É impressionante ver a facilidade como as pessoas deturpam o verdadeiro sentido das coisas, desconstruindo a boa imagem que deveria ser preservada como legítimo exemplo de vibração e positiva integração social. É estimulante observar o entusiasmo que caracteriza o espírito daqueles que torcem pelo sucesso de ideias e projetos que defendem, sejam próprios ou de terceiros, muito comum no campo político. De outra parte, no caso particular do futebol, há o amor pelo time preferido que, se perguntado, nunca se sabe como nasceu ou como se impregnou com tanta intensidade ao longo do tempo. A esses, pela volúpia como torcem, são nominados de fanáticos!
Dentro do Esporte no Brasil, o futebol foi a categoria que conquistou a preferência, ou diria, o sentimento de paixão do brasileiro, onde detalhes geram motivos de amor exacerbado. Para uns é a cor da camisa; para outros um craque que surgiu nas bases do clube e saltou para o sucesso aqui e além-fronteiras, como os saudosos Rei Pelé e Roberto Dinamite, Zico, Romário, Ronaldinho’s, Neymar, e muitos outros craques de menor sucesso mundial, mas foram exemplos de como se jogava um excelente futebol.
Tem, ainda, os ídolos do passado, como: Djalma Santos, Nilton Santos, Garrincha, Vavá, Gerson, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Darío (Dadá Maravilha), Tostão, etc. Cada Clube, teve um craque que despertou o sentimento de amor dos torcedores. Aqui em Salvador como esquecer de Baiaco, Osni, Charles, Bobô, André Catimba, Beijoca, Douglas, Roberto Rebouças, Alencar, Marito, Biriba, dentre tantos craques que fizeram da velha Fonte Nova, palco dos maiores eventos esportivos no passado.
Dos meus tempos do sertão de Irecê-BA, nos idos de 1960/1970, não posso deixar de recordar, com muito carinho, do futebol que jogavam verdadeiros craques da bola, como Vavázinho, Aristóteles, Chato, Areia Branca, Francês, Russo, Lioma etc. Esses atletas integravam os times do Botafogo e Fluminense. Comenta-se que o Aristóteles ainda joga, com 75 anos de idade! Coisas do interior!
É agradável mexer com a memória e relembrar momentos tão pródigos, vibrantes e alegres! Mas é preciso voltar ao presente e vivenciar a experiência de uma outra realidade. Nos dias modernos o ato de torcer está sendo aviltado pelo advento de uma tal de “Torcida Organizada” – ou desorganizada? – que está espalhando o caos no futebol, tanto o nacional como o internacional. Mesmo que torçam para os seus clubes dentro do Estádio – onde nem sempre o comportamento é de total equilíbrio -, após a saída dos jogos o estado de guerra vem sendo declarado com um grau de ódio jamais imaginado no passado.
A violência ao extremo tem sido muito comum, não importa o resultado do jogo, quando grupos com barras de ferro ou madeira se precipitam sobre um ou mais torcedores do time adversário, numa ira sem limites. Ônibus urbanos são queimados, pontos e placas de trânsito destruídos, numa sandice descontrolada. A maldade tem tamanha dimensão que uma Torcida arma emboscada para agredir a outra! Ou seja, essa vergonha vem ocorrendo em todos os Estádios brasileiros.
Essa triste herança foi inspirada nos “holigans” que implantavam o pânico geral no entorno dos estádios na Europa, e, principalmente, na Inglaterra. Nos idos de 1980, os analistas europeus consideravam que esses grupos “tinham características violentas, prazer pela confusão e eram considerados selvagens, e uma ameaça social”. Infelizmente, aquele vírus maligno se proliferou.
A Justiça Desportiva e Comum, em todos os seus níveis – já não é mais briga de estádio, mas casos de morte e segurança pública -, precisam encontrar fórmulas de adequada punição para tais crimes, porque, simplesmente realizar partidas com uma única torcida em campo, como vem acontecendo, estão punindo o clube e a sua torcida ordeira, por culpa de um grupo de marginais que impõe o seu ódio. Que o diga a imagem da ilustração.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 11/06/2023
8 Comentários
Caro Agenor, o seu relato é rico em detalhes do passado e traz alusão da realidade em que vivemos hoje.
Refletindo, me fez recordar os esportes praticados na Roma antiga.
Embora tais práticas tenham suas raízes em rituais funerários ou religiosos, no final do período republicano (ca. 70–31 a.C), eles se tornaram uma forma extremamente popular de entretenimento público, em que os jogos mais famosos eram os shows de gladiadores, onde homens armados lutavam entre si em violentos combates, muitas vezes mortais.
Logicamente, o que se visava na época era a fama, fortuna e até liberdade.
Muito bom. Parabéns! (Salvador-BA).
Ótimo comentário, professor, parabéns! (Uibaí-BA).
Matéria bem posta, face a violência que impera em todos os estádios. (Salvador-BA).
MUITO OPORTUNO o tema dessa semana. A continuar do jeito que está os jogos serão 11×11 e ninguém para assistir. Afinal esporte é cultura, diversão, e não, essa violencia generalizada que estamos vendo a cada dia, sendo que, é uma noticia pior que a outra.
PARABÉNS, AMIGO, PELA EXCELENTE ABORDAGEM DO ASSUNTO! REALMENTE ESTÁ FALTANDO PROVIDÊNCIAS MAIS ENÉRGICAS, DE FORMA A BANIR DOS ESTÁDIOS ESSES BANDIDOS, QUE FORMAM A GRANDE MAIORIA DAS DITAS “ORGANIZADAS”. (RIO DE JANEIRO-RJ).
Infelizmente o ser humano as vezes não tem o bom senso e prática barbarudade, mesmo vivendo em uma época em que deveriam ter a sensibilidade de perceber que fomos feitos a imagem de Deus e jamais terem preconceito e discriminação principalmente no esporte. (Uibaí-BA).
Pura verdade Ir. Eu mesmo não tenho nem prazer de ver futebol pela TV, ante tanta bagunça comentada por você acima. Antigamente, até o rádio nos emprazerava em estar ligado ouvindo um jogo. Hoje em dia, “Deus ti atai”…como diz a malandragem…Abração! (Miguel Calmon-BA)