Ufa, vencemos o ano de 2016! Foram muitos os percalços, opressões de todos os tipos e experiências vividas, mas vamos esquecê-lo porque, há um provérbio popular que diz que “recordar o passado é sofrer duas vezes”, enquanto outro recomenda que “faça as pazes com o seu passado, para que não estrague o seu presente”! É visível que há nas fisionomias das pessoas uma aparência de esperança de que algo de grande impacto positivo aconteça, embora o noticiário da primeira semana indique tudo ao contrário dessa expectativa, pois está infestado das antigas e corriqueiras medidas sempre anunciadas pelos empossados.
Senão, vejamos: a) Prefeito baixa decreto extinguindo cargos comissionados: mas não acrescenta que é a exoneração daqueles pertencentes ao grupo perdedor, e que outro robusto contingente do novo grupo acabou de ser nomeado; c) Prefeito extingue três ou quatro Secretarias: passa a ideia de uma reforma administrativa, mas não acrescenta que o decreto apenas mudou o nome de algumas ou até criou outras; c) Prefeito encontra Caixa da Prefeitura sem nenhuma reserva financeira: como se algum deles, ao sair, deixa saldo em Caixa para a nova gestão… e por aí vai, na mesma aleivosia de sempre!
O registro acima não pretende ocultar a evidência, mais que natural e justa, de que uma nova equipe tem de ser constituída com comissionados que mereçam a confiança do novo Gestor e dos seus Secretários, uma vez que é algo impensável a convivência com um provável inimigo, principalmente controlar a mágoa que, geralmente, fica pela derrota do seu candidato.
O que cada cidadão deseja e reivindica, a partir de 2017, é que haja uma mudança radical de atitude administrativa, uma nova postura ética e de respeito na condução da coisa pública, tanto dos que conquistaram o cargo pela primeira vez, como dos que se reelegeram. Que haja uma conscientização definitiva de que o eleitor não elegeu o Prefeito pelos seus belos olhos, mas pelo entendimento de que ele será capaz de liderar uma equipe de servidores que cuidará dos interesses da população com honestidade e dignidade. Que haja a compreensão de que foi outorgado um mandato de Administrador Municipal por quatro anos, com o título de Prefeito, e não coroado um “reizinho” de uma Monarquia Municipal, que passe a viver da ostentação oferecida pelos recursos públicos. Urge que o Brasil passe a viver UM NOVO TEMPO, e que essa nova página da história comece a ser escrita pelos novos Prefeitos. São os meus sinceros votos!
Já no próximo ano teremos eleições para importantes alterações no comando dos Governos dos Estados e o Federal. E pelo exemplo dos resultados de outubro último, o povo parece decidido a adotar posições mais exigentes, criteriosas e corretivas na escolha dos seus dirigentes, desprezando os apelos partidários inspirados no clientelismo faccioso e corrompido. O que entristece é a escassez de nomes recomendáveis no cenário político atual e que consigam escapar da Lei da Ficha Limpa ou mesmo das amarras da Lava Jato, de modo a deixar o eleitor com a opção da escolha de nomes honrados, e cada vez mais convicto de que o seu voto será a garantia de que o processo de depuração terá a continuidade assegurada.
Mas, parece que o desejo acima vai demorar, assim vejamos: um vereador eleito saiu da prisão algemado e, escoltado por policiais, foi à câmara de vereadores de Caratinga-MG, com o uniforme de presidiário, leu o juramento perante o presidente (tudo em letras minúsculas porque não merece respeito!), sempre com ar de riso e retorna ao cárcere! É inconcebível tamanha estupidez, indecência e vergonha! Este não é um país sério!!!
Assim como os nossos Deputados nos estertores do final do ano tentaram emendas numa PEC referente ao Caixa 2, que lhes assegurasse autoproteção contra as investigações da Lava Jato, também os Deputados americanos tentaram na primeira semana do ano excluir os poderes do “Conselho de Ética” de lá, que julga possíveis corrupções praticadas por políticos, transferindo a atribuição para eles, Deputados. Foi tão suja a pretensão que os Partidos Republicano e Democrata se uniram contra a medida. Também lá, as raposas querem tomar conta das galinhas…!
Não obstante a grande massa de problemas herdados de 2016, é preciso que toda a sociedade brasileira deixe de lado a pressão gerada pelas dúvidas e incertezas, e que renove a sua bateria de otimismo e confiança, porque, como disse o Presidente John Kennedy, “[…] aqueles que APENAS olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro”!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 08/01/2017
5 Comentários
Gostei dessa chamada em sua primeira crônica do ano 2017. Há realmente a necessidade de se motivar para que haja um choque de gestão, não somente uma mudança de grupos políticos sem a sensibilidade de que deveremos focar as variáveis que fazem a diferença: LIDERANÇAS. Gosto do estilo de suas crônicas. (Manaus-AM).
Renovo os meus mais sinceros parabéns pela excelente “CRÔNICA DA SEMANA”, trazendo no seu bojo tema atualizado e oportuno. (Salvador-BA).
Que tenhas e tua família um excelente 2017, e que continues atento no zelo de interesses de todos nós brasileiros. Um dia nos escutarão! (Russas-CE).
O tema desta crônica nos questiona se acreditamos em novos tempos. O fato é que temos esperança. Mas também, muita desconfiança. Pois, como você bem lembrou, Agenor, existe uma escassez de novos nomes. E para exemplificar, lastreando tudo que você escreveu, aqui em minha cidade, ao final do ano passado foram presos o prefeito e 13 dos 15 vereadores, após a diplomação dos eleitos, e ainda 11 estão presos. Destes, cinco foram reeleitos e diplomados. E o prefeito eleito foi cassado. Teremos novas eleições. Pelo menos o sistema judiciário funciona. Para nossa única esperança. FOZ DO IGUAÇU-PR.
Numa próxima crônica, sugiro tratar da transparência, termo usado com ênfase pelos gestores em passados. Falar em transparência é fácil, a forma de ser transparente na gestão é que interessa à sociedade. (Salvador-BA).