Concebido por contradições e paradoxos, assim me interpreto quando exercito minhas reflexões. Às vezes, sob tal processo reflexivo, percebo-me – e, penso, sejam assim as pessoas – como mais uma árvore que dispõe, evidentemente, de raízes, tronco, galhos, folhas, flores ou frutos. Com o natural transcorrer dos anos e a progressiva qualificação da sapiência, surgem novas facetas comportamentais (em nós e no outro), e novas respostas são dadas à transitoriedade da vida. Reflexões e percepções que, alcançados os anos pós-mocidade, concedem maior serenidade para lidar com problemas e, consequentemente, melhores escolhas e atitudes.
Necessário compreender que muitas raízes demoram, já que habitam os recônditos do eito, para serem percebidas pela “existência árvore”! Daí, as surpresas, de quando em vez, na vida. Já o tronco, comumente concebido como fortaleza, não está imune às intempéries físicas e espirituais (emocionais/psicológicas), podendo, quando das atribulações, envergar-se e, a depender da borrasca, até quedar-se! Imperativa, por isso mesmo, a conquista do equilíbrio para a boa sobrevivência. Os galhos, ao contrário do tronco, são tidos como vulneráveis, quebradiços. Há, nesta convenção, algo de verídico. Todavia, a radicalidade deste entendimento pode ser desmascarada, diria traída, quando a “árvore”, na sua inteireza, encontra-se saudável e devidamente regada sobre terreno seguro, portanto mais resistente a raios e ventanias. As folhas, flores e frutos são os produtos que sem dúvida traduzem ou espelham o espírito, nem sempre facilmente perceptível, da árvore.
Desse modo, situar-se, às vezes, na contramão das rotinas e das exigências do mundo social; reagir às ignominiosas formas de preconceito; postar-se, criticamente, ante às cobranças não raro perecíveis ao tempo-rei; livrar-se, sem culpas, dos dogmas, quer de fundamentações religiosas, quer de cunhos políticos; questionar padrões de aparência ditados pelas etiquetas elitistas subservientes a um modismo descartável; enfim, ter consciência e sabedoria, raízes fecundas e tronco sustentável, tudo isso produzirá belíssimas flores ou doces frutos. Semeadura, plantio, regamento e colheita. São os anos que chegaram! Eis a árvore concebida!
Fonte: Prof. Roberto Dantas.
Colaboração: Agenor Santos
Blog do Florisvaldo – informação Com Imparcialidade- 14/07/2023