Torre de Belém em Lisboa, Portugal
Já afirmei em outra oportunidade, e em outro artigo, de que não existe governo corrupto enquanto está exercendo o poder. Durante o exercício do mandato é a santidade em pessoa, seja pelo interesse econômico-financeiro da imprensa, que nada enxerga de maldade, seja pela bajulação dos políticos, sempre atrás das verbas que salvam a pátria (deles!). Isso acontece com todos que exercem atribuições como gestores de verbas públicas.
Durante quatro anos de mandato, a própria oposição costuma fazer muitas acusações nos seus discursos, sempre pertinentes à política, mas, com cautela para não questionar a honestidade do governante. Assim que deixa o poder, as portas se abrem para as investigações – o Bolsonaro está vivenciando essa experiência -, e não escapa ninguém da antiga equipe, nem mesmo a ex-Primeira-Dama, ora objeto de denúncias pelo uso indevido de verbas. Durante oito anos do mandato anterior do Lula quem viu corrupção? Ninguém, porque muitos mamavam nas mesmas tetas!
Refletindo sobre esse cenário que insiste em macular a nossa história, recordei-me de um giro feito em Lisboa, em 2012, já decorridos 11 anos, e que foi objeto do primeiro artigo com esse título. Assim, optei por relembrar partes da matéria, para que os leitores se conscientizem de que tudo corresponde a “HERANÇAS DE UM PASSADO”.
“Imagino que seja uma emoção incomensurável para qualquer brasileiro ao pisar o solo português, e diante da contemplação da Torre de Belém relembrar que dali partiram as 13 embarcações da expedição de Pedro Álvares Cabral que, por acidente ou não, veio a descobrir essa terra maravilhosa e quase continental, que recebeu o nome de BRASIL. E como bom brasileiro senti agora essa emoção com grande intensidade ao revisitar este solo e ver o quanto está linda a cidade de Lisboa!
Não somente empolgou-me a organização urbana da Capital, com seus evidentes traços da civilização europeia e suas avenidas belíssimas, mas, sobretudo, a atenção no trato e a cortesia dos portugueses, como se houvesse uma espontânea e natural empatia com os brasileiros. Subitamente me pus a pensar: por que não há um entrelaçamento natural e mais intenso nas relações entre os dois povos, visto os laços profundos de afinidade histórica existente?
De todo esse universo de pensamentos e reflexões, resolvo comprar um jornal local (Diário de Notícias, Lisboa, sexta-feira, 27/04/12), com o fim de ampliar os meus conhecimentos quanto ao cotidiano da cidade de Lisboa, conhecer a cultura de sua gente e até mesmo identificar os seus problemas.
Para a minha grande surpresa deparo-me diante da manchete de primeira página: “Ex-chefe das secretas e presidente da Ongoing suspeitos de corrupção” (órgão do Estado). Logo, procurei confirmar se havia comprado um jornal português ou brasileiro, dado o tema tão familiar e que domina as páginas dos nossos jornais diários, para concluir que estava mesmo em Portugal e o jornal era português!
O outro lado da questão era descobrir se nesse contexto o Brasil era aluno ou professor, importador ou exportador dessa virose tão avassaladora que é a corrupção.
Da leitura do texto tomo conhecimento de que o modus operandi português é muito semelhante ao brasileiro, em que o tráfico de influência na esfera governamental envolvendo muito dinheiro em troca de cargos estratégicos resulta, como consequência, em contratos milionários que manipulam os recursos públicos, muito em evidência no Brasil.
Assim, concluo que, mesmo viajando em busca de novas experiências e enriquecimento cultural, não é possível distanciar-me de praga tão nefasta quanto destruidora, e que, parece, está institucionalizada nos princípios e costumes das nações, O fato confirma o adágio popular, no caso particular de Portugal e Brasil, de que se trata, infelizmente, de uma herança MALDITA que passa de pai para filho: A CORRUPÇÃO!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 21/05/2023
8 Comentários
Lendo o livro de Mário Sérgio Cortella – “Ética e Vergonha na Cara!” -, despertou-me a atenção quando ele aborda algo sobre o nosso comportamento no dia a dia e, por consequência, os dilemas éticos pelos quais passamos, relacionadas às possibilidades de escolhas e de opções, especialmente quando ele diz:
Ética não é cosmética!
É “reflexão prévia” que dá sustentação à resposta pessoal e livre para as três grandes questões que devem anteceder qualquer ação:
Quero?
Devo?
Posso?
Há coisas que quero, mas não devo; outras, devo, mas não posso; outras ainda, posso, mas não quero.
A decência está na escolha e no resultado. Por isso, por exemplo, não é a ocasião que faz o ladrão; esta apenas o revela, dado que a decisão de ser ladrão ou não é anterior à decisão.
Caro Agenor, boa tarde.
Sou um leitor assíduo e apreciador de suas crônicas, repletas de verdades sobre o cotidiano político do nosso país. Tenho grande admiração pela sua capacidade em expor essas mazelas. Sei, também, que o que você faz é fruto de muito trabalho, pesquisas e comprometimento em levar aos leitores, assuntos relevantes e importantes. Mesmo saindo de sua linha de relatos sobre a podridão da politicagem brasileira, você muitas vezes nos presenteou com outros artigos sobre o bucolismo do sertão e suas vivências pelas agências do nosso BB. (Goiânia-GO).
Boa crônica. A corrupção existe, amigo, se não em todos, mas na maioria dos governos. (Salvador-BA),
Parabéns!
Belíssima crônica! Colocando lado a lado, 2 países distantes um do outro apenas nos Km que os separam. Mas muito próximos ou juntos dos maus costumes de seus governantes. (Rio de Janeiro-RJ).
Meu caro Agenor. Parabéns pela crônica. Acontece que lá, como cá e em outros pontos do planeta, vive um tal de “Ser Humano” que costuma ser egoísta, ganancioso e vulnerável moralmente e que é, também, predador e compromete a própria sobrevivência com ações e medidas que contaminam o meio ambiente. Há exceções que, infelizmente, confirmam a regra. Fraternal abraço. (Brasília-DF).
Muito pertinente este artigo, agora sugiro buscar as origens dessas corrupções em outros países…rsrsrsr
Um Artigo pertinente, dentro da atualidade e cheio de verdades…!!! Quando isso vai melhorar? Alguém está vendo a humanidade melhorar? Então essa é a pergunta principal dentro da realidade vivida. INFELIZMENTE!
Parabenizo-lhe por mais esta crônica!
Desta feita, sem muito o que comentar, conquanto haja, nas entrelinhas, alguns pontos que mereceriam comentários, limito-me a aplaudir… Mas, não custa lembrar que o brasileiro é de uma inteligência fértil e absorve muito bem os ensinamentos, que passa de aluno a professor, de importador para exportador e de imitador a imitado. Porém, tais predicativos e aptidões são direcionados, exclusivamente, para o abuso de poder e para o locupletamento por meio da corrupção.