Apropriação da tecnologia e relacionamento humano são ingredientes do sucesso do futuro inteligente do corretor, cuja atuação será mais consultiva e cada vez mais estratégica
Exercícios futurísticos são comuns em determinados momentos da vida pessoal e profissional. Quando o assunto é a atividade do corretor de seguros é algo recorrente.
“O corretor de seguros evoluiu muito desde 1934. Lá atrás, sua atuação era limitada a uma ou duas seguradoras, em uma relação quase exclusiva. O tempo passou, o mercado se diversificou, os produtos se segmentaram e os consumidores passaram a exigir mais. Hoje, vivemos uma transformação ainda mais acelerada, impulsionada pela tecnologia e pela mudança no comportamento do consumidor”, descreve Boris Ber, presidente do Sincor-SP.

Segundo ele, o corretor precisa acompanhar ou se antecipar a essa transformação. “O ‘futuro inteligente’ é sobre isso: estar preparado, ser estratégico e dominar as ferramentas que podem potencializar sua atuação”.
Na visão do presidente do Sincor-SP, muitos corretores ainda estão atrasados até mesmo em relação ao presente. “Para se preparar para o futuro, é urgente incorporar tecnologia no dia a dia: adotar sistemas de gestão eficientes, controlar melhor sua produção, conhecer profundamente sua carteira de clientes e, a partir disso, aplicar estratégias de cross-selling e up-selling”.
“Pode até soar como um lugar-comum, mas o futuro é inevitável – e está cada vez mais próximo. Cabe a nós aceitá-lo e acompanhar as mudanças, ou corremos o risco de sermos deixados para trás. As transformações digitais e tecnológicas estão, de forma crescente, integradas à nossa rotina – e com o setor de seguros não seria diferente”, analisa Cefas Rodrigues, diretor Comercial Regional Norte da Tokio Marine.
Nesse contexto, Rodrigues diz que o futuro inteligente do corretor de seguros depende diretamente da sua habilidade de se reinventar, seja por meio da adoção de ferramentas que agilizem processos operacionais, ou pelo uso da tecnologia como aliada em análises mais estratégicas e na construção de soluções mais assertivas para seus clientes.
“Na Tokio Marine, sempre reforçamos que a tecnologia é um meio, e não um fim. E é assim que incentivamos nossos parceiros a enxergá-la: como uma aliada para ampliar seu potencial de atuação e impulsionar seus resultados”.

“O futuro do corretor de seguros está diretamente ligado à sua capacidade de se posicionar como um consultor estratégico – alguém que alia conhecimento técnico à inteligência de mercado, com o apoio de tecnologias como inteligência artificial, automação e análise de dados”, comenta José Loureiro, diretor de Inovação, Digital e Dados do Grupo Bradesco Seguros.
Segundo ele, com essas ferramentas, o corretor ganha agilidade, precisão e tempo para focar no que realmente importa: construir relacionamentos sólidos com os clientes e oferecer soluções personalizadas, alinhadas ao perfil de um consumidor cada vez mais conectado, informado e exigente.
Daniela Israel, conselheira da Aconseg-NNE, ressalta que o futuro inteligente do corretor de seguros será construído a partir de uma combinação equilibrada entre tecnologia de ponta e relacionamento interpessoal. “Dessa forma, ele poderá oferecer soluções personalizadas, antecipar necessidades com agilidade e se consolidar como indispensável para o cliente”.
Eduardo Grillo, diretor executivo comercial da Suhai Seguradora, também acredita que o futuro dos profissionais passa pela combinação de tecnologia e relacionamento.
“A digitalização de processos, o uso estratégico de dados e ferramentas são fundamentais para dar mais agilidade e eficiência à rotina do corretor. Por outro lado, acredito que o diferencial continuará sendo a capacidade de se conectar com o cliente, entender suas necessidades e indicar as opções mais adequadas, ou seja, o futuro do corretor é digital, sim, mas também mais humano, mais consultivo e cada vez mais estratégico”.
José Loureiro, diretor de Inovação, Digital e Dados do Grupo Bradesco SegurosAntonio Edmir Ribeiro, diretor territorial Norte e Nordeste da MAPFRE, acrescenta que quando falamos em futuro, não estamos nos referindo apenas à tecnologia, mas à capacidade de usar a informação e os recursos de forma estratégica.
“Um corretor antenado ao futuro é um corretor que combina ferramentas digitais com conhecimento técnico e sensibilidade comercial para entender cada cliente como único, além de estar acompanhando o que as seguradoras oferecem de inovador no mercado. Na prática, isso significa usar dados para identificar oportunidades, acompanhar tendências de consumo e personalizar ofertas, sem perder a essência do relacionamento humano que sempre foi a marca da profissão”, esclarece.

