Marechal Deodoro da Fonseca Proclamação da República do Brasil
Nota do Editor: Excepcionalmente, este artigo foi publicado na última sexta-feira, 15 de novembro de 2024, em razão de seu tema específico sobre a Proclamação da República. Contudo, como é tradição que o autor publique um editorial todos os domingos, o artigo será republicado hoje como o editorial dominical, preservando integralmente sua versão original.
Além do fato histórico da maior magnitude acontecido em Sete de Setembro de 1822, representado pela Independência do Brasil, outro tão importante quanto especial veio integrar a História do Brasil, resultado da luta de tantos brasileiros importantes, ocorrida há 135 anos: a PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA em 15 de novembro de 1889, que hoje comemoramos.
A República Brasileira, também referida na História do Brasil como Golpe Republicano ou Golpe de 1889 – linguagem muito utilizada atualmente! -, foi um golpe de Estado político–militar, ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, encerrando a monarquia constitucional parlamentarista do império e, por conseguinte, destituindo o então chefe de Estado, o imperador D. Pedro II, que em seguida recebeu ordens de partir para o exílio na Europa.
Mas, como se vê, a nossa monarquia não durou muito tempo, como algumas que ainda existem nos nossos dias, as quais têm papel mais figurativo e representatividade histórica do que poder de governo. A do Brasil teve uma duração de 1822 a 1889, apenas 67 anos, com dois Imperadores, pai e filho, D. Pedro I e II. O surgimento do movimento pela Proclamação da República foi inspirado na ansiedade de mudanças profundas, não somente no sistema de governo, mas, sobretudo, no anseio de novas práticas políticas.
Na essência do regime de governança, obviamente que as instituições foram estruturadas e diferenciadas das tradições monárquicas. Contudo, como não poderia deixar de acontecer, algumas características sempre são herdadas, principalmente quando se trata dos defeitos inerentes ao sistema, especialmente na ostentação da opulência nos cargos. Muitos já ouviram ou emitiram comentários como o da frase seguinte, diante da pose de certas pessoas que circulam com aparência superior ou aquelas que atendem nos órgãos oficiais exibindo desmesurado poder: “parece que tem um rei na barriga…”!
No presente caso, a frase reflete, talvez, certa carga de humor, com apenas um detalhe do comportamento que lembra o fausto comum aos súditos do Reino. Mas, na realidade hoje vivenciada, existem situações muito mais graves dentro de nossa fragilizada e tumultuada República, que deixam de produzir humor e acarretam custos elevadíssimos aos Municípios, aos Estados e à Nação. As exceções são poucas ou raríssimas, e o que temos de forma bem abundante são os gestores que embarcam nos sonhos da gastança desenfreada do dinheiro público, sem controle e sem limites, como se o poder da assinatura fosse o alimento do próprio ego e da fantasia pessoal de cada um. Nesse particular, a gente lembra ainda de uma frase de autoria do 16º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Abraham Lincoln: “Quer conhecer o caráter de uma pessoa? Dê-lhe poder!”
Como no Brasil tudo tem o seu lado folclórico ou que gera humor, esses importantes fatos históricos não fugiram da regra do tradicional “jeitinho brasileiro”. Senão, vejamos: a) A Independência do Brasil foi anunciada em 1822 pelo Imperador D. Pedro I, mas as lutas continuaram na Bahia e a Independência novamente foi anunciada após a vitória sobre os portugueses em 1823, que passou a ser comemorada na grande festa do Dois de Julho; b) A Revolução Pernambucana teve curta duração, pois começou em março e terminou em maio de 1817, e reivindicava a Independência e o advento da República. Logo após as primeiras vitórias conquistadas nas lutas contra os portugueses, os líderes realizaram a primeira Proclamação da República, muitos anos antes da proclamação oficial em 1889, pelo Marechal Deodoro da Fonseca!
