A passagem de ano, em meio às alegrias, os abraços e as comemorações com manifestações que se expressam das formas mais variadas, desde abundantes sorrisos ao manancial de lágrimas de emoção, tem, também, o seu momento marcante quando as pessoas desaceleram um pouco o clima de festa e passam tanto a avaliar os acontecimentos do ano anterior, como a refletir sobre as suas expectativas para os próximos 365 dias. Naturalmente que na balança das reflexões são colocados não somente os erros e acertos pessoais, mas os da família e os da empresa que dirigem ou trabalham, se da ativa. Se aposentados ou na terceira idade, aí começa a passar um longo filme na cabeça de cada um, cheio de recordações desde a infância, juventude, formação da família, chegada dos netos e bisnetos, lutas incansáveis pela vida e pelo trabalho profissional; mas, logo a imaginação futurista começa a desenhar o roteiro de um novo filme, para o qual é traçada uma trajetória inversa em direção a um novo mundo, que poderia ter como título: “O Retorno”. Sim, porque o envelhecimento nos faz voltar às práticas e carências da infância, fazendo nascer uma nova criança no íntimo de cada um.
Certamente que este é o instante propício ao surgimento de certa dose de altruísmo nas pessoas, as quais passam a não pensar somente em si próprias, mas se preocupam com os parentes, os amigos, os problemas da sua comunidade, do seu Município, do seu Estado e hoje, de forma mais presente, dos problemas nacionais que afetam o Governo da República. Sim, leitor, nos tempos atuais com o avançado desenvolvimento tecnológico e a ampliação das formas de comunicação, a força das redes sociais, além da presença dos sites e blogs com uma linguagem mais intimista, o cidadão passou a se sentir mais informado e responsável com as questões que envolvem o interesse público.
Diante desse cenário ameno e festivo natural à transição de ano, justamente quando o universo político esteve movimentado pela escolha e nomeação dos ministros que passaram a integrar o novo Governo a partir do dia 1º. de janeiro, sou levado a compreender a Presidente pelas enormes dúvidas encontradas para selecionar ministros com a ficha policial limpa! Dias atrás, justificando a demora em divulgar os nomes escolhidos, ela declarou que “estava aguardando o Procurador Geral da República liberar a lista dos envolvidos com a Operação Lava Jato, para evitar surpresas”! Como diz o provérbio português: “cautela e caldo de galinha, nunca fizeram mal a ninguém!”.
A que ponto a nação brasileira chegou, em que a Presidente da República é dominada por incertezas e inseguranças na composição da sua equipe de governo, tendo de consultar o Ministério Público para ver qual nome não está sujo ou sendo investigado por crimes de corrupção ou improbidades de várias naturezas! O Procurador Geral da República negou a informação alegando encontrar-se a Operação em “fase investigativa”.
Mesmo com essas justas preocupações da Presidente, na tentativa de dar um mínimo de dignidade e confiabilidade ao seu governo, não é que dentre os escolhidos existem nomes com máculas que podem fazer a Presidente se arrepender…! Vejamos: o Ministro George Hilton (PRB-MG), um ilustre desconhecido deputado, nomeado para o Ministério dos Esportes, sem nenhum perfil para o cargo; Helder Barbalho, indicado para Ministro da Pesca, é filho daquele polêmico Senador, também Barbalho, cujo histórico não é dos melhores; isso para não falar do tradicional leilão por Ministérios que tenham altos Orçamentos, justificando que não interessam aos partidos e seus dirigentes a realização de um trabalho digno pelo cidadão para o bem coletivo, mas, ter um Ministério que lhes garanta dividendos…! Embora haja algumas exceções a essa deplorável regra…!
Conquanto o fato político acima seja de grande relevância, não superou no final de ano, contudo, a divulgação do pacote de medidas que restringem conquistas trabalhistas de longos anos, em que limita o pagamento de pensão por morte (50% para a viúva), auxílio-doença, seguro-desemprego, seguro-defeso para pescadores, aumento da tarifa de energia, dentre outros. Sobre isso, em campanha, a Presidente repetiu com grande ênfase a partir de setembro: “Tem coisas que eu não concordo, como mexer nos direitos do trabalhador, e não abro mão NEM QUE A VACA TUSSA!”. E no discurso final da posse, no Parlatório, repetiu o tema dos direitos, ao afirmar: “O povo brasileiro tem o direito de dizer como será a orientação para meu novo mandato: nenhum direito a menos, nenhum passo atrás”. Sugiro, assim, que nesse decreto deva ser incluído, também, o CERTIFICADO DA ENGANAÇÃO, a ser concedido aos 54,5 milhões de brasileiros que nela depositaram as suas esperanças, e foram vergonhosamente iludidos e enganados.
Essas providências que o novo governo quer adotar, tentam recuperar uma economia que vinha sendo maquiada e mantida com um rombo oculto sob enorme tapete. Está evidente que elas estão desmitificando as teses produzidas e impostas pelo seu “marqueteiro” durante a campanha da reeleição, e que, acredito, violentava a própria índole da Presidente candidata, visto que em debates e entrevistas às vezes falava como se fosse a própria oposição, fato que foi ressaltado na campanha!
Espero que, dentre tantas vibrações positivas na passagem do ano, cada brasileiro tenha tido a lembrança de agregar uma dosagem de replanejamento à própria vida, visando a superação dos efeitos danosos de mais medidas duras que ainda virão.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 03/01/2015
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios
2 Comentários
Por mais negro que pareça ser o futuro, precisamos emitir luz para mudar a realidade do presente. Precisamos renovar no novo ano nossas esperanças e fazer nossa parte individualmente para mudar assim o coletivo. Vamos vibrar positivamente para termos um Feliz Ano Todo! (Salvador-BA).
FELIZ ANO NOVO! Caro Agenor. Concordo com você nesse seu texto e sempre observo a dança na troca de ministros e fico triste com o resultado, pois gostaria de ver na Esplanada só técnicos em cada ministério e não essa dança horrenda dos partidos. A propósito, eu gostei do discurso de posse da presidenta. Vamos torcer que tudo se faça verdade. Que Deus abençoe o Brasil que eu tanto amo. FELIZ 2015. (Irecê-BA).