Observadas as características próprias de cada época, desde a Proclamação da República ou, quem sabe, a partir do Descobrimento em 1.500, talvez não tenha havido um momento da história em que, cumulativamente, e num curto período de três décadas, tenham ocorrido tantos fatos negativos e indecorosos nesta nação brasileira, como nos últimos tempos! É, sinceramente, muito vergonhoso o que abaixo segue:
A história do Brasil está repleta de registros de escândalos deploráveis, e vale recordar alguns: a) Década de 1990: Caso Jorgina de Freitas, fraudadora de aposentadorias do INSS, que desviou com a sua quadrilha em torno de 600 milhões de dólares, em 1991; Escândalo dos Anões do Orçamento; Escândalo do Sivam; Escândalo do Dossiê Cayman; Escândalo da SUDAM e da SUDENE; b) Década de 2000: Escândalo dos Correios; Escândalo do Mensalão; Mensalão Mineiro; Escândalo das Sanguessugas (ou Escândalo das Ambulâncias); e o Caso Daniel Dantas ou Operação Satiagraha; c) Década de 2010: Caso Erenice Guerra; Caso Siemens e Caso Alstom; Operação Lava Jato (Petrolão); e Operação ZELOTES (Receita Federal). Ufa!
Teria uma infinidade de outros escândalos, mas o espaço da crônica seria insuficiente para reproduzi-los. Não importa os envolvidos, se são da situação ou oposição, Esquerda ou Direita, governo atual ou anteriores; todos que assim agem ou agiram, não merecem a condescendência dessa sociedade atingida. O que se reivindica é que haja a punição na forma da lei, cada qual no nível de suas irresponsabilidades e que, principalmente, devolvam os recursos públicos aos cofres da nação.
O relato acima não é suficiente para embasar o atual estado de desesperança do cidadão. Serve, no entanto, para provar que os escândalos não têm apenas vínculo com a corrupção política, mas um desvio de comportamento já incorporado à índole do brasileiro. E é aqui a parte mais indecorosa. Quando políticos e uma parcela vinda da sociedade, perdem a compostura, e sem vergonha nenhuma, aprontam de todo jeito!
Ora, então de onde poderia surgir a esperança de se testemunhar a existência de um mínimo de dignidade neste país, que permitisse servir de exemplo aos nossos filhos e netos, se até a Receita Federal, modelo de instituição eficiente, foi alvo da “Operação ZELOTES”, em 2015, com o objetivo de desarticular organização suspeita de manipular julgamentos de processos junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, do Ministério da Fazenda!
Mas, o íntimo de alguém neste País, mesmo que não nutra simpatia direta com o Exército Brasileiro, deve ter imaginado que restava essa Instituição nacional, como ícone da tão reclamada integridade. E ela se manteve ilesa a qualquer contágio, até que em julho/2015, em meio a toda a podridão que se vivenciava, a imprensa investigativa noticiou o envolvimento de alguns oficiais militares, acusados de receberem propinas por autorizarem fraudes de empresas que produziam e comercializavam a venda de vidros blindados falsos para veículos, e até capacetes militares de qualidade inferior, colocando em risco a vida das pessoas usuárias desses serviços! A diferença é que o Exército puniu exemplarmente os envolvidos, imediatamente, afastando-os da corporação.
De outra parte, contudo, quando as instituições públicas e empresas privadas passam a ser infectadas pelo vírus do desrespeito às leis e pelo completo desconhecimento das normas básicas de sustentação da estrutura social, aí o cenário passa a ser preocupante e enormes serão os desafios para a superação, antes que o pior aconteça ao País.
Oxalá essa nossa querida Nação brasileira reencontre os rumos da dignidade, não somente pela reconstrução da estrutura moral e de caráter dos seus cidadãos, mas, sobretudo, pela melhor escolha dos seus governantes, que possam honrar essa pátria com respeito e integridade!
A começar pelos municípios onde efetivamente as pessoas vivem. E, a partir daí, uma contaminação positiva aconteça para o bem geral dessa Nação onde, sinceramente, existem tantos e tão sucessivos descalabros. Mas, é impositivo que não se permita a materialização no País do PRINCÍPIO DA IMPUNIDADE como regra.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
5 Comentários
Você tem uma memória boa. Parabéns!!! (Salvador-BA).
Excelente! TRISTE VERDADE.
Repassei para todos meus contatos. Forte abraço Salvador-BA).
Bom dia, meu caro Agenor!
Você traz reflexões (com dados e fatos) que, mesmo conhecendo as características de cada época, desde a Proclamação da República (olhe que já se passaram alguns séculos) é estarrecedor, porém oportuno, relembrar as mazelas que aconteceram nas três décadas mencionadas por você no editorial, já que a nossa memória é curta, pois certamente houve tantas outras já esquecidas.
Existe um velho ditado popular que diz: “Água passada não move moinho”, no entanto, precisamos ficar atentos as águas que virão, pois o moinho precisa continuar se movendo.
O Artigo vai ao cerne dessa questão tão infame. Eles batem em nossas portas, nós lhes damos nossa confiança e depois é só decepção para não sermos mais explícitos…!!!
Mais uma crônica centrada e sugestiva, além de elucidativa, sobre a qual ouso apresentar alguns posicionamentos meus.
Para bandidos, trapaceiros e corruptos, não há momento histórico, todo tempo é tempo. Acredito que talvez seja porque os políticos vezeiros ficaram mais ladinos e ambiciosos rapinantes, e os neófitos tragam o gene de seus ancestrais, principalmente daqueles Tudo isto com o apoio do Judiciário e este com a conivência do Congresso Nacional.
Não se vislumbra como se efetivar esta reinvindicação. Pois a Lei é vilipendiada por quem tem o dever constitucional de aplicá-la e a respeitar, além de novos dispositivos legais, quando reduzem os interesse espúrios dos legisladores, serem barrados por estes em seu nascedouro.
O óbice que impede que “nossa querida Nação brasileira reencontre os rumos da dignidade” é que, além das falcatruas praticadas pelos políticos, estes se camuflam em um mimetismo espetacular, pois se adequam à situação conforme ela se apresenta. Um exemplo disto é o posicionamento de nosso Presidente, ao, supostamente, sob os holofotes, romper relações com alguns ditadores, inclusive com seu amigo Venezuelano. Isto atrapalha, em muito, o discernimento dos eleitores menos avisados, na “escolha dos seus governantes, que possam honrar essa pátria com respeito e integridade!” (Maceió-AL).