Não há dúvida ou discussão sobre como o ano de 2021 foi um caldeirão de experiências marcantes, com uma avalanche de aprendizados para todos acerca de revisão sobre segurança pessoal e sensibilização da fragilidade da vida.
Para o segmento da indústria de seguros, seja para os corretores, seguradores, segurados, entidades representativas do mercado ou Órgãos reguladores e normatizadores, estas lições também se aplicam.
Paradigmas de garantias de coberturas de seguros foram revistos e flexibilizados.
Metodologias de vendas foram reestudadas e modificadas.
Burocracias foram analisadas e modernizadas ao limite, propiciando mais praticidade, velocidade e conforto, mantendo o máximo de segurança em seu desenvolvimento.
O processo de flexibilização levado a cargo pela SUSEP, oferecendo abertura às Seguradoras para desenvolvimento de produtos, abriu a oportunidade para a exploração de outros nichos de mercado, carregando por consequência natural a aplicação de outros e novos canais de vendas.
Todo esse ambiente tem propiciado maior competição entre as Seguradoras, bem como o surgimento de diversos novos players com destaque para as Insurtechs. Abriu-se inclusive o mercado para a entrada de novos investidores, gerando também novas oportunidades de empregos. Não nos esqueçamos dos novos entrantes no universo dos segurados, atraídos por novos produtos e que antes não eram alcançados pelos tradicionais contratos de seguros.
Mais uma faceta deste ambiente, com a qual os segurados ainda estão aprendendo a conviver e entender até onde se estende sua influência e poder pessoal é o Open Insurance.
Basicamente um conjunto de regras e ações projetadas para oferecer maior abertura ao mercado de seguros, envolvendo a promoção da segurança de dados, variedade de ofertas, redução de preços e incentivo à inovação de produtos ofertados, num conjunto de intenções que implica em transparência e inclusão financeira, pois os produtos se tornam mais flexíveis e adaptados à situação dos clientes.
Sendo o consumidor dono das suas informações, ao prospectar a contratação de seguros, decide se seus dados poderão ser compartilhados entre empresas, de forma a eventualmente receber melhores propostas adequadas às suas necessidades.
No bojo destas novas nuances, impõe-se também a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.
Dados pessoais coletados nos procedimentos de cotação são basilares para que se efetuem os cálculos das propostas, emissões de apólices, pagamentos de comissões, e tantas outras rotinas administrativas, fazendo com que tais informações sejam ora controladas, ora operadas. A Lei determina que se garanta comunicação clara com os clientes para assegurar compreensão das finalidades e uso desses dados coletados, exigindo mapeamento dos processos e gestão de risco de proteção de dados, incluindo planos de contingência no caso de eventuais vazamentos de informação.
Todas essas novas informações e realidades afetam o mercado e exigem dos corretores e seguradores entender quem é esse novo consumidor e o que ele espera do mercado.
De outro lado, o COVID19 e a pandemia provocada por isto exacerbou a tendência de digitalização, principalmente nas seguradoras, trazendo paralelamente novidades em termos de produtos que incorporaram acesso digital, agilidade e simplificação na contratação.
Além dos avanços de comercialização por conta disto, considere-se por exemplo o desenvolvimento havido nos procedimentos à distância/virtuais como a avaliação prévia digital de saúde para seguros de Vida, ações para atendimento ao cliente abrangendo processos de sinistro digitalizados, serviços assistenciais 24 horas e, vistoria Prévia/inspeção de riscos de forma virtual.
Nessa mesma linha de modernização, há ainda a tendência da conectividade, que envolve aparelhos que efetuam leituras corporais e até mesmo eletrodomésticos capazes de sinalizar vazamento de gás ou alertar para riscos de incêndios, assim como veículos autônomos, inclusive com o surgimento de novos mercados, como por exemplo o de riscos cibernéticos, tudo isto impactando o ambiente de riscos e levando o mercado de seguros a acompanhar esta evolução, gerando efeitos tanto seus clausulados quando os prêmios dos seguros.
Um outro exemplo disto foi o receio do ambiente de intermediação de comercialização de seguros, no qual a transição de adaptação para o modelo virtual despertou receio a princípio, no sentido de que o relacionamento se tornaria deteriorado. Efetivamente isto não aconteceu, havendo inclusive rápida adaptação tanto dos players quanto dos clientes. Ficou, na verdade, a evidente importância do desenvolvimento de plataformas adaptadas para novos modelos de distribuição de produtos, bem como a de levar ao consumidor de forma mais ampla e simples a cultura do seguro de forma a engajá-lo de maneira mais profunda nas vantagens da proteção que este instrumento pode oferecer.
Toda essa movimentação mostrou seu reflexo no mercado de seguro.
Segundo dados da FenaPrevi divulgados em novembro, o resultado acumulado de prêmios diretos entre janeiro a setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, apontou crescimento de 13,68% nos prêmios de Coberturas de Pessoas – Planos de Risco com total de R$ 33,24 bilhões, sendo 45% na carteira de Vida, 31% para Prestamista, 14% para Acidentes Pessoais e 10% para os demais ramos do segmento. Os sinistros acumulados para o mesmo período foram de R$ 14,22 bilhões, distribuídos em 62% para Vida, 22% para Prestamista, 8% para Acidentes Pessoais e 8% para os demais ramos do segmento.
Chama a atenção a crescente demanda por apólices de seguro de Vida, notadamente pelas pessoas até a faixa dos 40 anos segundo dados de uma das seguradoras líderes nesse setor, registrando 47% de suas vendas no produto para esse intervalo etário.
Outras empresas do segmento também constataram o interesse cada vez maior dos jovens por esse tipo de proteção em comparação a 2020.
Conforme dados da FenSeg, no acumulado entre janeiro e setembro de 2021 os prêmios diretos do mercado (sem DPVAT) registram R$ 65,87 bilhões, com elevação de 15,1% em relação ao ano passado (até o momento). Vale registrar que a evolução entre 2019 e 2020 foi de 6,0%., demonstrando a força de crescimento do mercado.
Os consumidores, além de continuarem ligados aos modelos tradicionais de comercialização, também estão abertos ao seguro digital e online e ambos os ambientes podem conviver harmoniosamente.
A tendência é continuarmos melhorando o que existe, criarmos novos contratos de seguros e disponibilizarmos serviços que venham a atender as necessidades dos consumidores, sejam elas evoluídas ou novas, com uso racional e humanizado da tecnologia, permitindo acesso abrangente a todas as vantagens que o seguro tem a oferecer, sempre para o benefício da sociedade.
Fonte e Texto: Dilmo Bantim Moreira – Conselheiro do CVG/SP, administrador pós-graduado em Gestão de Seguros e Previdência Privada, atuário MIBA, membro das Comissões de Produtos de Risco da FenaPrevi e de Seguro Habitacional da FenSeg, docente em Seguros de Pessoas, Previdência Complementar, Saúde, Capitalização, Atendimento ao Público e colunista em mídias de seguros.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 30/12/2021