O tempo passa e as práticas seculares do “toma lá, dá cá…” na gestão pública, permanecem inalteradas, para desprezo e desencanto do povo brasileiro. Mesmo com uma estrutura administrativa constituída do exagerado número de 38 Ministérios, o que representa um elevadíssimo custo financeiro para o País, o Presidente pensa que iludiu a Nação ao anunciar a criação do 39º. Ministério, sob o argumento vazio de que visa amparar e proteger a Pequena e Média Empresa, bem como os Empreendedores nacionais.
Engana-se com isso quem quer, mas, existem ferramentas que atualmente atendem perfeitamente ao assunto. É só uma questão de colocar em prática os benefícios legais que as empresas de Pequeno e Médio porte tem direito, e isso não é de hoje!
Portanto, cabe a pergunta: Com mais de 20 Ministérios com atribuições específicas na área do desenvolvimento social e econômico, não há espaço suficiente para promoverem ações efetivas que atendam a esses segmentos econômicos? Para esse fim, justifica a criação de um novo Ministério?
Ao tentar convencer a sociedade, o Presidente expressou com emoção na voz os objetivos da ideia anunciada, como se já não fosse público e notório que o propósito é recompensar o apoio do Partido Republicano e os demais integrantes do CENTRÃO, não apenas com um cargo de Ministro, mas presenteá-los com toda uma gama de novos cargos comissionados, novos veículos oficiais, e um vasto campo para exercer o empreguismo dos adeptos dos Partidos Centristas. Só não informaram onde se encontra a margem no Orçamento para tão pesado ônus, uma vez que foi anunciado que as contas do governo fecharam o mês de julho com um déficit de 36 bilhões de reais! E aqui não cabe a ideia de que para determinadas situações a boca do cofre deve ser escancarada, como disse alguém certa vez.
Como se imaginar que um país do Terceiro Mundo com um exagerado número de 38 Partidos políticos, possa pretender superar os seus problemas socioeconômicos, proteger o seu povo com um eficiente Sistema de Saúde, oferecer boa Educação e, sobretudo, combater a fome que atinge milhões de pessoas, se a solução para uma negociação no campo parlamentar, impõe sempre a volta do “Toma lá, dá cá”, ditado traduzido como: “a troca de favores, na qual quem favorece alguém é por este favorecido”.
A verdade é que entra Governo, sai Governo, entra Legislativo, sai Legislativo, e em cada etapa renovam-se as esperanças de mudança de perfil, de que um novo caráter introduzirá novos ritos comportamentais e de que novas promessas eleitorais se concretizarão de fato. E a decepção somente se renova. Quando chegam lá, como bem diz o velho ditado, tornam-se “farinha do mesmo saco”.
Depois da experiência de dois mandatos anteriores (2003-2006 e 2007-2010), era de se imaginar um governo atual voltado a novas fórmulas de gestão para transformar a nossa realidade interna, e não meramente repetir os programas aplicados na época, ou se dedicar com grande intensidade a ter um papel de destaque perante outros países, em defesa dos ideais político-ideológicos da esquerda.
É interessante ver como a memória dos políticos entra em estado letárgico, e os discursos demonstram um total esquecimento dos fatos em épocas passadas. É inadmissível a concepção de que sempre que o governo tem interesse na aprovação de uma PEC ou Projeto de Reforma, tenha de se curvar às imposições na troca de favores de qualquer natureza, seja por liberações de Emendas ou nomeações para cargos públicos. Oxalá, o governo pare por aí a criação de novos Ministérios para atender o insano desejo de poder dessa classe política, ou não se calcula onde esse País vai parar! Tomara não seja no fundo de um poço profundo e sem volta.
Há uma reforma que se faz impositiva e que a partir dela as demais se viabilizarão: a mudança de caráter! Enquanto essa reforma moral não se concretizar, a realidade de um novo tempo estará sempre distante. Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 03/09/2023
10 Comentários
Caro Agenor, bom dia!
Na minha percepção, a resposta da sua pergunta “Justifica a criação de um novo Ministério?” é sim, já que, segundo o poeta Romano Ovídio “os fins justificam os meios”.
Criam se ministérios para distribuir aos partidos.
Chegarão os dias em que vão criar partidos para distribuir aos ministérios.
Aguardem.
Caro Agenor. Parabéns pela crônica e sua oportunidade. Brincando e reservadamente, poder-se-ia dizer que o Lula tem direito a mais um ministério, pois, de acordo com a lenda, Ali Babá tinha 40, não é ? (Brasília-DF)
Muito bom! Triste e lamentável, amigo! (Ro de Janeiro-RJ).
A finalidade do escambo, se não estou enganado, pois não sou Economista, é atender às necessidades dos povos, ou das pessoas… Eu tenho sal, você tem açúcar… preciso de açúcar e você precisa de sal… A troca se faz oportuna, necessária e salutar…
Após estes prolegômenos, entremos no cerne de sua crônica, assaz real e atual.
A verdade é que o povo teve oportunidade de “limpar” o País das mazelas da corrupção e da ladroagem, com a “Lava jato”, com nova eleição e com um Governo diferente daqueles de esquerda, principalmente, petista. Mas, uma força estranha e superior interferiu e o Brasil retornou em direção ao fundo do poço. Ademais, quem tem fome tem dificuldade de raciocinar.
“…meramente repetir os programas aplicados na época, ou se dedicar com grande intensidade a ter um papel de destaque perante outros países, em defesa dos ideais político-ideológicos da esquerda.”, sempre foi e sempre será o ideal deste Governante – ideal sem ideologia.
Este Governo talvez pare com a criação de novos Ministérios quando estiver com a mesma quantidade de Assessores que teve Ali-Babá. Falta pouco!
Infelizmente, esta mudança jamais haverá em nossos Políticos! Os novos Políticos têm o mesmo DNA dos velhos, de conseguinte, têm os mesmos vícios e objetivos – a locupletação. (Maceió-AL).
Essa é a tônica desse desgoverno… (Assis Chateaubriand-PR)
Mais uma boa crônica. Disse a verdade. (Salvador-BA).
Um Artigo importante e esclarecedor tendo em vista a forma como a situação se apresenta. Ou seja, está dizendo TUDO que eles não deveriam fazer, mas fazem…rsrs!!!
Concordo, plenamente, com o que se contém neste artigo. Prezado, acho que a reeleição deveria ser limitada também no legislativo, para possível e aconselhável ingresso de novos cidadãos no Congresso e demais legislativos do País. Mas, é dificílimo isto ocorrer, pois, os que estão no poder, lá desejam não somente continuar, mas, inserir seus familiares ou próximos, etc e tal… (Miguel Calmon-BA)>
Beleza Agenor, quem não sabia que este governo seria a repetição dos dois últimos do PT.? (Salvador-BA).
Parabéns, amigo Agenor! Excelente matéria. (Uauá-BA).