Foi chocante o que se viu nas imagens divulgadas pela televisão na última quinta-feira, 09/05/2024! Inexplicável e inaceitável o ato de vandalismo praticado por um bando de jovens estudantes adolescentes, alunos de um Colégio Estadual de Salvador, que arrombou a porta de um coletivo e após estar no seu interior, iniciou o quebra-quebra, com chutes nos vidros e procurando destruir tudo que podiam!
Para completar o cenário de violência, outro vídeo na pauta policial da televisão, mostrou dois pais vizinhos de um condomínio aqui em Salvador que, depois de uma acirrada discussão e troca de tapas em razão de um filho menor ter incomodado uma das partes com a sua bola, em seguida trocaram tiros dentro da residência de um deles, num chocante e legítimo faroeste!
Tudo isso nos faz lembrar que para se ter o bom perfil moral e ético de uma sociedade, tudo começa pela EDUCAÇÃO DOMÉSTICA! Não basta tão somente o zelo dos pais na instrução teórica que passam aos filhos, quando em volta da mesa das refeições dizem “meus filhos, não façam isso ou não façam aquilo”. É preciso que se eduque para a vida, sobretudo, através do próprio exemplo praticado pelos pais. A violência absurda dos pais acima referida, não mais que de repente, destrói a oportunidade prática de complementar aquela educação do filho iniciada no lar que, diga-se de passagem, praticamente não mais existe. O que existe, são os pais querendo transferir toda a responsabilidade para as escolas.
Há outro comportamento de mau exemplo do pai, que se exterioriza diante de um episódio que acontece com muita frequência. Na venda de ingressos para um determinado evento esportivo ou shows, as crianças de até seis anos são dispensadas do pagamento. Então, o pai não compra o ingresso para o filho de oito anos e ante a pergunta do porteiro sobre a idade do garoto, ele afirma que o mesmo “tem seis anos”. Como foi ensinado em casa sobre a teoria da honestidade, o garoto logo replica: “Não, eu tenho oito anos!”. Precisa dizer com que cara ficou o pai naquele momento?
O garoto leva um tremendo beliscão do pai, e este protagoniza para o filho a sua primeira aula prática de como mentir para levar vantagem, ocasião em que o mundo da corrupção abre as portas para saudar a chegada de um membro ativo para o futuro do crime. Tenho certeza que em algum momento da vida os leitores já testemunharam essa falta de escrúpulo passada por um adulto ou genitor às crianças… E todos sabem qual o resultado lá na frente!
Assim, a ética e o caráter são primados básicos e elementares para uma sociedade que se deseja de respeito, trabalho e moralidade. Nada melhor para fechar essa breve análise que reproduzir frases da escritora e filósofa judia-russo-americana AYN RAND, que ilustram muito bem o tema:
“[…] quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho; que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício, então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
Conquanto seja predominante a concepção de que a corrupção somente existe no universo político, onde, na verdade, hoje ela viceja de forma já institucionalizada, a sociedade se depara com diversas formas de corrupção, bastando entender que para que a ação se concretize sempre estarão presentes dois tipos fundamentais: a) o agente da corrupção ativa (aquele que oferece e/ou dá dinheiro); b) o agente da corrupção passiva (aquele que pede e/ou recebe dinheiro).
Daí, quando o escândalo explode na imprensa – que tem a eficiência incontestável de tudo descobrir através da “reportagem investigativa” – o acusado se apresenta na televisão com um perfil de santidade papal, falando até com deslumbrante empáfia que vai processar os denunciantes, porque nem sequer conhece o empresário corruptor! Ou seja, como bem diz aquele ditado: “me engana que eu gosto”…
Os dois tristes fatos aqui mencionados recomendam-nos uma volta ao passado, quando os pais usavam de todas as oportunidades surgidas nas relações com os filhos, para transmitir e consolidar conceitos e princípios corretos de conduta para a vida.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
8 Comentários
Bom dia caro Agenor!
Você, como sempre, atual, contemporâneo e alerta ao desenvolvimento e necessidades da sociedade.
Você foi feliz em trazer como exemplo e comparar, estes dois trágicos acontecimentos na nossa Bahia (para uma parcela de quem assiste considera normal) que incomoda uma parcela bem maior da sociedade.
