As festas de ano se foram levando as alegrias e vitórias de uns, e as tristezas e derrotas de outros. O ano velho de 2014 já faz parte do passado, sem mais permitir qualquer outro ajuste que não tenha havido tempo de acontecer. Usando uma linguagem bancária – que imagino não seja mais usual ou mesmo do conhecimento do leitor -, não há mais tempo para um “lançamento valorizado” ou seja, uma partida contábil com data de hoje para corrigir um erro cometido em data já ultrapassada. O tempo é inexorável, não perdoa e não volta atrás. E o novo ano tanto pode preservar os erros e os acertos, como desenhar uma nova trajetória, cobrando de cada indivíduo novas atitudes que contribuam positivamente com as mudanças desejadas.
Li, com real interesse, as positivas mensagens escritas pelo colunista Jairo Marques (Folha de São Paulo, 31/12), que foi muito feliz na sua linha de pensamento quanto às influências do ano velho e o novo na vida das pessoas, sobre as quais o leitor merece refletir um pouco: “Amanhã eu quero olhar mais longe. Pode ser esticando o pescoço um pouco mais pela janela, até conseguir ver o que se passa depois da esquina […] Um ano novo permite que se analise com mais atenção os azedumes que vão se engrossando na alma, germinados pela incompreensão daquilo que se reluta em ler, entender e refletir”. E adiante mais uma verdade que nos recomenda uma mudança de postura: “Perde-se tempo demais com a ignorância, doa-se abraço de menos ao conhecimento”.
Obviamente que essas mudanças recomendam o aumento da dosagem de tolerância e compreensão, a fim de que os atritos e conflitos sejam minimizados nas relações entre as pessoas, mas evitando a perda de tempo com os ignorantes e a ignorância, que se configuram como regra de conduta de algumas pessoas…!
Muito se fala no diálogo diário entre as pessoas e nas páginas da mídia em geral, sobre o triste e deplorável momento nacional, em que os escândalos de toda ordem viraram a regra comum de conduta de alguns e o desempenho normal das nossas instituições. Mensurar a dimensão da culpa desse ou daquele partido político vem se tornando uma tarefa de menor importância, porque todos são ou foram responsáveis em dado momento da sua passagem no poder, seja na esfera municipal, estadual ou federal, ou direção de estatais. O que deve ocupar o universo de nossas preocupações como brasileiros é que, de forma crescente e veloz, não mais lentamente ou com sofismas, mas de maneira escancarada e real, o cidadão brasileiro vem tornando evidente certa decadência moral, atitudes de irresponsabilidade e falta de respeito, com acentuada tendência de vencer não pelo trabalho mas pelo dinheiro fácil, não importa se de um seu parceiro ou de uma instituição pública. A falcatrua, a fraude e os desvios de caráter precisam ser combatidos com veemência, estes, sim, sem qualquer tolerância.
É preciso que, urgentemente, a sociedade brasileira se convença que o problema nacional é de raiz. Ou se muda a índole do homem a partir da família ou os partidos políticos continuarão impregnados dessas escórias que aí estão, que só pensam em crescer o próprio patrimônio pessoal e o seu quinhão no espólio. Quem viu a posse da Presidente e ouviu o discurso do Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional dando-lhe posse, e uma semana depois este já se encontra em atrito com o Governo porque, além de reivindicar Ministérios fortes também quer os melhores cargos do 2º. escalão, não se pode acreditar nas boas intenções desse tipo de político, que mais parece um jogador de cartas marcadas e mandadas…!
Certamente que assusta muito a perspectiva de um ajuste fiscal, aumentos de impostos, de energia e das tarifas de transporte, que irão impactar a economia pessoal de cada cidadão. Mas o preocupante mesmo, nesse momento, é a fuga do capital dos investidores internacionais, não por nossas empresas, mas pela má fama de falta de credibilidade dos seus dirigentes, que a cada dia desvaloriza não só os seus ativos, mas, principalmente, desonra, mancha e envergonha a nação brasileira.
Chega a ser constrangedor e incômodo que, como brasileiro, seja levado a esse tipo de concepção sobre a desfiguração do caráter de grande parte da nação brasileira. Contudo, melhor é que tenhamos a coragem e o destemor de reconhecer a existência dessas mazelas e fraquezas morais, e contribuir de alguma forma para a construção de uma nova sociedade, do que silenciar, cometendo o crime da omissão. Como disse o colunista Jairo Marques, vamos esticar o “pescoço um pouco mais pela janela, até conseguir ver o que se passa depois da esquina”, porque lá do outro lado, há uma pátria que clama ao sentimento de cidadania e patriotismo: O BRASIL QUE PEDE MUDANÇAS AO BRASILEIRO!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 11/01/2015
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios
3 Comentários
Meu caro Agenor: Brilhante e bem lÚcida sua última crônica. Ainda aqui em Washington, suas crônicas são muito valiosas para mim, não só pela comunicação mas, principalmente, pelo conteúdo. (de Washington, EUA).
Fico honrado por ser citado em seu texto, que tanto agrega e avança em meus pensamentos em prol da construção de uma sociedade minimamente mais justa.
Obrigado pela gentileza em me informar e por compartilhar comigo a sua criação.
Um grande e fraterno abraço. Um ótimo 2015. (São Paulo-SP).
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