Como os corretores podem se preparar
Para o corretor se posicionar como consultor estratégico, conforme Loureiro, é fundamental adotar uma postura de constante atualização e aproveitar ao máximo os recursos oferecidos.
“No Grupo Bradesco Seguros, temos investido fortemente em plataformas digitais, ferramentas preditivas e capacitação contínua. Um exemplo é a plataforma Universeg, que oferece cursos em diversos formatos, alinhados às principais transformações do setor. O objetivo é claro: apoiar o corretor para que ele atue com mais autonomia, relevância e protagonismo, sendo um verdadeiro agente de transformação na ampliação da cultura de proteção no Brasil”, destaca.
Cefas Rodrigues lembra que o corretor pode e deve investir cada vez mais em sua profissionalização. “Isso pode ser feito por meio de uma pós-graduação em negócios ou áreas relacionadas, assim como por cursos livres voltados às carteiras em que atua e ao uso de ferramentas tecnológicas no seu dia a dia”, recomenda.
“Na Tokio Marine, valorizamos e incentivamos fortemente a capacitação dos nossos Corretores. Um exemplo disso é a UP – Universidade Corporativa Parceiros Tokio, nossa plataforma de treinamento e desenvolvimento contínuo, que oferece trilhas de aprendizagem variadas para apoiar o crescimento profissional dos Corretores e contribuir diretamente para o sucesso dos seus negócios”, acrescenta Rodrigues.
Além da UP, a companhia possui o Brokertech, uma iniciativa focada em integrar o corretor ao ecossistema digital, que promove a otimização do processo de vendas online, da gestão de negócios digitais, do marketing e da relação com o cliente.
Outro ponto importante, segundo ele, é a gestão do tempo e da carteira de clientes. “O corretor do futuro precisa saber onde investir seus esforços e como usar a tecnologia a seu favor, seja para captar novos clientes ou fidelizar os que já estão com ele”.
Na visão de Ribeiro, o primeiro passo é estar aberto a aprender. “O mercado de seguros muda rápido com novos produtos, mudanças na legislação, perfis de consumo diferentes e quem se mantém atualizado sai na frente. Isso envolve participar de treinamentos das seguradoras parceiras, testar novas plataformas e se aprofundar em nichos onde ainda há muito espaço de crescimento, como seguros de vida individual, rural, massificados, auto, entre outros. Outra habilidade essencial é a gestão da própria carteira, ao saber analisar dados, medir resultados e identificar clientes com potencial de renovação ou venda cruzada. É um aprendizado de gestão comercial que faz toda a diferença para o corretor”.
Para ele, o papel da seguradora é ser parceira nesse processo. “No caso da MAPFRE, temos investido para que o corretor tenha acesso a ferramentas como o Portal de Negócios e o MAPFRE Centro de Formação, um espaço dedicado à capacitação dos funcionários das corretoras com cursos sobre produtos específicos e assuntos de utilidade para o desenvolvimento profissional”.
“A Suhai acredita na parceria verdadeira com o corretor. Por isso, investimos em capacitação, materiais de apoio e um atendimento consultivo para facilitar o dia a dia desses profissionais. Além disso, oferecemos um produto acessível, com alto índice de aceitação e grande potencial de conversão, o que ajuda o corretor a expandir sua atuação, inclusive em nichos que antes eram pouco explorados, como veículos com mais tempo de uso”.
Na visão de Grillo, o primeiro passo é estar aberto ao novo. “O corretor que busca se atualizar constantemente, testar ferramentas, aprender sobre comportamento do consumidor e entender as transformações do mercado certamente sairá na frente”.
Braços de apoio das assessorias
Na visão de Daniela, o corretor deixará de ser apenas um intermediário para se tornar um consultor estratégico, fazendo uso intensivo de conhecimento técnico, tecnologia e inteligência artificial para oferecer um atendimento mais consultivo e eficiente. “No entanto, será fundamental manter a escuta ativa, a empatia e o foco no atendimento humanizado, proporcionando ao cliente uma experiência única e de alto valor”.
Nesse sentido, os profissionais podem contar com as assessorias em seguros, que desempenham um papel fundamental no futuro inteligente do corretor, pois oferecem suporte especializado que potencializa seu trabalho em diversas frentes.
Afinal, as assessorias promovem capacitação técnica, intermediam junto às seguradoras, facilitam condições comerciais mais vantajosas, possibilitam o acesso a produtos variados, além de facilitar o networking com parceiros estratégicos, ampliando as oportunidades de negócio.
“A assessoria torna-se uma solução completa para o corretor, ao viabilizar a atuação em todos os ramos do seguro, mesmo aqueles que não sejam sua especialidade. Caminhando lado a lado com o corretor, a assessoria tem como objetivo impulsionar as vendas, trazer as novidades do mercado e as inovações tecnológicas, estimulando o crescimento exponencial do profissional”, descreve a conselheira da Aconseg-NNE.

Para apoiar o corretor na evolução, o Sincor-SP, por exemplo, atua em cinco frentes ligadas à inteligência artificial e, inclusive, promove o primeiro curso presencial sobre o tema, com 54 participantes e mais de 200 corretores em lista de espera, o que mostra a enorme demanda por conhecimento.
“Estamos investindo em ferramentas práticas, que fazem desde comparativos automáticos de coberturas até apresentações completas de produtos e da corretora, com um nível de sofisticação e simplicidade surpreendentes. Não estamos falando apenas de multicálculo ou baixa de comissão, isso já é básico. Estamos falando de automações que reduzem a carga operacional e aumentam o valor estratégico do corretor”, conta Ber.
O Conectacor, por exemplo, é uma ferramenta baseada em machine learning que já está revolucionando o atendimento e a produtividade dentro das corretoras. O Disque Sincor utiliza inteligência artificial para oferecer respostas mais ágeis e precisas. Em breve, a importação automatizada das condições gerais das seguradoras será realidade nas plataformas do sindicato.
“Temos também o compromisso de apoiar os corretores sucessores – os jovens, que já nasceram conectados e adoram esse tipo de desafio. Mas também queremos motivar os profissionais experientes, como eu, que veem na tecnologia uma grande aliada. O Sincor-SP está aqui para unir gerações e garantir que todos tenham acesso ao que há de mais moderno. Nosso papel é esse: ser ponte entre o corretor e o futuro. E esse futuro começa agora”, reforça o presidente do sindicato.
“O mercado mudou, as margens mudaram, a concorrência está mais acirrada. O corretor precisa estar à frente, preparado, capacitado e conectado às tendências”, conclui Boris Ber.
Fonte: https://revistacobertura.com.br -Conteúdo da edição 10 da Revista da Aconseg-NNE