É inegável que cabe aos pais, aqueles que são os naturalmente capazes e instituídos por lei, estabelecerem formas para a realização da educação dos filhos, ensinando-lhes o uso adequado da liberdade, de seus limites, das suas responsabilidades e formação do caráter.
No entanto, nem sempre eles exercem seus deveres de forma adequada, e assim, os direitos que permeiam as relações familiares constantemente sofrem abusos ou omissões, trazendo enormes consequências à sociedade quando seus filhos atingem a fase adulta.
Parabéns!
Buenas Tardes Agenor Francisco dos Santos!! Parabéns pela brilhante dissertação de um tema extremamente preocupante em nossos tempos contemporâneos, em a falta de respeito, e o mais grave, a falta da valorização dos principos familiares. O lar da gente foi; é, continua sendo a nossa primeira escola, mas infelizmente as escolas subsequentes de hoje, vem disvirtuando os princípios familiares e acabam não formando como era formada o maior patrimônio de um ser humano, que atende pelo nome de CARÁTER e PERSONALIDADE. Isto é prá lá de lamentável. Colaboração do blogueiro Deusimar- O Homem Forte das Abelhas.
BELO ARTIGO. A própria ilustração já nos dá a dimensão do que é a educação a partir do nosso lar. Tudo dito e bem dito sobre o comportamento humano, principalmente de uma determinada classe.
Muito boa-noite, nobre “Poeta” das Crônicas !!
Excelente temática essa que trouxe à baila, amigo.
É sempre oportuna e em tempo para reflexão, afirmações essas que caem por terra ao olharmos “para cima” (na verdade, o correto seria dizer PARA BAIXO): aqueles que deveriam servir de exemplo para toda a população.
Refiro-me, obviamente, aos principais integrantes dos 3 pilares gestores da nossa (combalida) sociedade tupiniquim.
Ressalto que ao destacar os principais, não generalizo, pois há honradas e expressivas exceções nos três poderes da nossa combalida República. Ainda bem, não é?
Parabéns! (Salvador-BA).
Muito boa crônica, verdade insofismável. Infelizmente vemos hoje muitos jovens “espertos” e sem educação doméstica. (Salvador-BA).
Lamentável amigo!
Hoje podemos ver com frequência, casos de pais que tentam agredir professores, porque o seu filho foi chamado a atenção ou retirado da sala de aula por indisciplina. Isso, quando às vezes o próprio aluno não tenta ou chega a agredir o professor. (Rio de Janeiro-RJ).
Parabéns! Excelente! (Salvador-BA).
Parabéns, meu Irmão, por mais esta crônica que espelha a realidade e demonstra quão bom seria que, em todos os segmentos da Sociedade, a tônica do bom-viver fosse a honestidade. Mas, infelizmente, vemos exemplos procedentes dos País, haja vista aquela Senhora que processou o Professor que recolheu o celular do aluno, que estava com o aparelho aos ouvidos, em vez de prestar atenção à aula. Mas, felizmente, o Juiz da cidade de Tobias Barreto indeferiu os pedidos de reparação por danos morais, que a mãe alegou que seu filho sofrera, arquivou o processo e deu uma lição de moral naquela Senhora.
É uma pena que outra fonte de exemplos de desonestidade provenha das Autoridades Constituídas, máxime nosso Judiciário-Mor que deveria zelar pelo exercício da idoneidade, da ética e da moral. Ao contrário, incentiva a prática da corrupção e de como burlar e desrespeitar a Lei.
Criei minhas filhas (quase como fui criado) com foco no caminho da retidão – se alguma delas (assim como eu) chegasse em casa com qualquer coisa, por menor que fosse, deveria explicar onde encontrou ou quem deu… quando as explicações não convenciam, eram obrigadas a devolver e, ainda, sofriam algumas sanções disciplinares.
Enquanto cada um (pais e/ou mães) fizer a sua parte, ainda há esperança de termos um País de homens honestos. Como diz a sabedoria popular: “Se cada um varrer sua porta, em pouco tempo toda a cidade estará limpa.” (Maceió-AL),