São tão abundantes quanto diversificados os temas pensados para uma crônica semanal que, obviamente, demanda um certo tempo para que um deles seja o escolhido e a produção da matéria se torne uma realidade contextual. O mais interessante e envolvente nesse processo de busca, é que, enquanto essas demandas mexem com as ideias do autor, eis que, em paralelo, chegam sugestões espontâneas de temas por parte de meus leitores, quase sempre conectados ao assunto do último artigo.
Reproduzo a seguir sugestões recebidas de dois leitores que, como surpresa maior, identificam-se no pensamento que expõem:
a) Um leitor anônimo, de Juazeiro-BA: “Fico pensando, amigo, de qual fonte sai tanto dinheiro para isso, aquilo e para tudo? Você poderia pensar num tema com essa indagação…!”
b) O leitor Geraldino Lima, de Valente (BA): “Enquanto isso… 1.000.000 é a fila para perícias do INSS… não tem dinheiro… Aliás em que setor do governo há dinheiro senão para o “turismo”?
No entanto, há “UM SACO SEM FUNDO” de bilhões de reais a serem liberados para os gastos de viagens e, o mais grave, usar o dinheiro público para custear a “farra do boi” pelo voto às famosas Emendas Parlamentares, no tradicional e criminoso “toma lá dá cá”. Essa barganha vergonhosa é uma prática histórica utilizada por todos os governos, e fator incrementador da corrupção sistêmica. Ao longo da semana, somente na véspera de votação da Reforma Tributária na Câmara de Deputados, foi liberado um montante em torno de 7,0 bilhões de reais para as tais Emendas! Uma indecência! Ou seja, algo que deveria ter o mínimo de honestidade já começa errado, pois por aí o dinheiro vai sumindo… Enquanto isso, a Segurança, a Educação e a Saúde sofrem as suas carências!
Na realidade os gastos exagerados com tantas viagens se constituem, apenas, num detalhe no universo dos descaminhos que infestam o sistema público nacional, onde os custos para sustentar a monumental máquina administrativa superam todos os limites pensados e imaginados. Como se não bastasse tudo isso, essa estrutura foi agigantada pelo governo atual com o retorno do bloco de 39 Ministérios, sob o falso entendimento de que a eficiência está na quantidade e não na qualidade.
Infelizmente os apoios partidários no segundo turno das Eleições estão sempre atrelados às promessas de cargos e ao empreguismo descontrolado, razão por que é impositivo criar os espaços para acomodar toda essa gentalha política, alguns deles sem a mínima condição de assumir a pasta presenteada, como inclusive temos assistido nesse governo, sim! E falamos desse atual governo, porque assim procede com as mesmas falhas, por incrível que pareça, institucionalizadas!!!
Daí, esse saco nunca poderá ter fundo. E para ficar em pé, ele terá de ser constantemente reabastecido, nem que tenham de criar mais alíquotas de impostos, ou novos meios para geração de receitas, visto que tudo que é depositado nesse “saco sem fundo”, desaparece. Se nada disso for suficiente, resta o apelo às reservas do Tesouro Nacional, porque, segundo eles, o sistema tem de funcionar!
Ressalte-se que não estão citados aqui, os valores altíssimos de milhões e bilhões de reais que todos os dias ouvimos nos noticiários. Diga-se de passagem, fica aqui a indagação: Será que esses recursos ditos ao vento são realmente verdadeiros ou é um jogo do tipo “me engana que eu gosto”?
Afinal, como esse nosso Brasil é o País da esperança, é de se pretender que um dia possa surgir um homem de coragem, honra e dignidade suficientes para costurar o fundo desse saco, aplicando com respeito e moralidade os recursos públicos desta Nação.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 09/07/2023
8 Comentários
Bom dia caro Agenor!
Pelo histórico do passado, precisamos de uma linha bem forte para costurar o fundo do saco.
Sua abalizada crônica me fez refletir sobre a eficácia da reforma tributária que acaba de ser aprovada.
Na teoria, o alvo é desonerar os brasileiros de baixa renda cuja maior parte do orçamento familiar é gasta com alimentos básicos.
Vamos aguardar.
Excelente! Verdade verdadeira como dizia o nosso saudoso colega e amigo Bezerra. A enganação e a corrupção dos 3 Poderes, não tem limite. (Salvador-BA).
Boa dia, meu nobre!
Jamais irá aparecer um homem que faça diferente. Todos farinha da mesma botija. (Uauá-BA).
Muito oportuno o tema que você escolheu. Boa crônica. Parabéns. (Salvador-BA).
EXCELENTE reflexão! É como bem diz aquele ditado: gastar a polvora alheia é fácil…!!! Ou seja, como sempre, eles detonando o nosso suor. A ILUSTRAÇÃO É PERFEITA!!! Toma jeito, Brasil.
A propósito de sua afirmação (derradeiro parágrafo), há rumores – não confirmados – de que JC está/estará retornando.
Aguardemos.
Cada um de nós com uma AGULHA DE AÇO e LINHA DE NYLON (grossa) para a sugerida costura ao fundo do saco. (Salvador-BA).
Caro Agenor. O Maílson (ex-Ministro da Fazenda) foi meu colega no BB. Quando ele deixou o governo o Camilo Calazans que era, então, o Presidente do BB, enviou-0 para o Bancorbrás (um banco internacional, onde o presidente do BB era o Presidente). Maílson, ao regressar, contou que ficou surpreendido com o que viu a respeito do orçamento público na Inglaterra. Quando o orçamento era preparado havia programas de TV onde o tema era detalhado e havia participação dos telespectadores, comentando cada verba e seu destino. Havia ampla participação popular e tudo era catalogado e documentado e serviria de base para o Congresso analisar o orçamento. O Dr. Oswaldo Roberto Colin, quando presidente do Banco do Brasil, criou um projeto para incentivar o desenvolvimento do espírito comunitário. Fo aprovada na Assembléia do Banco a constituição de um Fundo, correspondente a um percentual (não me lembro quanto) do lucro do Banco. Este fundo financiaria os projetos que atendessem às regras do projeto. Destinava-se, inicialmente, às comunidades pequenas. Criava-se um Conselho Comunitário, escolhido pelo povo, e este Conselho resolvia o que interessava ao município (uma escola, um hospital, uma estrada vicinal para escoamento da produção, etc.) e repassava ao representante do Município (Deputado). É muito longo para descrever tudo aqui, mas, infelizmente, não interessava aos políticos (em algumas comunidades do Sul, onde já havia o tal Conselho a coisa frutificou) que ficariam, no entender deles, sujeitos à deliberação do tal Conselho e prejudicaram o projeto. Publicava-se, anualmente, os casos e os resultados alcançados, e foram, em alguns municípios, surpreendentes os resultados. Mas o Presidente teve seu mandato concluído (mudou o governo) e o novo dirigente do BB acabou com o fundo e entregou o destino da verba aos políticos que o apoiaram. Era uma iniciativa que poderia ser reproduzida por outras organizações estatais (Petrobrás, Caixa Econômica, Siderbrás, etc.) e poderia ajudar a mudar o Brasil e melhorar o destino das verbas orçamentárias. Mais uma observação: com mais de 30 Partidos Políticos não há governo que consiga maioria sem “ o toma lá dá cá”. Você se lembra dos “Anões do Orçamento”? Triste Brasil, mas tudo vai passar, faz parte do aprendizado. Depois da tempestade vem a bonança… (Brasília-DF).
Como sempre, excelente artigo. Parabéns! (Salvador-BA).