Conclui-se, assim, que o “jeitinho brasileiro” manipula até mesmo os mais relevantes fatos da História da Pátria, produzindo duas Independências e duas Proclamações da República! Por isso dizem que o brasileiro precisa ser estudado…
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
6 Comentários
Sem meias palavras o Autor faz um desenho de tudo e de todos que fazem parte dessas duas ocasiões importantes para a vida nacional. Enfim como bem dito no contexto, o Brasil precisa de um estudo para melhores entendimentos… Ou seja, termina sempre dando TUDO certo!rsrsrs.
Boa tarde, caro Agenor, grande escriba!
E por aí vamos politicamente “republicando” na esplanada e “brasileirando” do nosso jeitinho.
Um abraço,
Geraldino
15/11/2024
Caro Agenor, boa tarde!
Você presenteou seus fiéis leitores com uma aula excepcional!
A sua capacidade de apresentar de forma clara e envolvente a história da Independência e da Proclamação da República é admirável. Com uma análise cuidadosa, você chega à conclusão de que o “jeitinho brasileiro” é capaz de reescrever até mesmo os momentos mais significativos da nossa história, ao ponto de criarmos duas Independências e duas Proclamações da República.
Tenho que admitir que brasileiro é um enigma digno de estudo…
Esse talento só reforça a sua habilidade em conquistar novos leitores.
Meus parabéns!
Florisvaldo
Bem esclarecido, professor. É o nosso país. Mas, ainda tem jeito. Abraços.
Verdade amigo. Muito boa lembrança! (Rio de Janeiro-RJ).
Realmente, existem alguns comportamentos operados por brasileiros oportunistas, sem hombridade e sem respeito ao direito do outro: “O jeitinho brasileiro”, a “Lei do Gerson”, “Farinha pouca, meu pirão primeiro” e por aí vai…
Sabe-se que, apenas, aqueles que perseguidores de benefícios indevidos, com os ditos “golpes”, reclamam. Esses aproveitadores desconsideram que esses “golpes” foram de grande importância para o Brasil. Não fossem eles, provavelmente, estaríamos em situação bem pior do que atualmente.
A “ostentação da opulência nos cargos.” é uma herança proveniente do descaramento e do hábito de praticar a corrupção, pois, como se observou recentemente, a primeira mulher dama do País desfalcou os cofres públicos, pagando cachês de R$.30.000,00 a cada um dos 29 artistas, isto é, R$.870.000,00, para se apresentarem no G20. Daí, advêm alguns questionamentos: qual a finalidade do G20, não seria discutir temas ligados a finanças, ao crescimento e ao desenvolvimento dos países? Se houvesse necessidade de recepcionar esses representantes, não seria suficiente um artista ou, no máximo, dois? O presidente acenou com a possibilidade de compra outro aerolula mais moderno e mais espaçoso, além de comprar jatinhos para seus Ministérios. Outro desmando com o dinheiro público se verificou na corrida de fórmula 1, do dia 03/11 passado, quando o presidente do BRB gastou R$.3.200.000,00 na comora de camarotes distribuídos com políticos, dentre eles, Ibaneis Rohca, e empresários clientes do Banco.
Pra começar, eu trocaria o termo “gestores” por “gastores”, pois só fazem e só querem gastar, haja vista as fábulas que se gasta com viagens desnecessárias e com comitivas desnecessárias. Ministro e seus seguranças indo assistir à final da Champions League; Janja indo assistir às olimpíadas…
A despeito da frase de Abraham Lincoln, cabe evocar o pensamento do Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus.”
“O brasileiro que precisa ser estudado…” deveria usar sua criatividade para o bem da humanidade. Mas, como a tônica das ações das pessoas famosas, inclusive do Judiciário (e, agora, mais acentuado) e dos políticos brasileiros é a corrupção, a roubalheira, não se divisa qualquer perspectiva de deixarmos de ter “duas Independências e duas Proclamações da República”. Aliás, um Historiador dissera que a verdade da história é de acordo com o interesse do poderosos do momento. (Maceió-AL).