziguadas por ele, sempre foram aceitas e sacramentadas na sua integralidade pelas autoridades constituídas no município.
Faleceu em 02/12/1991, deixado viúva a senhora Domingas Ferreira dos Santos (Dunga), a qual veio a falecer em 09/04/2013, cujos descendentes são compostos de 10 filhos, 14 netos, 30 bisnetos e 5 cinco trinetos.
Fonte de pesquisas: Florisvaldo Ferreira dos Santos, Leôncio de Carvalho, Nede de Carvalho, Varlene Fernandes dos Santos, Silvia Coelho, Mainar Coelho, Maria das Graças, Argemira Carvalho, Adão Ferreira dos Santos, Sergio de Mainar, Maria Auxiliadora, Antonio Cesar, Nelson de Carvalho e outros.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 20/09/2017
4 Comentários
Que linda história.Boas lembrançase,isso significa que deixaram um legado de só coisas boa,Onde você tem o orgulho de autobiografar sua história simples mais o mais importantehonestidade.
Parabéns! Com certeza o Sr Evilazio está feliz por ter deixado alguém na terra que se orgulha de ser seu filho.Muita bom conhecer as culturas e valores.
” A se todo lápis fossem enxadas e se todo caderno fosse chao”.
Teríamos mais valorização.
Linda homenagem!!
Dona Luciana, boa noite!
Em nome dos filhos, dos netos, dos bisnetos, dos tataranetos e todos os amigos, agradecemos as suas palavras de carinho.
Florisvaldo F dos Santos
Meu caro amigo anônimo, Florisvaldo: Como colaborador do seu Blog, no qual sou muito honrado em ocupar o Editorial de todo fim de semana, apraz-me cumprimentá-lo por esse gesto magnânimo de honrar a memória do seu genitor, Sr. Evilázio, cujas lembranças registradas com muito entusiasmo e fidelidade por um dos filhos queridos, merece todo o aplauso dos seus amigos e parentes. Como é gostoso se ouvir sobre histórias e citações inteligentes como essa analogia que ele fazia da enxada e o chão, como o lápis e o papel…! Oxalá muitos ainda pensassem assim nos dias de hoje e a vida seria muito melhor para muitos! Muitos parabéns pelo centenário do seu genitor, extensivos a toda a família.
Parabens Florisvaldo F Dos Santos por trazer esta historia tão bonita do meu tio Evilazio Carvalho pela passagem dos seus 100 anos.
Natanael Ferreira de Souza