O Natal, por ser uma festa historicamente ligada ao nascimento de Cristo, tendo assim forte identificação com o cristianismo, não é reconhecido e considerado em grande parte do mundo, predominando essas comemorações basicamente no mundo ocidental onde se destacam o catolicismo e o protestantismo, conceitualmente denominados cristãos, ainda que, internamente, com muitas divisões e denominações diversas. Interessante é que tendo sido Cristo um Judeu, nascido na Judeia, era de imaginar-se que também o Judaismo comemorasse festivamente o Natal. No entanto, no mesmo período a comemoração judaica de fim de ano é o “Hanukah”, “que significa festa das luzes em hebraico e lembram as vitórias contra a opressão, a discriminação e a perseguição religiosa. A data marca a vitória dos judeus sobre os gregos há mais de dois mil anos, na batalha pela liberdade de seguir a sua religião”.
Há de se destacar a enorme diversidade cultural entre os povos, notadamente entre judeus e palestinos, para os quais tem mais valor e significado histórico especial comemorar uma vitória conquistada há 2.000 anos contra os gregos, exatamente na luta pela defesa do direito de cultuar uma religião que acompanha o seu povo há 5.000 anos ou mais. Outro aspecto que se explica é que os judeus seguem o Calendário Lunar e o Ocidente o Calendário Gregoriano, com pequena diferença de dias no ano. O problema determinante, todavia, é cultural, além dos interesses comerciais que impregnaram o Natal.
Os festejos natalinos, embora tragam sempre uma aura de espiritualidade, de paz, de harmonia e de desarmamento dos espíritos, como se um decreto divino estabelecesse uma pausa na animosidade e no ódio, também recomenda que se tenha uma dosagem maior de tolerância ante as agressões de toda espécie no dia a dia. Inobstante, a nação está atônita, estupefacta, vivendo atualmente em permanente estado de êxtase, diante da dimensão a que chegaram o grau de debilidade e estrangulamento moral dos segmentos que deveriam zelar por esses princípios.
Face às preliminares acima a respeito do natal, não seria de bom tom estar lembrando aos leitores qualquer coisa que pudesse afetar esse estado de espírito. Mas, leitores, como silenciar diante de tanta sujeira que não para de achincalhar com a imagem desta pátria que amamos? Como entender que nossos empresários/empreiteiros mais representativos estejam encangados como juntas de bois do crime com os dirigentes da nossa principal empresa na área de pesquisa e produção de petróleo, orgulho nacional, mas que já circulam há anos pelos esgotos do descaramento como propineiros contumazes? Como calar, sabendo que partidos e políticos imorais, eleitos pelo voto popular, estão, também, como beneficiários desse assalto organizado? E não é somente o brasileiro que está perplexo e sim todo o mundo, que já classifica que “o caso Petrobrás é o maior caso de corrupção em um país democrático na história do mundo moderno”, como afirmou o New York Times!
Esta semana, enquanto esperava na recepção de um consultório médico, peguei numa estante ao meu lado um livro de Crônicas, da autoria de Antonio José Vieira Soares e captei uma frase em uma delas, com data de 04/02/1984 – trinta anos atrás! -, que deve parecer muito familiar e atual para todos nós: “Há algum tempo os donos do poder expurgaram a vergonha, a honestidade e a decência”. Exigimos de nossas crianças que cresçam e assumam novas posturas a cada nova idade, mas, pelo visto, os adultos deste país estão fazendo a caminhada no sentido inverso, necessitando fazer novos aprendizados de honestidade, decência e responsabilidade, e alguns através das escolas dos presídios!
Os fatos são tão evidentes e a criminalidade tão caracterizada, que um dos advogados dos empresários presos, em entrevista à TV, fundamentou os seus argumentos de defesa na tese de que “não se coloca um paralelepípedo neste país que não seja superfaturado ou paga uma propina a alguém”, como se este desvio de comportamento, generalizado, só faltasse entrar na Constituição Federal para torná-lo legal. Outro argumento incipiente, muito usado por aqueles simpatizantes que querem “cobrir o sol com a peneira”, é o de se insurgirem contra a imprensa investigativa, desprezando a verdade de que se não fosse por ela o povo brasileiro continuaria desconhecendo o que vem acontecendo no submundo dos crimes financeiros deste nosso país, já de algum tempo.
Como Papai Noel não vai ler essa crônica, farei um retorno no tempo para assumir a ilusão comum às crianças do passado, colocando no sapato dos sonhos um pedido especial: PAPAI NOEL, DÊ UM PRESENTE AO BRASIL…! TRAGA NO SEU SACO ALGUNS HOMENS DE VERGONHA, CARÁTER E PATRIOTISMO, E LEVE NO SEU RETORNO AO POLO NORTE O SACO CHEIO DESSES INDÍGNOS DA PÁTRIA E QUE VÊM DESTRUINDO OS VALORES MAIS NOBRES DESTA NAÇÃO! PORÉM, UM LEMBRETE: TROQUE O PEQUENO TRENÓ POR UMA CARRETA, MAS… CUIDADO, ÊLES ESCAPAM COM MUITA FACILIDADE!!!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
______________________________________
NOTA DO AUTOR: Desejo expressar aos leitores que muito me honraram nesses anos com a sua leitura semanal, além da participação em eventuais comentários que somente enriquecem o nosso pensamento, bem como aos Editores e funcionários do Blog Geraldo José pelo acolhimento carinhoso, os meus profundos votos de paz, saúde e harmonia no Novo Ano, com boas festas natalinas.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 21/11/2014
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios
6 Comentários
Desta vez você se superou na inspiração e na verve! Parabéns! Peço vênia para copiar o último parágrafo e disseminá-lo em meu e.mail e no Facebook.
Caro Agenor, mais uma vez parabéns. Tenho lido sempre suas crônicas, repassando-as aos meus contatos, com recomendação. Não se pode apagar a esperança de quem acredita em um Brasil melhor. (Goiânia-GO)
Uma dosagem de decepção e esperança. Mas, que predomine, pelo menos nesta próxima quarta e quinta-feira, o espírito natalino. Um abraço e um Feliz Natal. (Salvador-BA)
Caro cronista: Muito me preocupa e até surpreendeu seu pedido final, já que sei, o amigo também é defensor de um planeta limpo: levar a sugerida “carreta” para o Polo Norte – uma das poucas/raras regiões ainda despoluídas desse nosso continente (acho que igual fato só deve ocorrer na “vizinho” Polo Sul… KKK) – aproveitando sua própria escrita, também não me pareceu de bom tom !
Brincadeiras à parte, talvez a melhor sugestão seria que enchessem a nave que estão fabricando com destino a MARTE – essa, sim, uma viagem sem volta. (Salvador-BA).
Adoro aprender os acontecimentos da História em suas crônicas! Lindo texto!
Vou colocar esse pedido também no meu sapatinho para Papai Noel! (Salvador-BA).
Caro Agenor: Parabenizo-lhe pelos belíssimos textos, pois consegue unir à sutileza a crítica, e transmitir aos leitores um grande conteúdo.
Aproveito para desejar-lhe um Feliz Natal e um excelente Ano Novo!! (Salvador-BA).