Há muitas variáveis que complementam o ditado popular: “o mundo dá muitas voltas…” São máximas filosóficas de todo tipo e que arrematam com um tipo de consequência para todos esses giros tanto na vida das pessoas, como na complexidade dos problemas do mundo real: político, econômico e social. Dentre os muitos adendos finais ao ditado, optaria por esse: “…e nessas reviravoltas, nós devemos fechar a porta para o passado não mais voltar”.
E por falar em passado, são muitas as reflexões que vêm à mente, razão por que resolvi me reportar ao material contido no artigo de 27/01/2013, nove anos atrás, sob o título CAMINHOS E DESCAMINHOS DO DINHEIRO PÚBLICO, no sentido de ter uma percepção se algo efetivamente hoje se modificou, ou o passado continua vivo e ativo:
“Tenho certeza de que o ufanismo que domina os corações dos brasileiros, e que enche de otimismo, confiança e novas esperanças cada cidadão quanto ao futuro deste nosso país no conjunto das nações, de repente é novamente atingido por vergonhosas e desalentadoras notícias de novos fatos ligados aos históricos desvios de verbas públicas.
Esse mórbido comportamento que está impregnado na alma da grande maioria dos Gestores do dinheiro público, seja nos Governos Municipais, Estadual ou Federal, Ministérios, Congresso Nacional, ou mesmo em Departamentos e Instituições Públicas afins, tem o poder não somente de ferir no cerne da dignidade das pessoas de bem, como o de macular de forma covarde a nossa imagem como povo, no exterior. Dias atrás li um comentário de que um dos motivos da evasão de novos investimentos no Brasil era o elevado índice de corrupção existente no país, pelo que pode representar de desestabilização, também, na área político-institucional.
Em 2011 o Brasil assistiu estarrecido à tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, quando quase 1.000 pessoas perderam as vidas e outro tanto ficou desabrigado. Prontamente o Governo Federal marcou presença e liberou recursos não somente para amparar os desabrigados como para a realização de obras gerais de infraestrutura e proteção de encostas, visando prevenir a população de novos episódios. Mas, pasmem! Grande parte das verbas foi vergonhosamente surrupiada, as obras não foram executadas e a tragédia voltou a se repetir este ano!” Inacreditável, não é? Mas, esse é o nosso Brasil e, não se surpreendam, nos quatro cantos do país tem histórias piores e igualmente deploráveis…”
No interregno desse tempo focado no texto citado, o Brasil descobriu o quanto de DESCAMINHOS havia na gestão do dinheiro público, não pelo “disse me disse dos jornais”, mas por ter ouvido de viva voz dos próprios investigados e condenados pela Operação Lava-Jato, os altos Executivos das principais empresas nacionais e políticos e governantes da maior representatividade no país. Interessante é que os questionadores da Operação, inclusive nos Tribunais Superiores, desmoralizaram o processo investigativo que, finalmente, sumiu e sucumbiu em 2021, e ninguém fala mais disso.
Esses fatos nebulosos fazem com que o país dê alguns passos à frente e outros tantos para trás, como se uma nuvem negra insistisse em ofuscar o sol do desenvolvimento e da redenção social, que tenta brilhar, teimosamente, sobre este Brasil varonil! E o DINHEIRO PÚBLICO segue na sua triste e vergonhosa trajetória por inaceitáveis CAMINHOS E DESCAMINHOS… E ainda que o mundo continue dando muitas voltas, o importante é que “devemos fechar a porta para o passado não mais voltar”!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/07/2022
7 Comentários
Compartilho do seu correto desabafo. Mas confesso que há muito não tenho mais esperanças no futuro desse anacrônico e sempre espoliado país. (Brasília-DF).
Excelente! Meus parabéns. (Salvador-BA).
Excelente reflexão Agenor, e os políticos só olham pra o próprio umbigo se lixando com o povo. Os brasileiros que estarão recebendo esse auxilio eleitoreiro farão o que depois de 31 de dezembro? (Maracás-BA).
Excelente. Triste realidade. (Salvador-BA).
Muito bom! Verdade meu amigo. (Rio de Janeiro-RJ).
Excelente matéria!!!!
A verdade é que não há vontade dos políticos para solução desse problema (DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO), tendo em vista que são eles que o patrocinam e se locupletam com esse desvio.
Se houvesse respeito à nação, o caso Geddel não ficaria impune e esquecido; o caso do ex-assessor do Presidente Temer levando dinheiro na mala não ficaria impune e esquecido; o caso do senador Chico Rodrigues carregando dinheiro na cueca, não ficaria impune e esquecido; o caso das “rachadinhas” não ficaria impune e esquecido; o caso Zelotes envolvendo o filho do Lula, não ficaria impune e esquecido; o caso Lunus envolvendo Roseana Sarney não ficaria impune e esquecido; os casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula, não ficariam impunes e esquecidos; os casos do MENSALÃO e MENSALINHO não ficariam impunes; e por aí vai… Ao contrário, se um simples cidadão deixar de recolher impostos, mesmo em pequena monta, porque não tem condições financeiras de o fazer, seus bens são confiscados e levados a leilão. Aliás, eclode aos quatro ventos a exorbitância de impostos sonegados por políticos e por suas empresas, entretanto, a Justiça, além de cega, faz-se surda…
Infelizmente, a corrupção, também, com desvio de dinheiro público, é uma praga institucionalizada. Só falta ser editada, votada e aprovada uma PEC legalizando esses desmandos, além do desvio oficializado pelo FUNDO PARTIDÁRIO.
Tomara que não aconteça, mas estamos caminhando para um estágio em que “ser brasileiro” é motivo de vergonha perante o mundo.