Idoso dirigindo – Pesquisa da Fundação Mapfre e hospital espanhol mostra impacto do declínio cognitivo e do fator emocional na hora de deixar o carro – Foto: Pexels
À medida que envelhecemos, o declínio cognitivo pode impactar diretamente a segurança no trânsito, colocando em risco tanto o motorista quanto outras pessoas. Embora a progressão varie de pessoa para pessoa e os efeitos sejam mais ou menos graves, um estudo da seguradora Mapfre, na Europa, determinou uma idade média em que dirigir se torna mais arriscado.
A pesquisa foi conduzida pela Fundação Mapfre em conjunto com o Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, em Barcelona, e divulgada pela Direção Geral de Trânsito (DGT). Os resultados reforçam a necessidade de equilíbrio: não restringir a mobilidade de forma injustificada, mas também não permitir que alguém siga dirigindo quando sua condição representa perigo.
Nesse contexto, o relatório ressalta a importância de manter um diálogo aberto entre idosos, suas famílias e profissionais de saúde, já que deixar de dirigir também tem um forte componente socioemocional.
Pressão familiar pesa na decisão
Entre as descobertas mais relevantes, está um dado significativo: quase metade dos ex-motoristas mais velhos (45%) admitiu que deixou de dirigir não por escolha própria, mas por sugestão ou pressão de pessoas próximas.
Os motivos mais comuns para a decisão são condições médicas (41%), problemas de memória (36%), dificuldades ao volante (32%) e, em menor grau, o diagnóstico de demência (23%).
Quando a resposta parte dos familiares, a percepção é ainda mais acentuada: 74% afirmam que o idoso deixou de conduzir contra a vontade, sobretudo por problemas cognitivos (61%), deficiências na direção ou limitações físicas (35%) e, em alguns casos, por diagnóstico de demência (17%).
Um dos maiores desafios dessa transição é a perda de autonomia. Para muitos idosos, não poder mais dirigir significa perder independência, o que causa forte impacto emocional. O desafio, então, é tornar essa etapa o mais cuidadosa e menos dolorosa possível.
“Não sou mais o mesmo”, “minha família não confia em mim” ou “sinto que não sou mais bom o suficiente”. Essas frases, colhidas em entrevistas com quase 50 pessoas que passaram pelo processo de deixar de dirigir, revelam o lado humano da situação. Segundo o relatório, 41% dos entrevistados vivenciaram a experiência de forma negativa, associando-a a sentimentos de perda e frustração.
A análise mostra que a idade média em que os motoristas abandonam o volante é de 75 anos. Para reduzir riscos, a Fundação recomenda que os idosos realizem todos os exames psicofísicos necessários para renovar a habilitação e sigam rigorosamente as orientações médicas. A entidade ainda sugere cuidados práticos:
- Viajar acompanhado sempre que possível.
- Evitar dirigir em horários de pico, à noite ou sob más condições climáticas.
- Atentar-se a medicamentos em uso e possíveis efeitos colaterais que possam comprometer a condução.
Fonte: https://oglobo.globo.com – Por: La Nacion – Buenos Aires
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
1 comentário
Tenho 75 anos, sou motorista e faço questão de realizar meus exames médicos regularmente, todos confirmando que continuo em plenas condições de dirigir. Sei das minhas responsabilidades no trânsito e respeito os limites que a experiência e a idade me impõem.
Ao mesmo tempo, reconheço que cada pessoa é única: não é a idade no documento que define a capacidade de dirigir, mas sim a consciência, a saúde e a responsabilidade de cada um. O volante exige autocuidado e também autocrítica. Se um dia eu perceber que não tenho mais condições, serei o primeiro a entregar as chaves — não por pressão, mas por consciência.
Portanto, mais do que um número, o que deve pesar é a capacidade real de cada motorista. É essa clareza que garante segurança e preserva a dignidade de continuar ou não ao volante.