O desfecho eleitoral das eleições do último dia 2 de outubro não culminou com resultado diferente do que era esperado para Presidente da República, exceto quanto à insistência ilusória das agências de pesquisas em indicar que o Lula venceria no 1º. Turno com uma diferença substancial e isso não aconteceu. Igualmente, na disputa para o governo do Estado da Bahia, entre ACM Neto e Jerônimo, este se apresentava em 2º. lugar, o tempo todo da campanha, e o resultado se apresentou totalmente invertido. Em outras palavras como se diz no popular: “deu ruim…”
No caso particular da Bahia, pecou o ACM Neto pela falta de habilidade dos seus Assessores, visto que a equipe cometeu inúmeros erros de estratégia política, entre as quais se destacam: a) Ele não comparecer a debates e sofrer a acusação de covardia; b) Claro excesso de otimismo, embarcando no “já ganhou no 1º. Turno” das pesquisas enganosas; c) Deixar de escolher um nome para Presidente, para optar pelo “tanto faz”, explorado negativamente na campanha; d) Estúpida alegação dele ter a cor parda, querendo enganar a quem?
Uma percepção visível no resultado para Presidente, foi a firme presença do chamado “voto útil”, em que a inexistência de uma Terceira Via competitiva e o eleitor vendo a pouca chance do seu candidato dentro da disputa, derivou o seu voto na última hora para um dos dois cabeças da disputa, como uma autodefesa, ainda que sem qualquer paixão, mas seguindo a postura da melhor conveniência política para o seu Estado ou o País.
Esse gesto, ainda que para alguns radicais pode ser entendido como “traição”, pelo fato desse eleitor ter se manifestado antes por outro nome entre os concorrentes – o que é uma acusação preconceituosa -, é o exercício da plena liberdade de escolha do seu governante até no último minuto antes de apertar a tecla. Ou ainda, como se diz, existe gosto para tudo!
Outro detalhe que agitou o cenário político nos primeiros dias desta semana, pós eleições, foi marcado pela grande tensão e expectativa quanto ao rumo das adesões de apoio por parte dos perdedores, uma vez que para esses personagens as carreiras políticas futuras serão definidas conforme a tendência ou direção assumida por cada qual. O amplo conjunto de estratégias que integra o processo está repleto de manhas e artimanhas as mais impensáveis possíveis.
Uma decisão que não surpreendeu a ninguém, foi aquela assumida pelo MDB de Simone Tebet, que liberou todos os Diretórios nos Estados a decidirem, independentemente, qual o candidato apoiar no 2º. Turno. A cômoda e confortável decisão deixa o Partido à vontade para bandear no sentido do vencedor, o que, historicamente, confirma a fama de sempre ficar em cima do muro, porque a tendência e orientação é estar junto ao Poder. Essa é uma simples reflexão, porque não me cabe julgar as decisões do Partido, nem da candidata Simone Tebet, por mais esdrúxulas que tenham sido. Mas, o arrependimento existe para os arrependidos!
Estamos a poucos dias de se conhecer o novo Presidente, o que já acontecerá no mesmo dia do 2º. Turno, graças à qualidade do nosso sistema eletrônico, único no mundo. Nos EUA, potência mundial, o sistema eleitoral ainda mantém a votação por cédulas e a apuração é aquela histórica contagem manual que leva semanas, e nem por isso deixou de existir o processo acusatório de fraude eleitoral na eleição do Presidente Biden! Aqui entre nós a justificativa fundamental para possível derrota, persiste na tese obsessiva de que haverá fraude! Choradeira inconsistente!
