Não deixa de ser surpreendente que o Brasil, tão questionado perante o mundo pelos índices de desmatamento e queimadas que tem alcançado nos últimos anos, embora o Governo anuncie queda acentuada desde 2024, tenha sido formalmente eleito país-sede da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Por outro lado, quem sabe, pode ter sido uma oportunidade de aprendizado com os países visitantes que dispõem de grande bagagem na questão do clima!
A escolha do Brasil foi confirmada em duas etapas principais: a) Inicialmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou a cidade de Belém (PA) como sede da COP30 em 26 de maio de 2023, após a indicação do governo brasileiro e apoio unânime dos países da América Latina e Caribe. O anúncio foi feito pelo presidente do Brasil; b) Oficialização formal: O Brasil foi formalmente eleito país-sede da 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) durante a sessão plenária da COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 11 de dezembro de 2023.
Acordos posteriores e aprovações legislativas no Brasil, como o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 615/2025, apenas ratificaram pelo Congresso Nacional do Brasil o acordo de sede em nível nacional. O evento ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025.
Embora 197 países sejam signatários da “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima”, talvez só 143 nações com representantes e apenas 57 Chefes de Estado compareçam, entre eles o Príncipe William, do Reino Unido, e o Presidente da França, Emanuel Macron. A ausência mais significativa é a dos Estados Unidos da América, atitude que vale algumas reflexões dentro do contexto político e ambiental.
As potências históricas da industrialização são as principais responsáveis pela degradação ambiental, mas tentam imputar às nações emergentes a tarefa moral da reparação.
E a nação americana tem um histórico de envolvimento permanente nos grandes acordos climáticos globais, e no final com recusas de ratificação e retiradas formais ocorrendo sob diferentes administrações presidenciais.
E para coroar o desprestígio atribuído pela América ao evento, o Presidente Trump justificou sua recusa com a polêmica declaração: “O aquecimento global é uma farsa”. Frase deselegante e inoportuna! Uma frase desse tipo, deveria ser considerada como algo impublicável! E ainda ficamos na dúvida se o fez por deboche ou pela santa ignorância do assunto. Eis a questão.
Naturalmente que as ausências de líderes de grandes economias ou de países com posturas céticas são vistas como um desafio para o alcance do consenso global e o próprio êxito da conferência.
A percepção clara que as grandes Nações passam ao Mundo, é de que as suas prioridades maiores estão no crescimento das suas indústrias, manter a sua produção agropecuária intensa em todos os níveis para vender aos demais povos, e o ônus da preservação do verde e do ar puro do meio-ambiente é uma responsabilidade das nações em desenvolvimento!
Com uma população mundial atual estimada em aproximadamente 8,2 bilhões de pessoas, algumas nações com grandes extensões territoriais no mundo – e o Brasil é um privilegiado, nesse particular -, têm a obrigação e responsabilidade de produzir alimentos agropecuários para atender a enorme demanda de quem necessita. E, ressalte-se, é impressionante a predominância da fome na maioria dos países da África, não podendo ser desprezado que, por aqui, ainda temos famílias que passam dificuldades de se alimentar.
Torna-se impositivo evitar os excessos e ações criminosas destruidoras, e para isso debates mundiais como os que irão acontecer em Belém devem criar os instrumentos adequados de controle do uso da terra, e de proteção àqueles que usam o solo para um tipo de produção honesta que protege o meio-ambiente e, também, assegura a sobrevivência do ser humano de forma sustentável, como não vem ocorrendo!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade

2 Comentários
Agenor Santos, o editorial desta semana é, sem dúvida, uma análise oportuna e consistente sobre o cenário ambiental e a realização da COP30 no Brasil. No entanto, diante da repetição de fóruns e promessas que pouco se traduzem em prática, é inevitável uma ponta de desconfiança quanto à real eficácia desses encontros internacionais.
As conferências sobre o clima se multiplicam, as declarações de boas intenções se acumulam, mas os resultados concretos seguem tímidos. O que foi efetivamente cumprido dos acordos estabelecidos nas COPs anteriores? Quantas metas ficaram no papel, enquanto o planeta continua aquecendo, os oceanos se elevando e as florestas sendo consumidas pelo fogo?
Há uma sensação de que parte desses eventos tem servido mais como palco político do que como espaço de compromisso verdadeiro. Um grande espetáculo diplomático “para inglês ver”, em que o peso das câmeras e das narrativas supera o das ações efetivas.
A ausência de potências como os Estados Unidos, citada por você, reforça essa contradição: os maiores responsáveis históricos pela degradação ambiental são justamente os que mais se esquivam de assumir responsabilidades concretas. Ao mesmo tempo, países em desenvolvimento são pressionados a pagar a conta moral da preservação.
O Brasil, ao sediar a COP30, tem a chance de mostrar que é possível unir produção e preservação. Mas para que isso aconteça, é preciso que a conferência não se limite a discursos. Que os compromissos assumidos em Belém não sejam apenas novas promessas para alimentar relatórios e manchetes, e sim passos firmes em direção a uma mudança real de mentalidade e de prática.
Em síntese, o mundo não precisa de mais uma COP – precisa de coerência, cumprimento de acordos e seriedade nas ações. O planeta não suporta mais ensaios.
A intenção é uma coisa, a ação é outra. Esse é o motivo principal para uma reunião como essa e outras, ficar apenas nos blá, blá… Seriedade no pensar e implantar o melhor, com CERTEZA dará credibilidade a momentos como esse último que aconteceu no Pará. Mas sem pompa, sem gastos extravagantes, apenas com o propósito de fazer acontecer tudo que foi discutido se é que isso aconteceu!