EDITORIAL ANO IX NÚMERO 339 – RACISMO: UMA INDIGNIDADE SEM FIM?

Essa imagem que ilustra o texto circula fartamente nas redes sociais e traz uma mensagem forte e emblemática, demonstrando que as cores externas da casca do ovo podem ser diferentes, mas, no seu interior a gema e a clara são sempre iguais.    No ser humano não é diferente. Não importa a cor, se branco, pardo ou negro, a formação interior, e os sentimentos e emoções, são literalmente iguais! Mas isso tem sido pouco ou nada considerado, pois atualmente isso acontece não só nos estádios de futebol, e é recorrente citar os fatos diários que temos visto pelos noticiários.

O episódio que envolveu o jogador brasileiro VINI JR, do clube Real Madrid, da Espanha, foi o ápice da intolerância racista que está visível na sociedade por toda parte. Não somente foi alvo, mais uma vez, da agressão verbal dos torcedores insanos nas arquibancadas, com xingamentos e agressões desumanas e de baixo nível, também os jogadores do Valência, o Clube que enfrentava o Real Madrid, ao invés de um gesto de elegância para acalmarem os torcedores e se solidarizarem com o seu companheiro de profissão, usaram de agressão física ao brasileiro, inclusive um deles aplicando o chamado golpe “Mata Leão”, visto na televisão por todo o mundo.

Aliás, o Juiz da partida que estava no entorno de toda a confusão, só enxergou o instante em que o brasileiro ao se livrar do golpe físico que lhe era aplicado, empurrou o adversário com o seu braço. E neste momento o Juiz viu e expulsou da partida o jogador brasileiro, vítima dos ataques, em mais uma visível prova de racismo e covardia, porque quis ficar bem com a torcida agressora. Em outras palavras, juiz covarde e tendencioso, é o mínimo que podemos considerar. Ainda bem que o Tribunal europeu da LA LIGA – entidade que organiza o campeonato -, imediatamente anulou a expulsão aplicada ao VINI JR e vai penalizar o árbitro com a suspensão por alguns jogos.

Ao longo da história os africanos eram produtos de comércio, para serem adquiridos, vendidos, arrendados, herdados. Eram como os outros bens de comércio. A história registra que nos séculos passados o Império Britânico foi alavancado com base no comércio da venda de negros capturados em Serra Leoa, na África. Isso tudo é vergonhoso para a humanidade? É mais que isso. Podemos dizer: é um simples atraso mental!

Visando justificar a existência da escravização, “os europeus começaram a formular teorias baseadas na suposição de que havia uma hierarquia das raças. Segundo essa tese, brancos estariam no topo dessa espécie de pirâmide, seguidos pelos asiáticos, indianos, indígenas e negros”. (Fonte: https://observatorioracialfutebol. com.br/). Outra aberração sem precedentes.

Embora a escravidão oficial tenha sido extinta com a declarada abolição, o noticiário diário está pleno de episódios revoltantes, vergonhosos e inaceitáveis de discriminação com a cor negra e os indígenas. Recentemente, no luxuoso bairro de São Conrado, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, ocorreu uma cena deplorável, em que uma madame branca não só agrediu verbalmente um entregador negro, como usou a correia do seu cão para aplicar chicotadas no corpo do rapaz, usando frase de que “você é um preto da favela, não tem de estar aqui”!

Num tema como este, impossível não lembrar do jovem mulato Castro Alves (1847-1871), o “Poeta da Abolição”, baiano de Muritiba, e o seu poema “Navio Negreiro”, onde demonstra que a sua visão do Brasil como um lugar de liberdade e do futuro é incompatível com a escravidão.

Inadmissível é que num país como o Brasil, em que o seu Rei Pelé era negro e venerado como profissional do futebol em todo o mundo, ainda ocorram, também, repetidos casos em que o preconceito racial está presente, com grande intensidade.

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.

 Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 28/05/2023