No próximo dia 30, não mais haverá para os concorrentes a ajuda do VOTO ÚTIL. A opção do eleitor agora é única por um dos dois candidatos, e a eles cabe a obrigação de ter a dignidade de respeitar a decisão democrática do povo brasileiro. Que a democracia aconteça e a civilidade prevaleça. E que a pergunta que se faz na ilustração possa representar muito para todos nós.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 09/10/2022
9 Comentários
Voto útil, ideológico, ponderado ou envergonhado, mostra que o principal desafio dos institutos de pesquisas para o segundo turno será o de avaliar de onde veio esses votos escondidos. Fica cada vez mais claro e evidente que pesquisa não é prognóstico. Muito embora os números que as pesquisas davam em relação a quem despontava na frente não estavam equivocados. Apenas deixam claro que subestimaram aqueles que se mantinham como segunda opção. No próximo dia 30, apenas com dois postulantes ao cargo majoritário em cada contexto, o pêndulo ou o fiel da balança irão mostrar tais diferenças através do voto de cada eleitor.
Muito bem, foi a realidade que aconteceu na Bahia. Você resumiu bem o comportamento de ACM. (Salvador-BA).
Uma crítica da realidade do momento. Esperamos que ao final todos sejam uteis para o bem do país e consequentemente de todos nós!!!
Seja o que Deus quiser. (Rio de Janeiro-RJ).
Muito boa, retrata o fiel retrato da eleição. Parabéns. (Salvador-BA).
Muito bom o texto! Parabéns, meu amigo. (Salvador-BA).
E lembrem-se, a voz do povo é a voz de Deus, ou seja, o voto do povo, sendo portanto a maioria, sem sombra de dúvida, será a vontade determinada pela vontade do Todo Poderoso, obviamente estabelecido pelo sistema eletrônico, único legalmente reconhecido que aliás, elegeu senadores, deputados federais e governadores. (Brasília -DF)
Como sempre, sábia percepção do novo cenário político, parabéns. (Uauá-BA).
Como sempre, sábia percepção do novo cenário político, parabéns. (Uauá-BA).
WILSON BARBOSA
Já se tornou lugar comum dizer que suas crônicas são oportunas e atuais, porque o são. Também, é praxe me permitir fazer alguns comentários, como o seguinte.
No caso da “d) Estúpida alegação dele ter a cor parda” não apenas o ACM Neto, mas todos os políticos têm a rara propriedade do mimetismo, pra não dizer de mau-caratismo, esta não tão rara. Quanto à decisão “da candidata Simone Tebet, por mais esdrúxulas que tenham sido”, vale aqui, trazer a letra do samba de Martinho da Vila:
“Balaio de Gato e de Rato” https://www.youtube.com/watch?v=ITPsKuwXbd4
Martinho da Vila
É José
Esta vida é um barato
Agora o gato e o rato
Estão comendo no mesmo prato
O gato dá queijo pro rato
O rato dá peixe pro gato
Antigamente o gato
Com o rato não se dava
Onde estava o gato
O rato nunca ficava
Hoje os dois vivem juntos
Afanam de parceria
A dupla está formada
Um rouba e o outro vigia
É por isto
Que a nossa despensa anda vazia
Sempre tivemos ratos
Pra fazer a gente de gato e sapato
Roíam, roubavam, fugiam
Com medo do pulo do gato
Não entravam no balaio
Se escondiam num buraco
Mas agora balaio de gato
É balaio de gato e rato
Infelizmente, nossos políticos não têm ideologia política, têm ambição na adesão àquele que lhe oferece maior serventia, ou seja, “quem dá mais”. Acredito que para que “a civilidade prevaleça”, é necessário que os candidatos, em vez de se engalfinharem, jogando os “podres” ao vento, deveriam apresentar propostas reais e factíveis.
Quanto ao “VOTO ÚTIL”, “A opção do eleitor agora é única por um dos dois candidatos” está ligada, umbilicalmente, à precariedade das condições de sobrevivência, à falta de alimento no prato…
– Dê-me 100 tijolos, ou uma cesta básica…- e eu voto no Senhor em seu candidato. Repito: Não sou pessimista, sou realista. (Maceió-AL).