É sempre bom recordar os momentos marcantes de eleições anteriores ou mesmo algo que foi escrito, para nos permitir a reflexão comparativa e identificar se alguma coisa efetivamente mudou, mesmo que transcorridos 10 anos! E, pelo visto, esse título editado em outubro de 2014, quase 10 anos, indica-nos que o “Joãozinho” continua envergonhado, porque nada mudou.
Estamos iniciando uma nova campanha eleitoral para as eleições municipais de outubro de 2024, com todos os percalços e aborrecimentos que um período eleitoral possa causar, com horários políticos cansativos que precisam ser reformulados com urgência, e que, às vezes nada acrescentam de informações úteis sobre o programa de governo dos candidatos pretendentes ao cargo. Além disso, existem os milhares de cartazes que emporcalham as ruas das cidades. E aí, a culpa é de uma gama de pessoas sem a mínima noção de educação ou civilização, o que lamento ter de dizer isso!
Mesmo assim, a Eleição é um acontecimento que ratifica a importância e o valor do regime democrático. Se os candidatos e os marqueteiros pensassem melhor, trocariam a tática das acusações aos adversários pelo que deixaram de fazer quando no desempenho dos seus mandatos anteriores, e mais um arrazoado de mentiras sobre a vida pessoal e particular de cada um, por propostas responsáveis e concretas contidas em programas de governo a serem executados no mandato que concorrem. Isso contribuiria para a reconstrução de um Brasil novo, que ora está caminhando a passos largos na direção contrária à sua história.
Na vida pessoal ou pública de cada cidadão não se deve dar realce ao seu comportamento pelo fato de ser honesto, porque “ser honesto é obrigação inerente ao caráter das pessoas”. Igualmente, também não há mérito tão especial que mereça a “louvação” exagerada a certas obras públicas deixadas por esse ou aquele administrador, porque este não fez nada mais do que a sua obrigação em gerenciar bem e corretamente os recursos públicos em benefício da sociedade. Para isso foram eleitos.
Ressalte-se que, para o desempenho honrado dessa tarefa, os Estados e o Governo Federal, principalmente, têm à disposição um notável orçamento financeiro resultante dos impostos que esses mesmos eleitores pagam. Observe o leitor que a arrecadação total das receitas federais alcançou em 2023, o total de R$ 2,318 trilhões (DOIS TRILHÕES, TREZENTOS E DEZOITO BILHÕES DE REAIS)! Esse é um valor tão alto e incomum na linguagem diária, que nem mesmo a população mais informada pode avaliar a sua expressão monetária. Tudo isso, resultado da pesada carga tributária que recai sobre a sociedade brasileira, em geral: 32,44% do PIB em 2023! Cabe repetir que, infelizmente, não aprendemos, ainda, a cobrar aquilo que saí de nossos bolsos para um bolo que é fatiado ao bel prazer deles… Imaginem!
Assim, criar Programas Sociais em benefício da população, não deveria ter qualquer importância em saber qual a paternidade ou o “DNA” do criador do Programa, a exemplo do Bolsa Família, que UNIFICOU outros Programas Sociais pré-existentes como Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Cartão Alimentação. Nada disso representa um favor, um manjar dos deuses ou a exaltação repentina de “mito”, senão, na medida certa, o reconhecimento da sociedade e da história. Diga-se, de passagem, que tudo isso vem de um Senador baiano, já falecido, que na Presidência do Senado Federal, 25 anos atrás, apresentou a proposta do FUNDO DE COMBATE E ERRADICAÇÃO DA POBREZA. Os baianos se recordam bem dele!
Nos debates organizados durante a campanha ou nos horários políticos, não sobra espaço para a abordagem dos propósitos e objetivos a serem alcançados pelos candidatos, pois o tempo é consumido, exaustivamente, na mútua lavagem da roupa suja.
Conquanto o assunto seja de uma insofismável seriedade, o autor se permitiu encontrar um pouco de inspiração nas respostas sempre inteligentes do folclórico e irreverente personagem “Joãozinho”, que, na charge da ilustração, desabafou aquilo que todo cidadão gostaria de gritar em alto e bom som: “PERDEMOS A VERGONHA NA CARA!…”. Quanta verdade bem expressa naquele ambiente escolar!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
9 Comentários
Caro Agenor, sou um daqueles cidadãos que gostaria de repetir em alto e bom som, a mesma frase que o Joãozinho proferiu: Há muito tempo perdemos a vergonha na cara! Parabéns!
Caro amigo,
Parabéns por mais um artigo que reflete uma verdade verdadeira lembrando nosso saudoso colega/amigo Bezerra. Infelizmente nada muda nas eleições a começar com aceitação pelo TRE de candidatos de partidos nanicos sem a mínima condição de serem eleitos recebendo verbas do Fundo Eleitoral do TSE. (Salvador-BA).
Boa crônica Agenor, brilhante, abraços. (Aracajú-SE)
Verdade. Tudo igual. Infelizmente. (Salvador-BA
Bom dia meu caro,
Mais uma vez, muito boa a sua reflexão. Penso do mesmo jeito. (Maracás-BA).
Pura verdade grande Colega e Irmão! (Miguel Calmon-BA).
BOM DIA , CARO AGENOR. Uma abordagem pertinente. TESTEMUNHEI VERGONHA NA CARA no século passado (M/M 1939), quando presenciei meu avô tomar emprestado um saco de farinha e devolvê-lo, no dia aprazado, acrescido de alguns quilos. Daí pra cá a vergonha andou meio arredia, até que desapareceu quase por completo. Meu aplauso caloroso para os poucos que ainda acreditam nela. ABRAÇÃO! (Salvador-BA).
Me associo a todos pertinentes comentário, mostrando que a nossa indignação é grande com essas figuras que chegam lá para nos representar, e no entanto, são DECEPCIONANTES, infelizmente!!!
Excelente!!! Perfeito!! (Irecê-BA).