É inquestionável a complexidade de se manter sob absoluto controle os gastos do Governo Federal, sobretudo considerando a dimensão territorial do País e o conseqüente universo de problemas sociais existentes, em paralelo às carências nos campos da Educação, Saúde e Segurança Pública. Verdade seja dita, cada campo mais complexo que o outro e todos imprescindíveis no âmbito de governo, seja qual for a esfera, se Municipal, Estadual ou Federal.
Todo esse cenário está sempre a reclamar imperiosas ações administrativas, com o fim de atender as necessidades da população, atualmente estimada pelo IBGE em 213,3 milhões de habitantes, espalhados por uma Federação de 26 Estados e o Distrito Federal, os quais são integrados pelo elevado número de 5.570 Municípios!
Embora, efetivamente, não seja missão das mais fáceis que se possa imaginar, aqueles que se habilitam como gestores desses cargos administrativos são obrigados a estar conscientes das suas responsabilidades pelo compromisso assumido, sobretudo, em respeito ao voto popular.
Diante desse contexto, infelizmente o que chega ao conhecimento público, através dos mais diversos meios de comunicação, é que em todos os Poderes da República, e nos órgãos administrativos a eles subordinados, predomina a convivência permanente com a prática de gastos perdulários, como se a arrecadação de recursos federais tenha origem numa fonte inesgotável! Isso deve ser olhado de outra forma, porque o povo não tem e nunca terá uma árvore de dinheiro para sustentar governos.
É visível o gigantismo da estrutura administrativa, sobretudo porque ela é utilizada fartamente para o empreguismo compensatório nas diversas escalas da hierarquia dos Gabinetes, Ministérios e Autarquias, em retribuição aos apoios partidários,
Como o montante de gastos está sempre em constante conflito com os limites estabelecidos pelo Orçamento da União, cujos percentuais definidos estão correlacionados com a Receita Orçada, e não há como conter os gastos, então a saída mais presente na busca das soluções adequadas, é aumentar os impostos e assim elevar a arrecadação, ou cortar as verbas destinadas aos Ministérios, como agora decidido em reunião ministerial, no montante de 29 bilhões de reais!
Talvez, uma das alternativas que poderia viabilizar a contenção de gastos irresponsáveis, seria a eliminação do tal Cartão Corporativo, utilizado para gastos da Presidência e de Ministros, que não respeitam limites e cujas despesas têm o privilégio de se manterem secretas. A isso podemos classificar, no mínimo, como uma vergonha!
Se houvesse uma preocupação em eliminar as despesas inúteis, a exemplo das viagens improdutivas com comitivas presidenciais, o cumprimento do Orçamento seria menos preocupante. Vale lembrar, que até nas “Motociatas” do Bolsonaro, foi utilizado o cartão corporativo para abastecimento das motos e lanches dos participantes. Um absurdo e vergonhoso abuso do dinheiro do povo! Mas quem perdeu “vergonha” para eles acharem? Fica a pergunta.
A inauguração festiva realizada em uma Rodovia Federal, a BR-116, pela duplicação de 40 quilômetros, no trecho Feira de Santana a Santa Bárbara, e sendo o Governador do Estado do próprio PT, não se justifica o Presidente Lula se deslocar de Brasília com uma ampla equipe de governo para uma inauguração desse porte! Reconheço o interesse em faturar politicamente com o evento, mesmo porque aproveitou para anunciar novas obras para o Estado e outras regiões do País, o que poderia fazer do seu gabinete em Brasília, em cadeia nacional… E existe a ferramenta tecnológica para isso! Ressalte-se, contudo, que essa é uma rotina corriqueira em todos os governos nos últimos 20 anos!
Concluo, reiterando que todos os governantes deveriam se conscientizar da lição deixada pela 1ª. Ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher: “não existe dinheiro público. Todo dinheiro arrecadado pelo governo é tirado do orçamento doméstico. Da mesa das famílias”. Disse essa verdade na Inglaterra… imagine o que diria aqui no Brasil!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
5 Comentários
Grande Artigo chamando a atenção para os gastos sem controle do nosso dinheiro. O que foi bem dito pela ilustre senhora e saudosa Margareth ainda não foi assimilado pela maioria dos governantes. Eis a verdade!
Carro Agenor, boa tarde!
Diante do que é explícito para todos, fica claro que a frase proferida pela primeira Ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher, popularmente conhecida como a Dama de Ferro, não foi assimilada por parte de alguns dirigentes do mundo, principalmente pela maioria dos nossos políticos Brasileiros.
Lamentável.
Muito boa aula, mais como a escola polícia aqui é hereditária, segue-se o pai, avô ou bi, resta-nos a fé. Abraço professor Agenor. (São Paulo-SP).
Muito difícil para os políticos brasileiros atentarem a uma frase ou ensinamento de outro político estrangeiro como a finada ex- primeira Ministra em questão. A politicagem aqui no Brasil é falsa, egoista após a desencarnação do Tancredo Neves. E da lei de Gerson em todos os níveis. Quem sabe algum dia o brasileiro acorda. (Rio de Janeiro-RJ).
São, exatamente, as “carências nos campos da Educação, Saúde e Segurança Pública.” que são negligenciadas e relegadas a segundo ou terceiro plano, quando deveriam ser encaradas como prioritárias, por serem os pilares de uma Sociedade.
Responsabilidades e compromisso assumido, que são esquecidos logo após a posse e só serão aventados no próximo pleito e esquecidos em seguida, novamente…
Deste acerto, alguns pontos podem ser grifados:
a) Essa gastança desenfreada só se efetiva por falta de coragem e hombridade daqueles responsáveis por seu controle (TCU e Congresso Nacional), que só existem quando lhes convém;
b) Aumento de impostos é ineficaz, pois enquanto mais aumenta impostos mais aumenta o festival de gastos indecorosos.
Foi oportuna a observação que há o vergonhoso “interesse em faturar politicamente com o evento” de tão irrelevante porte. Entretanto, não se há de estranhar tal atitude, porquanto em São Paulo foi inaugurada uma obra inacabada no Campus de Osasco, o que foi contestado por uma estudante que, segundo veiculado, é correligionária do PT. (Maceió-AL)