Já escrevi sobre o tema em setembro de 2014, mas, de forma mais emblemática, focando no fato do Brasil, como Nação, ter o seu “direito de continuar sonhando”, ou seja, em galgar posição mais representativa perante o conjunto das Nações, sem perder de vista, contudo, que a realidade vai muito além dos sonhos. E para que essa conquista aconteça, é imprescindível que a sua estrutura institucional esteja amparada, principalmente, em fortes fundamentos culturais e morais do seu povo.
Obviamente, para que esse povo seja forte, os seus cidadãos devem ter o direito de alimentar os seus próprios sonhos, que não são permeados pelos encantos da fantasia, mas, sim, revestidos das expectativas próprias do mundo real onde há alegria e tristeza, amor e ódio, sorrisos e lágrimas, certezas e incertezas, e tantos outros matizes que se contrapõem a todo instante.
Embora não exista um normativo que defina os diversos estágios do crescimento de uma nação, assim como ocorre com o ser humano, que desenvolve etapas desde o pré-natal, passa pela infância, adolescência, juventude e a esperada idade adulta, um país vai se formando e se estruturando a partir da sua descoberta.
O seu perfil inicial como nação lhe é atribuído, gradativamente, pelos seus descobridores e o seu amadurecimento vai se consolidando ao longo das décadas e dos séculos de sua trajetória histórica. Logo chega o período em que o seu povo e as suas lideranças vão assimilando as influências permitidas pelo tempo, formando pouco a pouco o seu próprio perfil e definindo o tipo de nação que deseja ser.
Assim é que nós brasileiros temos o hábito de dizer que “somos um país jovem” ou ainda “um país do futuro”, mesmo já tendo completado 524 anos do seu descobrimento! Certamente que, diante de tantos países do velho mundo com histórias milenares, essa afirmativa até parece verdadeira. Mas, a realidade é que está na hora de se rever esse conceito e reciclar alguns aprendizados adquiridos, assumindo as responsabilidades próprias de um país adulto, e deixando um pouco de lado esse negócio de ser o País do Carnaval.
Ainda que os nossos cidadãos tenham o privilégio de conviver num País de princípios democráticos, sem as limitações de ir e vir existentes em alguns países do mundo dominados por regras absolutistas, é visível, contudo, que alguns segmentos raciais, sociais e até mesmo religiosos, estejam sofrendo por aqui de algum tipo de restrição e intolerância, reprovável sob todos os aspectos.
Essas atitudes discriminatórias impõem uma segregação injusta e desigual, no que fere o Art. 5º, Cap. I, da Constituição Federal do Brasil, que estabelece: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei”.
Assim, é grande o elenco das distorções nas atitudes e no caráter do cidadão brasileiro, mas, ainda muito maior, é o volume de regras institucionais divergentes dos padrões e características vigentes para um Estado no conjunto das nações. Já é tempo de alcançarmos o amadurecimento político-institucional, restabelecendo o conceito de país sério e preocupado com a formação do seu povo dentro de princípios de trabalho, honestidade e honradez.
A nós brasileiros, resta não somente o DIREITO DE SONHAR, mas a obrigação de “voar, correr, andar ou rastejar, mas continuar em frente de qualquer jeito”`(Martin Luther King).
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
2 Comentários
Bom dia caro Agenor!
Todos os acontecimentos ocorridos depois do que você escreveu em 2014 até a data atual, mesmo que de forma emblemática, mostram que a sua visão futurista estava certa, no sentido de continuarmos sonhando independente de qualquer coisa.
Certa vez, lendo um artigo do escritor e jornalista Eduardo Galeano, encontrei um trecho que tem muito a ver com o editorial desta semana. Dizia ele: “O direito de sonhar não consta entre os trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram em fins de 1948. Mas se não fosse por ele, e pelas águas que dá de beber, os demais direitos morreriam de sede”.
Um Artigo voltado para algo autruista e inspirador. Realmente sem sonhos a vida fica mais difícil. É como se não houvesse amanhã.