Lembro-me do passado com certa nostalgia, por tantas coisas boas e agradáveis que aconteceram ao longo da vida, que o tempo não traz de volta e agora apenas integram o arquivo da memória ou a “gaveta das lembranças”. Quanto à história da Nação, ela vai sendo escrita em etapas de características diversas e em capítulos com cores de diferenciados matizes. Se está sendo bem escrita ou não, só o tempo dirá.
Nada mais óbvio do que a compreensão de que os acontecimentos do presente, fazem despertar as lembranças comparativas do passado. E essa avaliação permite assimilar os bons exemplos para a vida ou, pela inutilidade, abandoná-los ao esquecimento.
Tenho certeza de que pela memória dos mais antigos passam imagens dos bons tempos dos desfiles cívicos no Brasil, comemorativos das importantes datas, com ênfase especial no dia 7 de setembro (nacional) e o 2 de julho (na Bahia), cuja configuração pura e legítima é coisa que ficou no passado.
Com o fim de aparecerem mais que os símbolos nacionais – o hino e a bandeira -, usados nos desfiles do Dia da Independência, os políticos, militantes e seus respectivos Partidos, implantaram o conceito do desprezo, porque passaram a considerar a ocasião como um espaço para a realização de um grande comício partidário. Cada grupo exibe faixas com expressões fortes em defesa de suas teses ideológicas, e nenhuma exaltação à liberdade e ao significativo motivo da grande homenagem ao Dia da Independência.
O que no passado era um ato empolgante, cheio de respeito e simbolismo, nos últimos anos ou governos, os dias que antecederam ao desfile foram utilizados para a pregação da discórdia e a total descaracterização da sua verdadeira tradição histórica. Prova disso são as faixas com mensagens que desvirtuam o significado da festa (vide ilustração).
Convivemos atualmente num Brasil cheio de controvérsias, em que se tornou corriqueiro o rompimento de regras e preceitos, de forma proposital ou aleatória, principalmente quando se trata dos costumes tradicionais que nortearam a educação, tanto no seio da família como dos ensinamentos básicos aprendidos na escola.
Foi muito feliz o radialista e jornalista Erry Justo, de Juazeiro-BA, in memoriam, falecido em 2021 pela COVID-19, ao afirmar: “Atualmente a sociedade vive uma grande inversão de valores, ou seja, uma transformação de não sabermos o que é certo ou errado, positivo ou negativo, moral ou imoral. As pessoas não mais reconhecem seus princípios, crenças e valores dentro de si”.
A mais importante data cívica do Brasil sempre foi o 7 de setembro, comemorativa do Dia da Independência. Infelizmente, a paixão política desfigurou o sentido de amor à pátria e, de maneira desprezível, transformaram as ruas e praças da festa num tenebroso ato político-partidário.
E o cúmulo da atitude imprópria e indecorosa, aconteceu após o desfile oficial em 7 de setembro de 2022, na Esplanada dos Ministérios em Brasília-DF, comemorativo dos 200 anos da Independência, quando o então Presidente Bolsonaro puxou o coro de “imbrochável” para si mesmo, palavra que repetiu 5 vezes no microfone. Ora, se a expressão era inadequada, imagine dita por um Presidente numa festa pública dessa grandeza!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 10/09/2023
5 Comentários
Muito boa. Atualíssima. (Salvador-BA).
Verdade Amigo. Agora, ficamos muito felizes com a comemoração do recente 7 de Setembro aqui em nossa terra, Miguel Calmon. Linda mesmo. (Miguel Calmon-BA).
Bom dia Agenor!
Por tudo que estamos vivenciando no presente, só nos resta a saudade.
Como dizia o saudoso Lilico, “Tempo bom, não volta mais, saudades de outros tempos iguais”.
ARTIGO oportuno e dentro da realidade atul. MAIS CIVISMO! Menos cinismo. MAIS HONESTIDADE. Menos corrupção. E por aí vai… Basta isso!!!
Bela mensagem. Parabéns! (Salvador-BA).