Sede da Organização das Nações Unidas-ONU, em Nova York
Ao final da década de 1950 quando este cronista ainda transitava pelos caminhos da adolescência em direção à maioridade, o que mais se ouvia no mundo político era a frase “Autodeterminação dos Povos”. Após a 2ª. Grande Guerra Mundial, a Carta das Nações Unidas (26/junho/1945) foi o documento que acolheu e legalizou a união das Nações vencedoras e aliadas, sob a égide da entidade constituída como ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, que passou a assegurar o respeito e o direito à paz, após os sofrimentos impostos pela vocação expansionista e sanguinária do ditador alemão Adolf Hitler.
O Art. 1º da Carta das Nações Unidas definiu os objetivos fundamentais que inspiraram a fundação da ONU: “Desenvolver relações de amizade entre as nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal”. Em tese, resumia qual seria a missão da ONU, atualmente muito enfraquecida, visto o total alheamento diante das guerras que vão surgindo e se alongam no tempo, sem qualquer tipo de intervenção da Entidade que representa todas as Nações. Ainda assim, melhor com ela do que sem ela!
Conquanto a expressão tenha sentido etimológico literalmente contrário ao conhecido na vida prática nos dias atuais, conceitualmente é aceita como definição do princípio de autonomia política das nações, respeito à soberania, às suas tradições religiosas, étnicas e culturais e, principalmente, às leis internas vigentes.
No contexto internacional, o Brasil, pelo menos na teoria, sempre se definiu como defensor da Autodeterminação dos Povos, ainda que esse comportamento seja relativo, porque obedece às conveniências políticas de cada governo e o momento histórico em que o fato político está acontecendo em determinado país de suas relações, a exemplo da Venezuela, Cuba e outras ditaduras de esquerda pelo mundo.
Por exemplo, o Brasil é uma nação que sempre participou de todos os Tratados e Acordos Internacionais do pós-guerra gerados pelas Nações democráticas do Ocidente, mas na guerra atual de mais de dois anos entre a Ucrânia e a Rússia, o Brasil desconheceu o direito de autonomia e autodeterminação da nação ucraniana, que foi invadida pela Rússia…!
Na recente abertura da sessão da ONU o Presidente Lula, embora tenha feito um discurso bem abrangente sobre amplas questões mundiais, questionou os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, e a expansão da guerra por outros países árabes, mas se esqueceu de dar a devida ênfase que tudo começou pelo ataque realizado pelos terroristas do Hamas, que matou 1.200 vidas israelenses, em 07 de outubro de 2023.
Reconhecido que o ataque foi realizado pelo grupo terrorista Hamas – que não existe como Estado legalmente constituído – mas, que é, apenas, um agrupamento perigoso de radicais terroristas, como pode o Brasil se opor à reação e ao contra ataque de Israel, nação com a qual tem amistosas relações diplomáticas! Que não sejam consideradas as questões pessoais dos mandatários, que sabemos haver divergências, mas, o devido respeito que falta por parte do criminoso grupo Hamas.
Assim como a ONU, com o apoio do Brasil, estimulou a criação e reconhecimento do Estado de Israel em 1948, seria justo que o fizesse, também, com os árabes do Hamas e Rezbollah, a fim de que tivessem o seu território próprio e se enquadrassem no respeito às leis mundiais como um Estado independente. A autonomia como Nação ficaria, obviamente, condicionada ao respeito às leis e o total abandono das atividades terroristas.
Todo esse conflito entre Israel e países árabes será sempre de difícil compreensão pelo mundo ocidental, visto a grande complexidade que envolve a vida desses povos ao longo de milhares de anos.
Urge que os 193 Países-membros que atualmente integram a ONU se articulem no sentido de reconhecer a importância do papel da Entidade, e promovam o seu fortalecimento, de maneira que a paz e a harmonia sejam valores que voltem a integrar as relações entre os povos do mundo, porque é a PAZ o objetivo maior que essa organização preconiza, além de ser a razão de toda a sua existência.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
6 Comentários
Caro Agenor, boa tarde! O Editorial é provocador e nos desafia a refletir sobre como a autodeterminação e a paz podem coexistir em um cenário repleto de conflitos e desigualdades. É evidente sua crítica à fragilidade da ONU e à contradição do Brasil em sua defesa da autodeterminação dos povos, especialmente em relação aos conflitos recentes. Sua observação sobre a inação da ONU diante de guerras, assim como a influência dos interesses políticos na postura do Brasil, é pertinente. Você acerta ao destacar a urgência de fortalecer a ONU para que ela possa realmente cumprir sua missão de promover a paz.
Pois é. Um órgão tão cheio de boas e das melhores intenções, está ficando um pouco realmente a desejar…
Obrigado por lembrarmo-nos do nosso Brasil de algumas decadas, lembro do refrão: “Eu te amo meu Brasil/ Eu te amo! ”
E nestes novos tempos, quem tem coragem de cantar? (Salvador-BA).
Muito boa crônica amigo! (Salvador-BA)
Sr. Agenor. Concordo com todas as afirmações que foram feitas nesta crônica. Vivemos em tempos difíceis. Não dá para aceitar declarações deste atual governo federal em relação aos conflitos citados no seu texto.
Cordialmente, Vera Maria
Mais uma bela, excelente e inteligente página amigo Agenor. O homem precisa urgente se lembrar que é mortal e que a paz contribui para que o durante a vida valha a pena. E isso só pode acontecer num ambiente de fraternidade e paz
Forte abraço. (São João do Meriti-RJ).