Não só na Bahia, mas no Mato Grosso por onde andei recentemente e agora no Espírito Santo, para mim dois problemas ficaram muito evidentes e que estão atormentando a vida do cidadão brasileiro: o alto preço do feijão, e outro drama impactante que afeta a vida de grande número de famílias: os 11.500.000 trabalhadores desempregados! Enquanto tudo isso acontece, em Brasília, o centro das decisões nacionais, parlamentares praticam o vil exercício da defesa de interesses personalistas e lutam pela sobrevivência no cargo desse ou daquele parlamentar!
Como se não bastasse a dimensão trágica que representa o impeachment de um Presidente da República, o nosso Congresso Nacional tem a sua atenção voltada para decidir, também, pela perda do mandato do ex-Presidente da Câmara de Deputados. Mais triste, ainda, é pensar que, neste imbróglio do cassa não cassa, não estão em discussão questões punitivas pelo desempenho da função parlamentar no âmbito da Câmara, mas, motivado por desvios de conduta na omissão de informação, movimento financeiro de origem no mínimo suspeita (trustes!), e contas bancárias no exterior com volume de dinheiro incompatível com os rendimentos da função legislativa.
As especulações feitas quanto ao caráter das negociações de bastidores para tentar salvar os respectivos mandatos, da Presidente da República e do ex-Presidente da Câmara, e porque não dizer para garantir o cargo ao próprio Presidente Interino, diria que se for colocado um microfone secreto para ouvir o nível das conversas reservadas em Brasília, com a consequente propagação nacional do áudio, imagina-se que ninguém conseguirá dormir neste país…!
Apesar dos comentaristas econômicos afirmarem que houve uma leve retração na expectativa do índice da inflação, parece mais óbvia a descrença da população nesses índices tão otimistas, uma vez que ainda não se registrou algum fato que possa despertar a Nação do estado letárgico em que se encontra. Sabendo-se que são centenas de milhares os estabelecimentos comerciais e industriais que estão fechando as suas portas em todo o Brasil, fato gerador do desemprego em todas as camadas sociais, não existe margem para se acreditar em informações econômicas desse tipo. O fato mais alarmante é que, em paralelo ao alto número de empresas falidas, há um perceptível abatimento no estado de ânimo dos empresários e trabalhadores ativos, os quais dedicam tempo no estudo de alternativas de sobrevivência.
Espera-se, com ansiedade, que logo sejam superadas as demandas de ordem política com a decisão final pelo impeachment ou não, agora ainda melhor que saiu a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, para que a nação retome, com urgência, a sua caminhada de recuperação econômica e seja restabelecido o sentimento de confiança da população brasileira nas suas principais lideranças.
O Brasil não pode continuar com o freio de mão puxado, inibindo as iniciativas dos segmentos produtivos e o desejo de trabalho do seu povo. A eleição do presidente da Câmara, pelo menos, elimina uma das tantas pendengas políticas existentes, dentre os fatores negativos que atualmente travam o nosso desenvolvimento e criam obstáculos à normalidade da economia nacional, em todos os sentidos. Nenhum país cresce se não exibir aos seus investidores internos e externos um clima de estabilidade política, seriedade e honestidade nas ações dos seus líderes.
Sem sombra de dúvidas, as eleições são o único caminho alternativo para o povo exercer o seu direito de mudança, sempre alimentado pela convicção de que “desta vez vamos acertar…”. Mas, ao mesmo tempo, esse é o período em que os arranjos e esquemas são montados na direção de desvirtuar ainda mais tudo o que está se pretendendo corrigir de errado no país atual. No caso das eleições de outubro próximo, por exemplo, com certeza não estará em jogo o que é melhor para cada município, mas, sim, o retorno que poderá representar em votos para cada liderança ou legenda política que estará patrocinando os candidatos, com o pensamento voltado para a própria candidatura de cada um em 2018 (Deputados, Senadores, Governadores, Presidente, etc.)!
E a roda viva continuará girando, porque em 2017 já recomeçará toda a preparação para as eleições de 2018, e o desemprego não passará de mais uma pauta dos discursos vagos e enganadores de campanha.
Que a vergonha e a responsabilidade desses senhores, que estão lá comendo e bebendo do bom e do melhor, sem saber o que é o amanhecer de uma mesa sem o pão, ou do pai de família sentado nas calçadas em busca de uma oportunidade na fila do emprego, seja algo a ser pensado e resolvido com urgência!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Vitória-ES).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/07/2016